O acesso antecipado do Bragantino para a primeira divisão do Campeonato Brasileiro do próximo ano leva ao questionamento: o que esperar do clube associado à multinacional de bebidas energéticas? Pelo mundo, exemplos na Alemanha, Áustria e Estados Unidos dão pistas sobre o futuro do Braga.
A onda de investimentos da Red Bull no futebol internacional teve início em 2005, com a compra do Austria Salzburg, que acabou renomeado como Fussball Club Red Bull Salzburg. Apesar do sucesso quase que imediato, saindo do 8º lugar um ano antes de se associar à marca para o vice-campeonato na temporada 2005/2006, as mudanças na estrutura do time foram graduais.
Conhecida pela política de investir em jovens talentos, a empresa iniciou um processo gradual de mudança no clube. Quando ainda era Austria Salzburg, a equipe tinha um elenco com média de idade superior a 26 anos, com sete jogadores com idade acima dos 30. Nos anos seguintes essa média variou até chegar na mais elevada, 28 anos em 2006/2007. A mudança de chave aconteceu na temporada 2010/2011, com uma queda gradual na idade dos jogadores, que desde 2015 não chega aos 24 anos.
Em termos de conquistas, o sucesso do RB Salzburg é incontestável. O clube quebrou a hegemonia dividida entre Rapid Wien e Austria Wien, conquistando dez campeonatos em 13 disputados.
Ainda na Europa, outro exemplo bem-sucedido da Red Bull no futebol é com o RB Leipzig. O time foi fundado em 2009, após a fusão com o modesto SSV Markranstädt, que disputava a quinta divisão da Alemanha. O Leipzig colecionou acessos e está na Bundesliga desde a temporada 2016/2017. Logo no primeiro ano no mais alto escalão do país, o clube desbancou o Borussia Dortmund para ficar em 2º lugar.
À exemplo do irmão mais velho, o RB Salzburg, o Leipzig segue a política de investir em jovens talentos. A média de idade do elenco atual da equipe é de 24 anos, a mais baixa entre os 18 clubes que disputam a Bundesliga. O grande destaque do time é o cobiçado atacante Timo Werner, de 23 anos.
O Braga não foi a porta de entrada da multinacional no futebol brasileiro. Enquanto o investimento no clube de Bragança Paulista teve início em março deste ano, a empresa já estava presente no país por meio do Red Bull Brasil, fundado em 2007. O clube, porém, não teve vida fácil. Enquanto a nível estadual o RB Brasil conseguiu somar acessos e chegar na primeira divisão do Campeonato Paulista, a nível nacional disputou apenas duas edições da Série D, sendo eliminado em ambas na primeira fase.
Em 2020, o Red Bull Brasil disputará a Série A2 do Paulista por conta das regras da Federação Paulista e estará novamente na quarta divisão do Brasileiro.
Agora, com o Bragantino, o êxito em campeonatos nacionais chegou. Líder isolado da Série B e já garantido na primeira divisão, o clube ainda tem muito trabalho pela frente. Se a Red Bull pretende replicar o modelo dos clubes que detém na Europa no Brasil, o Bragantino terá um próximo mercado de transferências movimentado. Atualmente o elenco da equipe tem média de idade superior a 26 anos. Dois nomes recentemente especulados entre os interesses do Braga para a disputa da primeira divisão foram os do goleiro Cleiton e do lateral Guga, ambos do Atlético Mineiro e que já integraram o elenco da seleção sub-23.
Hoje, na Série A, os dois clubes que possuem a menor média de idade em seus elencos enfrentam dificuldades no campeonato: Fluminense e Avaí se encontram na zona de rebaixamento.
O NY Red Bulls é mais um dos clubes controlados pela multinacional. Diferente dos exemplos europeus que colecionaram sucessos rápidos, nos Estados Unidos a história foi um pouco diferente. Comprado em 2006, o time teve campanhas modestas até 2010, sendo inclusive último colocado na Major League Soccer de 2009.
Contrariando a política de contratações da própria empresa, o NY Red Bulls passou a investir em veteranos, o que é comum na MLS. Com estrelas como Thierry Henry, Juninho Pernambucano e Tim Cahil, em 2013, o clube fez uma de suas melhores campanhas, alcançando os playoffs. No entanto, o clube nunca se sagrou campeão da principal competição nacional.