Artilheiro improvável, Carlos Vinícius é destaque brasileiro para ficar de olho na volta do Português

A volta do Campeonato Português traz à tona a velha briga polarizada pelo título nacional entre Porto e Benfica. Também, como é costumeiro, a liga está repleta de brasileiros pelos mais diversos clubes - não há um sequer que não conte com jogadores do país no elenco. Entre tantos que poderiam ser destaque no país, parecia, no mínimo, improvável que os holofotes se virassem para Carlos Vinícius, um atacante que quase foi zagueiro, que em três anos trocou a segunda divisão de Goiás pelo gigante de Lisboa.

Carlos Vinícius, de 25 anos, fez a categoria de base entre os Meninos da Vila, do Santos, e a Academia, do Palmeiras. Era zagueiro (e reserva) até que mudou de posição em busca de mais espaço na base Verdão. De imediato, a mudança não foi suficiente para mantê-lo no clube paulista, mas serviu para ganhar a oportunidade na Caldense, de Minas Gerais, e depois no Grêmio Anápolis, então na segunda divisão do Campeonato Goiano.

O destaque que não conseguiu no Brasil veio logo cedo em Portugal. A primeira temporada do já atacante foi pelo modesto Real Sport Clube, da região metropolitana de Lisboa.

"Carlos Vinicius chegou praticamente desconhecido a Portugal, para o Real, que terminou o campeonato da 2.ª Liga no último lugar. Apesar das limitações da equipe, ele foi o vice-artilheiro da competição e assinou pelo Napoli, mas nunca chegou a jogar pelo clube napolitano. Assim, foi emprestado ao Rio Ave, estreando-se na Liga Portuguesa (primeira divisão) e rapidamente se impôs: marcou nas principais equipes portuguesas (no Dragão, na Luz e em Alvalade), com uma média bastante considerável de gols: 14 em 20 jogos", explicou Vasco Sousa, especialista em estatística do zerozero.pt, nossos parceiros portugueses.

O sucesso meteórico em Portugal, seja na segunda divisão pelo Real, ou na primeira pelo Rio Ave, fez com que o jogador fosse alçar um voo mais alto na carreira. Ele deixou o Campeonato Português, no meio da temporada, e foi para o Monaco, onde não teve muito tempo para apresentar seu futebol.

Quem bate o olho nos números e vê que Carlos Vinícius marcou apenas dois gols em 16 jogos na França pode não entender o que o Benfica viu nele para investir 17 milhões de euros. Na verdade, no Monaco, o atacante foi titular duas vezes, jogou os 90 minutos apenas uma e, de modo geral, entrava nos minutos finais das partidas.

Vasco conta que a chegada de Carlos Vinicius ao Benfica não foi fácil: enfrentou problemas físicos, a concorrência de Raul de Tomás, principal contratação do clube na temporada, e também a de Seferovic, artilheiro das Águias no ano anterior.

"Ele (Carlos Vinícius) marcou na estreia, no quinto jogo (como reserva) marcou um gol que valeu a vitória e a partir daí foi sempre titular, sendo a referência do ataque dos encarnados – tem 20 gols esta temporada", comentou Vasco, acrescentando que o atacante é um jogador frio ao finalizar, difícil de ser marcado, tendo feito 19 de seus 20 gols dentro da área, com a bola corrida.

Artilheiro do Campeonato Português, o atacante agora tem novamente seu nome especulado em outros mercados. Nem mesmo a paralisação do futebol no mundo impediu que o Manchester United fosse apontado como um dos interessados em seu futebol. 

A realidade de Carlos Vinícius, por hora, segue em Portugal, país que parece confortável em chamar de "seu". O Benfica retorna aos gramados na quinta-feira, contra o Tondela, mas antes torce por um tropeço do líder Porto, que joga na quarta, contra o Famalicão.