Clubes do Nordeste renascem e buscam 'algo a mais' no Brasileirão

Uma tendência segue se confirmando nos últimos anos no futebol brasileiro: o crescimento dos clubes do Nordeste. Bem administrados (especialmente Bahia, Ceará e Fortaleza), os clubes se fortaleceram no mercado e já se colocam como postulantes a boas colocações no Brasileirão, com o sonho de uma vaga na Libertadores.

Se antes as boas campanhas das equipes nordestinas da Série A pareciam algo pontual e que não se manteriam, como o Vitória, quinto colocado em 2013 e rebaixado no ano seguinte, hoje os bons trabalhos administrativos promovem expectativas melhores quanto as campanhas destes clubes na disputa nacional.

Em 2021, Bahia, Ceará e Fortaleza têm apresentado futebol competitivo e chegam ao Brasileirão com uma missão: levar novamente uma equipe nordestina a disputa da Libertadores. Com até oito vagas para o torneio continental via Campeonato Brasileiro, as equipes do Nordeste pretendem brigar pelo prêmio. Para isso, precisam melhorar em relação a 2020, quando - exceção ao Ceará - estiveram na disputa contra o rebaixamento.

A evolução dos clubes pode ser percebida através das seguidas participações na Série A. O Bahia irá agora para o seu quinto ano seguido na Série A, o recorde do clube na história dos pontos corridos. Ceará, após anos de acessos e descensos parece ter se estabelecido. O Fortaleza após anos na Série C, vai para a terceira participação seguida na elite. Já o Sport difere um pouco dos co-irmãos e vive momento de instabilidade.

Importância da Copa do Nordeste

Um dos torneios mais atrativos do futebol brasileiro no primeiro semestre, a Copa do Nordeste pode ser considerado um importante fator para o crescimento dos clubes da região. A competição oferece a estas equipes jogos em bom nível de competitividade desde o início do ano, as preparando para a sequência da temporada. 

O "Nordestão" que retornou ao calendário em 2013 também já é uma grande fonte de renda para os clubes da região. Em seu ápice, em 2020, chegou a pagar em cota absoluta o montante de R$ 34,3 milhões. Além disso, o campeão garante vaga em fases avançadas da Copa do Brasil do ano seguinte, conseguindo assim mais um valor milionário em premiação.

A competição mostra sua importância também com o crescimentos dos clubes menores do Nordeste. Nos últimos anos, Sampaio Corrêa, Confiança, CRB foram clubes que disputaram a Série B e brigaram pelo acesso. O CSA chegou a disputar a primeira divisão em 2019, após passar pela Série D e ficar 31 anos fora da elite.

Saúde financeira

©Divulgação / Ceará

O Bahia em 2019 teve uma receita bruta recorde de 189,4 milhões, o que possibilitou no ano seguinte a manutenção de Gilberto, com valorização salarial, e contratações de peso como Rodriguinho e Rossi para o ano seguinte. Porém, com a pandemia, o Tricolor teve um 2020 mais complicado que o normal, "voltou algumas casas", mas ainda é um clube que consegue se movimentar bem no mercado.

Mesmo com a pandemia atrapalhando os planos do clube, o Ceará conseguiu chegar em 2020 no sexto ano seguido registrando superávit. Em 2021, o clube apresentou um orçamento em que pela primeira vez passa da casa dos R$ 100 milhões. Para a temporada, o Vozão apresentou um orçamento recorde de R$ 150 mi. 

Já o Fortaleza vive um momento financeiro um pouco mais instável. O Tricolor do Pici até imaginava ultrapassar os R$ 100 milhões em 2021, mas com o retorno da torcidas aos estádios distante, recalculou e planejou um faturamento de R$ 94,64 mi. No entanto, o valor ainda é considerável para uma equipe que há poucos anos estava disputando a terceira divisão.

O Sport era a grande potência nordestina há alguns anos, em 2018 teve faturamento próximo a R$ 110 milhões, mas após gestões conturbadas e queda para a Série B viu outros clubes da região o ultrapassarem. A boa notícia é que para 2021, com orçamento de R$ 79,5 mi é esperado um superávit. Se permanecer para a Série A do ano seguinte, o Leão, em tese, terá mais poder de investimento.

O próximo passo

Impulsionados por suas grandes torcidas, os clubes do Nordeste não sabem o que é chegar longe em competições nacionais há algumas décadas, a exceção foi o Sport, campeão da Copa do Brasil de 2008, o que garantiu ao Leão a última participação nordestina em uma Copa Libertadores. Embora as equipes já gerem expectativas, elas têm falhado em dar um passo adiante e atingir grandes feitos esportivos.

A Libertadores inclusive é o grande sonhos dos clubes nordestinos. É o próximo passo na consolidação nacional e no ganho de visibilidade internacional. Em diversas ocasiões, o presidente do Bahia afirmou a classificação ao torneio como objetivo maior. Mas no momento, a meta do Bahia no Brasileirão é chegar entre os 10 primeiros. Para o Tricolor também fica o sonho de titulos de Copa do Brasil e Sul-Americana. Nos últimos anos conseguiu suas melhores campanhas ao chegar duas vezes nas quartas de final de ambas as competições. Esse parece ser o limite a ser superado. 

O Ceará vem de um 2020 em que conquistou a sua melhor campanha na Série A na era dos pontos corridos. O Alvinegro também foi longe na Copa do Brasil e tem com objetivo melhorar estes feitos já nesta temporada. Para isso investiu pesado em contratações de Messias e Mendoza e na manutenção de Vina. O Vozão é mais um a sonhar com uma vaga na Libertadores e trabalha com esta meta.

O Fortaleza mantém metas mais modestas, afinal, pela primeira vez disputa a Série A por três anos seguidos. O Tricolor do Pici é um dos clubes que mais crescem no Brasil e vê na permanência na elite do futebol brasileiro a receita para se consolidar de vez no cenário nacional. Em 2020, o clube disputou pela primeira vez um jogo em um torneio continental ao participar da Sul-Americana.

Já o Sport tem como o próximo passo da sua reformulação fazer um Campeonato Brasileiro mais tranquilo, com uma distância segura das disputas nas últimas posições. No ano passado sofreu, mas contra as projeções iniciais se manteve na elite. Uma vaga na Sul-Americana como objetivo a curto prazo parece o ser o caminho.