Formar jovens talentos para exportação é a realidade que conhecemos no Brasil. É impossível competir com o poderio financeiro do futebol europeu, ainda mais em tempos de crise. Mas não é apenas aqui que sentimos o efeito da desigualdade no futebol globalizado. Mesmo a Alemanha, uma das ligas mais poderosas e ricas do mundo, sofre com o problema.
Em tom de alerta, e com um toque de resignação, o diretor executivo do Bayer Leverkusen, Fernando Carro, reclamou da dificuldade para competir financeiramente com a Premier League. Para o dirigente, o futebol alemão se tornou apenas passagem e desenvolvimento para servir aos ingleses.
"Nós tentamos comprar um jogador na última janela e, no fim, um time recém-promovido da Premier League foi capaz de oferecer mais dinheiro e um salário mais alto que nós, que estamos no top-4 da Alemanha", lamentou Carro, em entrevista ao Guardian.
"A Premier League tem mais dinheiro e recursos que qualquer outro país. Isso não é bom para nós. Claro que não", completou.
Terceiro colocado na Bundesliga, o Leverkusen se viu forçado a vender alguns de seus destaques para a Inglaterra nos últimos anos. Foi o caso, por exemplo, de Havertz, decisivo no título da Liga dos Campeões do Chelsea.
"Os contratos de TV são os que temos agora. Seria difícil melhorar eles. Então a maior mudança de renda pode vir com o sucesso nas competições da Europa. A única outra forma é com transferências", explicou.
"No fim você pode fazer dinheiro com transferências. Os clubes da Inglaterra pagam, nós pegamos o dinheiro, mas isso significa que toda a Bundesliga é como uma liga de desenvolvimento para a Premier League", disparou.
"Mesmo o Borussia Dortmund tem de vender para a Premier League. O único clube que consegue competir no momento na Bundesliga é o Bayern de Munique", resumiu.