Nos 100 anos de Cruzeiro x Atlético, Fábio ultrapassa Nelinho como 'Senhor clássico'

Ao entrar em campo no domingo, às 16 horas, com a camisa do Cruzeiro diante do Atlético, Fábio entrará também automaticamente para a história do centenário clássico mineiro. O goleiro, de 40 anos, assumirá isolado um posto que ocupa atualmente lado a lado com o ex-lateral direito Nelinho: o de jogador com mais clássicos disputados na história.

Em levantamento inédito realizado por oGol, que considera todos os jogos oficiais disputados por Cruzeiro e Atlético, Fábio e Nelinho aparecem empatados, neste momento, com 63 jogos. Provável titular do Cruzeiro no domingo, Fábio chegará ao jogo de número 64.

Fábio já é, há bastante tempo, o jogador com mais partidas com a camisa de um único clube no clássico. A marca era de João Leite, ex-goleiro do Atlético, que disputou 55 clássicos. Nelinho, que jogou por Cruzeiro e Atlético, deteve por quase quatro décadas o recorde absoluto.

"Qualquer clássico regional é importante para quem o disputa. Todo jogador que participa do clássico leva muito a sério, porque sabe-se da importância de ter um bom resultado. Não é só para você como profissional, mas para o torcedor da equipe, que fica com isso na cabeça, quer que a equipe vença. A responsabilidade é muito grande nos clássicos regionais", afirmou Nelinho, em entrevista a oGol.

O ex-lateral direito fez carreira, principalmente, entre os rivais de Belo Horizonte. Jogou pelo Cruzeiro de 1973 a 1982, período em que disputou 37 clássicos com a camisa celeste. Em 1982 saiu direto da Raposa para o Galo, onde ficou até se aposentar em 1987. Foram 27 clássicos disputados pelo Atlético.

"Quando eu estava no Cruzeiro ou no Atlético, a importância era a mesma. A seriedade e a forma com que os clubes se dedicam para essa partida, sendo ela válida por alguma coisa ou não, não interessa. O jogo é coisa séria. E é importante porque mantém a chama acesa e é importante pro futebol", relembrou o ex-jogador, atualmente com 70 anos.

Desafiado a relembrar clássicos marcantes que viveu, Nelinho indicou que esta não seria uma tarefa fácil. Com a camisa do Cruzeiro, o jogo mais especial que viveu foi em 1977, quando segundo ele "o time do Atlético era infinitamente superior ao nosso".

"Na semana da terceira partida que ia decidir o campeonato, os jogadores do Atlético falaram muito que o nosso time era inferior, e era mesmo. Diziam que não íamos ganhar deles, aquela coisa toda. Sei que chegou o dia do jogo e nós ganhamos de 3 a 1 na prorrogação. Foi uma vitória inesperada até para os jogadores cruzeirenses. Eu me lembro que nesse dia que 80% da torcida era formada pelos atleticanos, e isso me marcou muito, pelo fato da equipe do Cruzeiro ser inferior e mesmo assim conseguir ganhar", relembrou.

Pelo Galo, o jogo mais marcante para Nelinho curiosamente, não foi uma vitória. Mas há uma boa justificativa

"Foi o primeiro clássico. Nós até não ganhamos (jogo terminou empatado, em 2 a 2), mas foi muito importante porque eu tinha já que na primeira partida mostrar o que eu vim fazer no Atlético. Os atleticanos estavam esperando que eu fizesse tudo pelo Atlético igual eu fiz jogando pelo Cruzeiro. Foi uma responsabilidade muito grande, mas acabou dando certo", concluiu.

Como diria o clichê, marcas são para serem batidas. Depois de anos como "dono" do clássico, Nelinho passa o bastão para Fábio neste domingo. Tudo indica que será o início de um longo recorde.