Não há crise financeira para o Flamengo e uma demonstração clara disto é o fato de o clube ter contratado, por dois anos seguidos, o último artilheiro do Campeonato Brasileiro. Depois de tirar Henrique Dourado do Fluminense em 2018, o Rubro-Negro aposta agora em Gabriel Barbosa, goleador com o Santos.
Os gols são um indicativo de qualidade e é natural que o Flamengo, com dinheiro em caixa, busque o que há de melhor disponível no mercado. No entanto, estão longe de serem uma garantia de sucesso. O próprio caso de Dourado é um exemplo disto.
Destaque no Fluminense em 2017, Henrique Dourado marcou 18 gols no Brasileiro e dividiu a artilharia da competição com Jô naquele ano. Com o Tricolor em crise financeira, o Flamengo não teve problemas para buscar o atacante no rival carioca, mas não teve o retorno que esperava. A passagem de Dourado não chegou a ser um fracasso e o jogador terminou como artilheiro rubro-negro em 2018, ao lado de Lucas Paquetá, mas sua marca de 12 gols, em 40 jogos, não deixou de ser decepcionante.
Não por acaso o Flamengo começou 2019 em busca de um reforço de peso para o ataque. Sem a pujança financeira do Rubro-Negro, o Santos não conseguiu acordo com a Inter de Milão para continuar com Gabigol no elenco. O Rubro-Negro insistiu e acabou por convencer o clube italiano. Como Dourado, Gabigol foi artilheiro com 18 gols, embora de forma isolada. O torcedor do clube espera que o novo goleador tenha mais sucesso que o antecessor, que segue no plantel.
A aposta em Henrique Dourado não foi a primeira do Flamengo neste século em um artilheiro do Brasileiro passado. Não foi também a primeira decepção. Basta lembrar os casos de Dimba e Josiel.
Em 2003, Dimba surpreendeu no Goiás e terminou o Brasileiro como artilheiro com 31 gols. O artilheiro foi para Al Ittihad no primeiro semestre de 2004 e voltou para defender o Flamengo no Brasileiro de 2004. Chegou com status de titular, disputou 21 jogos na competição e marcou apenas sete gols, muito longe do desempenho que teve no Esmeraldino.
Em 2007, mesmo no rebaixado Paraná, Josiel terminou o Brasileiro como artilheiro, com 20 gols. Seguindo um caminho semelhante ao de Dimba, o atacante foi para os Emirados Árabes no primeiro semestre de 2008 e voltou para o Brasil no meio do ano para defender o Flamengo. Fez apenas cinco jogos do Brasileirão daquele ano e sequer chegou a balançar as redes.
Outro que também não teve grande destaque foi Souza: artilheiro do Brasileiro em 2006 com o Goiás, o "Caveirão", apesar de ter sido bicampeão carioca na Gávea, marcou apenas 16 gols em 58 jogos pelo clube e saiu sem deixar muita saudade.
Dimba, Josiel e Souza tiveram vida curta na Gávea e não deixaram saudades nos torcedores. Dourado e Gabigol ainda podem provar que apostar no artilheiro do Brasileiro pode sim valer a pena.