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Não deu certo?

Tiago Nunes e as considerações de um projeto que não encontrou a nova cara do Corinthians

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Tiago Nunes deixou o Athletico Paranaense, em 2019, como um dos maiores técnicos da história do clube, campeão da Copa Sul-Americana e da Copa do Brasil. Chegou no Corinthians aos 39 anos como um dos treinadores mais promissores do futebol brasileiro. Dez meses depois do anúncio (feito ainda em novembro), é demitido como culpado pelo fraco desempenho do time em 2020. Mas quais serão de fato os fatores que levaram ao desempenho, e aos resultados que acarretaram a decisão?

É válido contextualizar tudo, e analisar os fatos como fatos. Tiago Nunes chegou ao Corinthians não apenas como um treinador promissor, assim como também com um projeto de mudança de identidade do clube, 

O sucesso corintiano nos últimos anos foi estruturado com base em alguns conceitos ainda de Tite, que mais tarde foram adaptados por Fábio Carille e incorporados por nomes como Osmar Loss e Jair Ventura. 

O Corinthians foi um time intenso, com 11 jogadores que se doavam em prol da equipe e de uma estrutura coletiva que não dependia de destaques individuais (embora tivesse alguns), mas sim de toda uma engrenagem que funcionava bem. O time fazia sofrer, mas também sabia sofrer. Suportava pressão com uma defesa compacta, e sufocava nos momentos certos. Era fatal na bola parada, uma grande arma em momentos decisivos. E a bola pelo alto era muito importante, seja para sair da pressão na fase de construção ou para ameaçar em cruzamentos direto para a área adversária. 

Pois bem, o Corinthians ganhou o que ganhou. Até que, na última temporada com Carille, o estilo de jogo já não servia mais. Vieram as críticas, e uma pergunta: "será que dá para o Corinthians jogar de outra forma?". Veio, então, a resposta: Tiago Nunes. 

Quem é Tiago Nunes?

Afinal, quem era Tiago Nunes? Gaúcho de Santa Maria, Tiago Nunes começou no futebol gaúcho como preparador físico, chegou a ser auxiliar e treinou times de base. Foi na base que iniciou sua relação com o Athletico Paranaense. 

Com o time de aspirantes, foi campeão paranaense em 2018 e, logo em seguida, assumiu a equipe principal como interino, no lugar de Fernando Diniz. Como interino, ganhou a Copa Sul-Americana, até finalmente convencer de vez e ser efetivado. Conquistou ainda a Copa do Brasil e a Copa Suruga.  

Tiago Nunes é uma espécie de antítese do que vinha sendo praticado no Corinthians. Busca a imposição no jogo através do controle da bola. Seus times procuram construir as jogadas através de ataques posicionais, ou seja, avançando com a bola com aproximações e conexões entre os jogadores até chegar em posição de finalização.

O estilo de Tiago Nunes era tudo o que o Athletico precisava, e o Athletico tinha as características perfeitas para a filosofia do técnico dar certo. Até pela sucessão no cargo. 

A estrutura para um jogo de posição estava montada. Fernando Diniz também é um técnico que gosta do controle da posse de bola. Só que Tiago Nunes procura um jogo mais vertical, buscando infiltrações para penetrar na defesa inimiga. 

O contexto em Curitiba

O elenco do Furacão na época que o treinador assumiu tinha os jogadores perfeitos para essa proposta de jogo. E tudo tinha como figura central um jogador fora de série: Bruno Guimarães. 

Dos 103 jogos oficiais que comandou o time principal do Athletico, Tiago Nunes pôde contar com Guimarães em 85. O meia esteve presente nos principais momentos do técnico em Curitiba: do título paranaense de 2018 ao da Copa do Brasil no ano seguinte. 

Bruno Guimarães era o responsável por fazer a engrenagem funcionar. O meia quebrava as linhas adversárias com seus passes verticais, achando sempre companheiros bem posicionados. 

Guimarães tinha o suporte de nomes como Lucho González, Wellington e Léo Cittadini, que o complementavam bem, mas principalmente tinha opções que faziam os movimentos certos para receber suas bolas. 

Renan Lodi foi uma grande arma pelo flanco esquerdo, sempre com boas descidas e opções de força e movimentação na área (Pablo e Marco Rubén). O Rubro-Negro tinha ainda pontas que eram incisivos, que atacavam não só a profundidade, como também buscavam lances de progressão para a área (Cirino, Rony e Nikão davam opção de infiltração também através de lances individuais). 

O que o técnico encontrou em São Paulo 

Depois do sucesso em Curitiba, Tiago Nunes desembarcou em São Paulo buscando implantar o seu sistema e sua filosofia no Corinthians, mudando a cara do time. 

Tiago Nunes fez parte do processo de decisão dos novos nomes para a formação do elenco. Buscou em Sidcley sua arma ofensiva para a lateral esquerda; em Victor Cantillo a peça para desequilibrar nos passes entrelinhas; em Luan o complemento criativo; e em Jô a referência na área buscando os gols que conseguiram Pablo e Marco Rubén.

Isso só falando dos reforços, já que o técnico buscou adaptações no elenco que já estava no Parque São Jorge, como a improvisação de Danilo Avelar na defesa, para tentar condicionar uma saída mais vertical no lado canhoto da defesa. 

Dos reforços, Jô é quem tem o melhor desempenho, com cinco gols em 12 partidas, mas Sidcley não engrenou, Cantillo não desequilibra com frequência e Luan virou reserva. Não houve Lodi, nem Guimarães e nada de Cittadini em São Paulo. 

Foram 26 jogos de Tiago Nunes, sem sucesso, tentando mudar a cara do Corinthians. O time, de fato, passou a propor o jogo: contra o Botafogo, por exemplo, foram 61% de posse de bola e 55% contra o Palmeiras, mesmo com Fágner expulso. Mas o ataque posicional mostrou poucas variações, pouca movimentação e não teve capacidade de desequilíbrio individual. 

26 jogos foi o tempo dado a Tiago Nunes para provar que o Corinthians pode jogar de outra forma. Agora, resta saber qual será o próximo passo da diretoria: continuar em busca de uma nova identidade com um outro nome, ou voltar para as origens? Eis a questão... 

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Comentários

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motivo:
Nova identidade
2020-09-12 12h43m por ViniciusLopes
O processo de construção de um novo estilo de jogo continua, além do técnico, é preciso trocar de jogadores para o ano que vem!

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