Siga oGol no facebook
bet365
Rafael Lacerda

Lacerda nega proposta do Grêmio, repassa sucesso no Caxias e reflete sobre 'escola gaúcha'

E0

Nas duas últimas temporadas o Caxias tentou ser a pedra no sapato do Grêmio no Campeonato Gaúcho, chegando, até, a vencer três jogos em um mesmo campeonato. O técnico Rafael Lacerda tem sua parcela de responsabilidade disso. Em entrevista para a reportagem de oGol, Lacerda repassou sua trajetória pelo Grená, refletiu sobre a escola gaúcha de técnicos e negou que tenha recebido uma proposta para comandar o time sub-23 do Tricolor.

Recentemente, Lacerda foi especulado para assumir a equipe sub-23 do Grêmio, mas falou que nunca existiu conversas nesse sentido, até por respeito ao Caxias, clube com o qual tinha contrato vigente. 

"Não teve nenhuma conversa entre eu ou meu representante e a diretoria do Grêmio. Uma notícia que foi publicada, mas não é verdade. Eu tinha contrato com o Caxias e nunca iria negociar com outra equipe. O Grêmio é um grande clube, um clube que, quem sabe, futuramente, a gente possa estar trabalhando, mas de fato não tem essa negociação", garantiu. 

Até o momento, o Tricolor só aparece na carreira de Lacerda como rival. Pelo Caxias, foram sete encontros, com três vitórias para cada lado e um empate. O Grená foi vice-campeão e semifinalista do Gaúcho com Lacerda, sempre enfrentando o Grêmio nos momentos decisivos. 

"A gente conseguiu resgatar o orgulho do torcedor, principalmente no Gaúcho de 2020, onde a gente conquistou o primeiro turno. Depois o vice-campeonato gaúcho em um campeonato que a gente jogou quatro vezes contra o Grêmio, e ganhou três. Poucos clubes no Brasil fazem isso, e o Caxias, um clube do interior com investimento inferior, conseguiu fazer", ressaltou. 

Lacerda destacou ainda a "liderança" da escola gaúcha de treinadores, que ganhou destaque no futebol brasileiro pela organização tática dos times, encarada inicialmente como "retranca" pelos adversários e pelas críticas. 

"Por muito tempo, a gente escutava que os clubes gaúchos eram clubes que jogavam muito retrancados. E na verdade não era isso, na verdade o tempo mostrou que eram times organizados. Pela escola, pela característica do futebol gaúcho, de ter uma organização defensiva muito boa, passava uma imagem que eram times retrancados, eram clubes organizados, com defesas muito sólidas. Com o tempo, isso foi uma coisa que o Brasil começou a perceber que essa escola de ter uma defesa muito sólida não era só retranca, era sim organização, muito trabalho. A partir daí, sim, começou a se dar destaque aos treinadores gaúchos", refletiu. 

Após deixar o Caxias com o fim do último Gaúcho, Rafael Lacerda aguarda um novo desafio na carreira. O treinador garante já ter recebido ofertas de clubes das Séries B e C, mas nada foi firmado até o momento. 

"A gente já esteve bem perto de fechar com um clube da Série B, já conversamos com um clube da Série C também. Mas até o momento, não fechamos nada ainda, estamos tendo bastante cuidado com esse próximo passo. Acredito que tudo vira no tempo certo, um clube com uma boa estrutura para podermos fazer um grande trabalho", comentou.

Confira a entrevista completa: 

oGol: Lacerda, você encerrou a carreira de jogador após o fim da Copa FGF de 2018 e, logo no ano seguinte, assumiu o Caxias. Você já se preparava para essa transição mesmo enquanto ainda jogava? 

