Começo difícil, preconceito, adeus para a seleção e sonho com título da Champions

Miraildes Maciel Mota, conhece? Se chamar de Formiga ela atende e você passa a saber quem é. Aos 39 anos, a meia, de história imaculada na seleção brasileira, não tem uma história imaculada na vida, mas continua a sonhar. 

As dificuldades sempre estiveram com Formiga. Natural de Salvador, sofreu para começar no esporte. Ainda assim, nunca desistiu e seguiu sempre seus sonhos, apesar das dificuldades.  

"Põe complicado nisso. Hoje, a dificuldade é menor do que quando eu comecei, isso eu te garanto! Mesmo que a modalidade não tenha tanta visibilidade e evoluir em passos lentos, hoje a nova geração está pegando a vaca com carne e não só o osso como peguei", brinca, mesmo falando sério, para a reportagem de oGol. 

"Graças a Deus, valeu a pena resistir, persistir e engolir o choro por várias vezes. Claro que em um momento e outro pensei que não ia suportar tudo e ia desistir... Tudo que passei para realizar o meu sonho só me deu forças para continuar em busca dele", completou.

©Rafael Ribeiro/CBF

Tudo começou quando, ainda criança, jogava futebol muitas vezes escondida. O apelido da Miraildes não demorou a surgir, e veio das arquibancadas. 

"Aos 13 anos, um torcedor colocou esse apelido por eu ser a menor de todas na competição e pela maneira com que trabalhava dentro de campo. ´Trabalho de uma formiguinha´". 

O adeus a seleção e o sonho em Paris

A "formiguinha" trabalhou bastante. Tanto que virou referência e coleciona recordes. É a atleta com mais jogos pela seleção, a única que participou de todas as Olimpíadas e a mais velha a marcar em um Mundial. Aos 39 anos, chegou a hora de dar adeus para a seleção. Não foi fácil.

Formiga faz questão de lembrar de Zé Duarte, René Simões e Vadão, figuras importantes na seleção. Agora, porém, foca em sua carreira em clubes, e está muito bem no Paris Saint-Germain. 

A jogadora chegou com o PSG na final da Liga dos Campeões, após eliminar o Barcelona. Para Formiga, uma vitória sobre o Lyon na decisão, dia primeiro de junho, seria "a realização de um sonho". 

Formiga ainda sonha, e ainda se vê em campo mais alguns anos, sem data certa ainda. "Pretendo me aposentar daqui uns dois, três anos. Eu acho". Fica a dúvida, e como única certeza a de que veremos a "formiguinha" trabalhar mais alguns anos. O futebol agradece.