O Flamengo é o grande campeão do Brasileiro 2020. Entretanto, em meio às comemorações, um ponto negativo traz à tona uma reflexão. A defesa flamenguista, calcanhar de aquiles da temporada, sofreu 48 gols em 38 rodadas, uma média de gols bastante atípica para quem termina a competição na primeira posição.
É possível afirmar alguns fatores que influenciaram diretamente no desempenho ruim da retaguarda rubro-negra. No início da competição, sob o comando de Domenèc, o Fla priorizou o ataque e viu sua defesa sucumbir. Além disso, o excesso de lesões de peças importante do setor, como Rodrigo Caio e Diego Alves, fizeram com que o sistema não conseguisse ter continuidade.
Para piorar, jogadores contratados sob grande expectativa como Gustavo Henrique e Léo Pereira emplacaram uma sequência quase interminável de falhas e más atuações. Sem muita alternativa, o jeito foi apostar nos garotos da base como Thuler, Natan, Gabriel Noga... a garotada até demonstrou talento, mas, até mesmo pela inexperiência, não foi possível atender o nível de exigência de um Campeonato Brasileiro.
Na segunda metade da competição, já com Rogério Ceni no comando, os problemas continuaram os mesmos. Sem muitas peças de reposição, o novo comandante sofreu para encontrar um encaixe em sua defesa. Tanto é que, já nas rodadas finais, Ceni improvisou o volante Willian Arão na defesa, o que trouxe um pouco mais de equilíbrio para o setor, mas era tarde.
Ao longo de 2020, o torcedor passou a testemunhar um fenômeno que havia sido extinguido pelo time supercampeão de 2019: o de sofrer goleadas. Foram algumas ao longo da temporada. Boa parte delas para concorrentes direto na briga pelo título.
Entre troca de treinadores, de esquema e desfalques, somada a falta de confiança dos defensores, o Fla sofreu com os ataques adversários e terminou a competição com 48 gols sofridos. Um número recorde. Desde que o Brasileirão passou a ser disputado por 20 equipes (em pontos corridos), em 2006, nunca uma equipe que se sagrou campeã foi tão vazada ao longo do certame.
Para se ter uma noção, a campanha que mais se aproximou deste dado negativo foi a do próprio Flamengo, que, em 2009, desacreditado, surpreendeu a todos e garantiu o troféu. Na ocasião, o Rubro-Negro levou 44 gols.
Os números mostram que, apesar da glória da conquista, o Fla tem muito o que melhorar para a próxima temporada.
2006 - (São Paulo, 32 gols)
2007 - (São Paulo, 19 gols)
2008 - (São Paulo, 36 gols)
2009 - (Flamengo, 44 gols)
2010 - (Fluminense, 36 gols)
2011 - (Corinthians, 36 gols)
2012 - (Fluminense, 33 gols)
2013 - (Cruzeiro, 37 gols)
2014 - (Cruzeiro, 38 gols)
2015 - (Corinthians, 31 gols)
2016 - (Palmeiras, 32 gols)
2017 - (Corinthians, 30 gols)
2018 - (Palmeiras, 26 gols)
2019 - (Flamengo, 37 gols)
2020 - (Flamengo, 48 gols)