Desde 2016 eu já estava totalmente voltado para essa situação de parar de jogar futebol e ir para a área técnica. Não conseguia conciliar isso com cursos e estudos porque continuava jogando, mudando de clube e cidade. Mas minha cabeça estava completamente voltada para esse lado. Em 2018, enquanto estava no Aimoré, recebi o convite do Caxias para virar auxiliar técnico. Assim que pendurei as chuteiras, comecei como auxiliar técnico. Nos últimos anos da carreira, eu já estava com a cabeça voltada para essa nova área. Durante toda minha carreira, eu sempre fui um cara que trocou muita ideia com os treinadores. Quando chegou na reta final da carreira, isso ficou ainda mais forte. Cada vez que eu pegava um treinador que eu tinha mais liberdade de conversar, essa minha vontade de trabalhar na comissão técnica só aumentou. 

Aí passando para Caxias, como foi o caminho até assumir o comando técnico de fato da equipe?

Fui contratado para ser auxiliar da casa, o Caxias estava acertado com o Pingo para ser o treinador no Gaúcho de 2019. Comecei a trabalhar com o Pingo, um cara que me ajudou muito. Não só ele, mas também o Bandoch, auxiliar, e também o Jeferson, que depois virou meu auxiliar. A gente trabalhou o Gaúcho de 2019 com o Pingo, depois Série D. Depois veio o Paulo Henrique Marques,que foi um treinador que trabalhei como atleta. Passei a ser auxiliar direto dele. Depois da Série D, o clube participou da Copa FGF. O clube decide pela minha efetivação, eu aceito e assumo o comando do time em julho de 2019. A gente chegou até a semifinal da Copa e depois fui efetivado para 2020. 

Em todo seu tempo no Caxias, vocês conseguiram incomodar os grandes do Estado, principalmente o Grêmio. Foram campanhas bem marcantes para o time, né? 

A nossa trajetória nesses dois anos praticamente no Caxias foi muito positiva. A gente conseguiu resgatar o orgulho do torcedor, principalmente no Gaúcho de 2020, onde a gente conquistou o primeiro turno. Depois o vice-campeonato gaúcho em um campeonato que a gente jogou quatro vezes contra o Grêmio, e ganhou três. Poucos clubes no Brasil fazem isso, e o Caxias, um clube do interior com investimento inferior, conseguiu fazer. Claro que uma vitória bastou para o Grêmio ser campeão, mas foi um orgulho muito grande para o Caxias. No Gaúcho desse ano também, porque quando você tem uma campanha como a de 2020, com direito a vencer o Grêmio na Arena, de virada, repetir isso é muito difícil. O mais difícil não é chegar no alto nível, mas se manter. Mas o Caxias se manteve, ficou novamente entre os quatro melhores, ao lado da dupla Gre-Nal e do rival, Juventude. O trabalho não só da comissão, mas de todos do clube, diretoria e jogadores, foi muito bem feito. 

Após a disputa do último Gaúcho, que mais uma vez vocês chegaram até a semifinal, você acabou consumando a saída do Caxias. Como foi essa decisão que havia chegado ao fim esse ciclo?

Foi uma decisão muito pensada, conversada. Com meu empresário, com a diretoria do Caxias, com o presidente César. Em 2020, após o Gaúchão, eu já havia recebido propostas, mas decidi permanecer. Minha carreira é muito curta ainda, então decidi seguir. A gente jogou a Série D, fomos eliminados pelo Mirassol em um jogo onde a gente tinha seis desfalques por Covid. Depois renovamos para o Gaúcho de 2021, novamente com propostas para sair, mas optando por ficar. A gente faz um grande Gaúcho, de novo entre os melhores, e aí entendi que era o momento de mudar. Para mim, para o clube. Mas foi uma coisa bem tranquila, a gente sai pela porta da frente. A gente deixa um legado de muito trabalho, com portas abertas para um dia, quem sabe, trabalhar novamente no Caxias. 

Refletindo um pouco sobre o trabalho dos treinadores gaúchos, vemos uma projeção muito grande no cenário nacional. É só observar os últimos técnicos da seleção brasileira, por exemplo... O que que a escola gaúcha tem de singular para agregar ao desenvolvimento do futebol nacional? 

