A atuação decisiva de Sèrge Gnabry contra o Chelsea não chegou a ser surpreendente: o ponta alemão vive grande fase no Bayern de Munique. Tratado como um jogador promissor desde seus tempos de Arsenal, Gnabry parece finalmente ter se consolidado em alto nível na temporada 2019/20, o que tem sido fundamental para o clube bávaro, e ao mesmo tempo um problema para Philippe Coutinho.
A evolução de Sérge Gnabry é evidente, e os números apenas comprovam isto. Mesmo em um ano em que sofreu com problemas físicos, como um incômodo no tendão de Aquiles que costuma ser limitador, o ponta já anotou 17 gols em 2019/20, superando a sua melhor marca anterior, de 13 gols, da temporada passada, quando já deu sinais de amadurecimento em seu futebol.
A notícia é particularmente boa para o Bayern de Munique por conta do vácuo deixado pelo fim da vitoriosa "Era Robben-Ribéry". Substituir os ídolos à altura se tornou em um desafio para a diretoria do clube alemão, que depositava grandes esperanças em um acerto com Leroy Sané no início da temporada. O ponta do Manchester City acabou por sofrer grave lesão antes de ir à frente nas negociações com os bávaros. Gnabry simplesmente não parecia pronto para ocupar esse lugar.
Criado como uma das grandes promessas de sua geração na Alemanha, Gnabry se mudou para o Arsenal ainda na base, e sua trajetória na Inglaterra foi decepcionante, com passagem apagada também pelo West Bromwich. O retorno à Alemanha fez bem a Gnabry, com boas atuações por Werder Bremen e TSG Hoffenheim, mas ainda havia certa desconfiança sobre a sua capacidade para atender as demandas no gigante bávaro.
A situação mudou ao longo da temporada 2019/20, e a forma recente de Gnabry é especial: foram oito gols nas últimas 10 partidas do Bayern. E o meia ainda entrou apenas nos minutos finais de três destes jogos, atuando por 90 minutos apenas em três deles (muito por conta da preocupação por sua recuperação física).
As atuações na Liga dos Campeões nesta temporada renderam a Gnabry o apelido de "Rei de Londres". Foram quatro gols contra o Tottenham além dos dois contra o Chelsea, seus ex-rivais dos tempos de Arsenal.
A ascensão de Gnabry contrasta com o declínio de Philippe Coutinho. Depois de forçar sua saída do Liverpool para o Barcelona, o brasileiro teve mais baixos do que altos, com esporádicos lampejos de genialidade. O último deles na goleada por 6 a 1 sobre o Werder Bremen, em dezembro, quando anotou três gols e distribuiu duas assistências. Desde então, Coutinho não marcou gols e voltou a ser reserva. Emprestado pelo Barça, Coutinho tem o valor de transferência fixado em 120 milhões de euros, e dificilmente seguirá no Bayern para o próximo ano.
Gnabry tem apenas 24 anos e o Bayern apostava na evolução natural do jovem ponta. Pode-se dizer que a adaptação de Thomas Müller, de 30 anos, é mais surpreendente. Conhecido pelos gols, o alemão se transformou em um eficiente assistente para Robert Lewandowski.
Müller, que chegou ao auge como goleador em 2015/16, com 32 tentos em 49 partidas pelo Bayern, é agora o principal "garçom" do elenco bávaro. Na Bundesliga já foram 14 passes para gol, o que faz o atacante liderar a estatística ao lado de Jadon Sancho, sensação inglesa do Borussia Dortmund.
Com Müller e Gnabry em grande fase, e Robert Lewandowski implacável como sempre de frente para o gol, o Bayern retomou a liderança na Bundesliga e assumiu mais uma vez o seu papel entre os favoritos também na Liga dos Campeões.
0-3 | ||
Sèrge Gnabry 51' 54' Robert Lewandowski 76' |