O goleiro Cho Hyun-Woo foi um dos destaques da Coreia na Copa do Mundo. Eleito o melhor em campo na vitória sobre a Alemanha, quando parou o potente ataque alemão, o arqueiro tem história de superação, que conta com a participação importante de um brasileiro.
O técnico André Gaspar caminha com Cho já há algum tempo. Em conversa com a reportagem de oGol, o treinador garante que não é surpresa alguma o grande desempenho do atleta na Rússia.
"Ficamos todos felizes, não só eu como treinador, mas presidente, diretoria, comissão, atletas... Não foi nenhuma surpresa, porque a gente sabe do potencial dele, da qualidade como atleta e pessoa. É merecedor de tudo o que aconteceu", garante.
Cho era cotado para ser terceiro goleiro da Coreia na Copa. Nas Eliminatórias, inclusive, pouco jogou. Mas, as boas atuações no Daegu, que luta contra o rebaixamento na K-League, fizeram o técnico da seleção o colocar como titular. Deu resultado.
"Nosso goleiro vem se destacando há quatro anos. O Daegu estava, há dois anos, na segunda divisão. Conseguimos o acesso em 2016, ele como melhor goleiro no campeonato. Na primeira divisão, não foi diferente, tanto que ele teve a oportunidade de vestir a camisa da seleção, conseguindo ser titular e tendo êxito, com as defesas que fez, com a tranquilidade que apresentou nos jogos da Coreia do Sul", comenta o brasileiro.
André Gaspar analisa de forma positiva a campanha coreana na Rússia, um time que saiu "desacreditado" do país e conseguiu, se não a classificação, ao menos uma vitória sobre a Alemanha.
"O desempenho da Coreia foi muito bom. Saíram desacreditados daqui, mas, ao meu ver, fizeram um baita de um Mundial, principalmente no último jogo, tirando a Alemanha e vencendo por dois gols de vantagem. Os outros jogos foram nivelados, perderam por detalhes. O povo coreano ficou muito satisfeito, mesmo com a eliminação, com o desempenho dos atletas, principalmente na última partida".
O bom desempenho coreano, especialmente de Cho, pode atrair o interesse de equipes de fora do país. Quando eleito melhor em campo contra a Alemanha, o jogador disse ter como objetivo jogar na Inglaterra. Gaspar vê o atleta com potencial para tal.
"Não tenho dúvida que vão aparecer equipes interessadas. A princípio, o presidente não quer negociar, vai segurar até o final do ano. Mas, depois, vai ser obrigado a negociar o atleta, que está em ascensão no momento", comentou.
Exército coreano pode complicar carreira
Assim como Son, grande ídolo do país, Cho tem um grande obstáculo para continuar a carreira: caso não consiga o título dos Jogos Asiáticos com a seleção coreana, o jogador terá de seguir no país para prestar serviços militares, tendo que atuar em uma equipe do exército.
"É um obstáculo na carreira dele, mas espero que possam resolver da melhor maneira possível. Ninguém gosta: não só os atletas, mas o cidadão também. Ser obrigado a passar no regime militar é difícil. São dois anos, a pessoa pode ter um trabalho bom, um emprego bacana, mas é obrigada a sair para servir o regime. Eles olham como um empecilho, uma coisa muito ruim. Apesar de ser bom para o país, individualmente é uma desvantagem ter que servir", destaca André.
"É muito difícil, porque é cultura. Antes da Primeira Guerra Mundial, isso já era lei. Não tem jeito: pode ser artista, jogador de basquete, beisebol... É obrigado a servir! Se não mudou até agora, dificilmente vão mudar. Na minha opinião, deveriam abrir exceções, mas não tem isso aqui", completa.
Após a Copa, Cho volta ao Daegu na difícil missão de manter a equipe na primeira divisão nacional. O time ocupa a lanterna da competição, com apenas sete pontos após 14 rodadas.