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      Histórias do Futebol
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      Dadá Maravilha e Gerd Müller: a filosofia do gol

      Texto por Eduardo Massa
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      Gehard Müller e Dario José dos Santos nasceram há quase 10 mil quilômetros de distância um do outro, com poucos meses de diferença, e certamente pouco sabiam um do outro, apesar de terem estado juntos em 1970 no México. No entanto, na vida e no jogo, a dupla tem semelhanças impressionantes, e deixou um legado: a filosofia do gol.

      "O Bombardeiro da Nação" Gerd Müller será eternamente lembrado como um dos mais prolíficos goleadores da história, assim como o "Beija-Flor" Dadá Maravilha. Nenhum dos dois parecia destinado a glória. Nenhum dos dois desfilou com graça e elegância pelos gramados. Os dois viveram suas carreiras unidos por uma missão única: balançar as redes adversárias. Um talento inato que transformou a vida de ambos.

      Os gols como resposta à pobreza

      Nascido em novembro de 1945 na Alemanha, Gerd Müller não tinha como escapar das agruras do pós-guerra. Quinto filho de uma humilde família da pequena Nördlingen, Müller, como outros de sua geração, vivia uma época em que a maior ambição era ter um emprego honroso e um futuro digno, em que a sobrevivência por si só era uma grande realização.

      O destino não parecia reservar a Gerd Müller maiores glórias, nem mesmo quando começou a dar seus primeiros chutes, com o que fosse possível improvisar como bola. Mesmo quando seus amigos o convenceram a jogar nas categorias de base do modesto TSV Nördlingen, poucos apostariam no seu sucesso. O jeito tímido e desengonçado, as chuteiras gastas e a total falta de graça, com um físico atarracado, desencorajavam qualquer um a imaginar que estavam de frente para alguém que se tornaria uma lenda do futebol.

      Nascido quatro meses depois no Rio de Janeiro, Dario teria uma vida ainda mais dura. Além da infância pobre, uma tragédia difícil de superar o marcou, com o suicídio de sua mãe quando tinha apenas cinco anos, ateando fogo em seu próprio corpo. Criado em um orfanato, virou-se para o crime e "com o dinheiro de assalto", comprou uma bola.

      Assim como Müller, Dario não parecia ter nenhuma qualidade excepcional. O próprio se descrevia como "muito ruim" e foi rejeitado em diversas peneiras. Começou a carreira no Campo Grande para driblar a fome. Como Müller, encontrou nas redes adversárias um propósito para a vida.

      A filosofia dos gols

      "Não existe gol feio, feio é não fazer gol". A máxima de Dadá serve também a Gerd Müller. O alemão, aliás, tem sua própria frase de efeito para definir sua missão: "Um gol é um gol, o que importa é passar a linha".

      Dadá virou Maravilha no Atlético Mineiro. Ídolo por seus gols no Galo, marcados de qualquer forma, com qualquer parte do corpo. Sua eficácia no jogo aéreo rendeu outra de suas frases de efeito - "apenas três coisas param no ar, o Beija-Flor, o Helicóptero e Dadá Maravilha".

      Gerd virou o "Bombardeiro" no Bayern de Munique. Chamado de "Gordinho" no início da carreira, o atarracado e desengonçado atacante se transformou no maior artilheiro da história da Bundesliga e, por muito tempo, das Copas. Assim como Dadá, seus gols saíam de qualquer forma, e, embora não fosse alto como o brasileiro, era excelente também no jogo aéreo.

      Na Copa de 70, Gerd foi artilheiro com 10 gols, mas foi o reserva Dadá quem comemorou o título de campeão mundial. Quatro anos depois seria a vez do alemão alcançar o topo do mundo. Gerd e Dadá provaram ao mundo que não é preciso elegância ou graça: balançar as redes, por si só, é o ápice do futebol. A dupla disseminou pelo globo a "filosofia do gol".

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