Cotado para substituir Gerson, Thiago Maia tem chance de mostrar nova cara na Gávea

Gerson se despede aos poucos do Flamengo. Já negociado com o Olympique de Marseille, o meia faz suas últimas partidas vestindo rubro-negro. E o clube carioca, em um primeiro momento, não deve ir ao mercado em busca de um substituto, apesar da importância de Gerson no time. A aposta já está no elenco, e atende pelo nome de Thiago Maia. 

Contratado junto ao Lille, da França, Thiago Maia, é verdade, ainda não conseguiu se firmar no futebol carioca. Mas, se pararmos para observar, Gerson tem um pouco a ver com isso... 

O contexto da chegada na Gávea 

Thiago Maia chegou na Gávea depois de Gerson, mas com um perfil parecido. O meia havia surgido como grande destaque do Santos e acabou negociado para uma equipe de médio porte em uma grande liga da Europa. Gerson foi do Flu para Roma, Maia do Santos para o Lille. Ambos são da geração 1997. 

Assim como Gerson, Thiago Maia não conseguiu se firmar no futebol europeu. Afinal, se tivesse conseguido, cá entre nós, não voltaria ao Brasil ainda com idade olímpica. Nem um, nem outro. 

Se Gerson fez 82 jogos na Itália antes de voltar ao Brasil, Thiago Maia fez 68 jogos no Lille. De volta ao Brasil, foi atraído pelo Flamengo, e encontrou Gerson na Gávea. 

A concorrência de Gerson

Como falamos inicialmente, a presença de Gerson no elenco rubro-negro condicionou o desempenho de Thiago Maia. Como? O posicionamento em campo do meia que veio da França acabou tendo que ser alterado.

Gerson já era figura central da equipe rubro-negra, que dominava o futebol brasileiro e sul-americano. Thiago Maia, naturalmente, teve de se adaptar a presença do companheiro no meio-campo. Com Maia, o Fla buscou jogar em um 4-3-3, com Gerson na canhota da linha de três meias, Willian Arão centralizado e recuado e Maia na direita. 

Quando surgiu no Santos, e quando teve bons momentos na França, Thiago Maia jogava na esquerda na linha de meias, normalmente uma linha de dois em um 4-4-2 (Lille) ou 4-2-3-1 (Santos). 

Canhoto como Gerson, Thiago Maia tem muito mais facilidade em receber a bola na esquerda, com o corpo já posicionado para usar seu pé forte, do que na direita, onde tem de receber a bola muitas vezes com a direita, ajeitar para a canhota e posicionar o corpo para dar sequência na jogada. Esse padrão se repetiu muitas vezes ao longo dos jogos rubro-negros. E muita dessa dificuldade vem pelo fato de Thiago Maia, apesar de ter um bom porte físico, não ter a mesma mobilidade para a execução do giro com a agilidade necessária para não permitir a aproximação dos marcadores antes da tomada de decisão para dar sequência na jogada. 

No Flamengo, tampouco, Thiago Maia teve muita oportunidade para usar uma de suas melhores características: o passe longo, em profundidade, procurando acionar os atacantes nos espaços nas costas da defesa adversária. Com uma linha de dois meias, recuou muitas vezes por Santos e Lille para buscar esses lançamentos, participando com mais frequência da construção desde a defesa. No Fla, Arão, Rodrigo Caio e Fillipe Luís são as figuras centrais na saída de bola, e Thiago teve de jogar em zona mais adiantada do campo. 

Afinal, Thiago Maia é o substituto ideal?

Tudo isso para dizer basicamente que, sem Gerson, o futebol de Thiago Maia deve crescer. Isso, também, se as lesões deixarem de atrapalhar a carreira do meia. Thiago está sem jogar desde novembro, se recuperando de uma lesão ligamentar grave no joelho. O jogador deve voltar a ser relacionado nesta semana, com a promessa de uma vida nova na Gávea já com a saída de Gerson mais próxima. 

Além de poder atuar no lado esquerdo do meio-campo, Maia contará ainda com a vantagem de, desde que se lesionou, Rogério Ceni ter passado a usar Arão na zaga. Ou seja, deverá atuar ao lado de Diego, reencontrando o 4-2-3-1 que permitiu seu destaque na Vila Belmiro. 

Mais à vontade em campo, e recuperado dos problemas físicos que atrapalharam sua sequência na Gávea, Thiago Maia tem tudo para ser a peça que irá ocupar o lugar de Gerson no meio-campo flamenguista. Mas, importante ressaltar, com características diferentes. 

O torcedor rubro-negro não pode esperar que Thiago Maia seja o novo Gerson, assim como espera que um novo Jorge Jesus assuma o comando técnico da equipe. Como visto, Maia tem características diferentes. Ao longo da carreira, por exemplo, marcou cinco gols em 220 jogos como profissional, contra 20 em 253 de Gerson. Dá, também, menos assistências, e tem menos mobilidade. Mas, por outro lado, agrega muito na visão de jogo, lançamentos longos e ocupa bem os espaços na recomposição defensiva. 

Em suma, o Flamengo tem, no elenco, um jogador que ainda não mostrou sua verdadeira face para o torcedor. E que, sem a sombra de Gerson, terá a grande oportunidade de fazê-lo. Thiago não vai ser Gerson, mas pode ser muito útil para o Rubro-Negro.