O Estádio Vasco da Gama, conhecido como São Januário, foi, durante muito tempo, o maior e mais moderno estádio da América Latina. Com muitas décadas de história, e momentos marcantes não só no futebol, como também na política brasileira, o estádio é um patrimônio nacional. O orgulho é maior para os vascaínos pelo fato de a construção só ter sido possível pela força da torcida.
Em tempos de obras superfaturadas e dinheiro público financiando estádios próprios, lá no início da década de 1920 do século passado, o Vasco deu um exemplo diferente. Para construir seu estádio, usou a força de sua torcida, que já era grande para a época.
Superando diversos preconceitos por não fazer parte da elite social que o futebol impunha nos primórdios, o Vasco, que já havia batido o pé para ter negros em sua equipe, mostrou convicção também para ter sua casa própria. Enquanto os maiores clubes da cidade jogavam na Zona Sul, o Cruz-Maltino honrou a classe operária ao comprar o terreno da Chacrinha do Imperador, perto da Quinta da Boavista, Zona Norte da cidade.
Para comprar o terreno e iniciar a construção do estádio, o projeto foi tão audacioso quanto a meta de construir o maior estádio do continente: usar o dinheiro dos torcedores. Os representantes vascaínos se revezavam em visitas a comerciantes locais em busca de ajuda para financiar o projeto. Todas as contribuições eram aceitas.
O clube lançou, também, um projeto de sócios no qual almejava vender dez mil títulos de sócios. A busca por fundos foi um sucesso e o estádio foi construído entre junho de 1926 a abril de 1927. A inauguração foi no dia 21 de abril, com a presença do presidente da República na época, Washington Luiz.
Quase um século depois, o Vasco usou como exemplo a construção de seu estádio, das mãos dos torcedores, para lançar o projeto para a construção de seu Centro de Treinamentos, feito também com a ajuda financeira de sua torcida.