Essa é uma questão muito falada nos últimos anos, da escola gaúcha de técnicos, e tem um motivo: principalmente pelos últimos técnicos da seleção serem gaúchos. A gente viu também há alguns anos atrás, o Brasileiro tinha metade dos clubes com treinadores gaúchos. Mostra a força da escola gaúcha. Mas o Brasil inteiro tem grandes treinadores, grandes escolas. A questão que aconteceu no Rio Grande do Sul e que acontece há anos é que o Rio Grande do Sul está formando treinadores com muita liderança, muito perfil de liderança. Hoje, o futebol não é só a parte técnica, a parte tática. Envolve muito a gestão de pessoas, você gerir pessoas. O Rio Grande do Sul está formando treinadores com esse perfil, perfil de gestão de pessoas, de muita liderança. 

Pegando o teu exemplo, você saiu já de uma carreira de jogador para uma de treinador. Uma transição pensada, mas por exemplo sem um grande hiato para participar de cursos de formação, como você deu como exemplo.  E há outros casos assim ai também. Você citou a liderança como característica positiva dessa escola gaúcha. Na sua visão, qual o grande motivo de sucesso desses treinadores? É uma característica do futebol local, uma liberdade que os clubes daí dão, a experiência do jogo gaúcho... 

Por muito tempo, a gente escutava que os clubes gaúchos eram clubes que jogavam muito retrancados. E na verdade não era isso, na verdade o tempo mostrou que eram times organizados. Pela escola, pela característica do futebol gaúcho, de ter uma organização defensiva muito boa, passava uma imagem que eram times retrancados, eram clubes organizados, com defesas muito sólidas. Com o tempo, isso foi uma coisa que o Brasil começou a perceber que essa escola de ter uma defesa muito sólida não era só retranca, era sim organização, muito trabalho. A partir daí, sim, começou a se dar destaque aos treinadores gaúchos. A questão da liderança vai muito de cada treinador. Posso citar Tite, Mano, Celso Roth... Posso falar do meu caso. Sempre fui líder como atleta, sempre capitão da equipe. Então o clube me dava essa liberdade. No contexto do clube inteiro. Então acredito que esses outros treinadores também tem esse perfil. E acredito que os clubes aqui no Sul dão essa liberdades.

Houve algum contato para você assumir o time de transição do Grêmio?

Não teve nenhuma conversa entre eu ou meu representante e a diretoria do Grêmio. Uma notícia que foi publicada, mas não é verdade. Eu tinha contrato com o Caxias e nunca iria negociar com outra equipe. O Grêmio é um grande clube, um clube que, quem sabe, futuramente, a gente possa estar trabalhando, mas de fato não tem essa negociação. Estou em casa, em Caxias, esperando uma situação. Estamos conversando com alguns clubes, mas deixo para meu empresário resolver. 

Como está a definição do seu próximo desafio? Já receberam propostas?

A gente já esteve bem perto de fechar com um clube da Série B, já conversamos com um clube da Série C também. Mas até o momento, não fechamos nada ainda, estamos tendo bastante cuidado com esse próximo passo. Acredito que tudo vira no tempo certo, um clube com uma boa estrutura para podermos fazer um grande trabalho.

Comentários

Quer comentar? Basta registrar-se!
motivo:
EAinda não foram registrados comentários…

Copa Sul-Americana
Fim da seca de gols e primeira vitória
Rafael Santos Borré, enfim, encerrou sua seca de gols com a camisa colorada e ajudou o Internacional a superar o Delfín, fora de casa, por 2 a 1, e vencer a primeira na Copa ...

ÚLTIMOS COMENTÁRIOS

ViniciusLopes 26-04-2024, 00:03
grandejogadoor 25-04-2024, 22:21
ScPKoHx 25-04-2024, 20:17
renato92 25-04-2024, 16:09
grandejogadoor 25-04-2024, 14:58
Piranho 25-04-2024, 13:17