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    Histórias do Futebol
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    Final do Paulista de 1973 e o 'simples erro de matemática'

    Texto por Rodrigo de Brum
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    O Campeonato Paulista que terminou com dois campeões. E não foi nada daquela máxima do vencedor e o campeão moral de uma disputa. O dia 26 de agosto de 1973 ficou marcado pelo erro crasso de aritmética do árbitro da partida, Armando Marques.

    De um lado, o Santos de Pelé, Carlos Alberto, Clodoaldo e Edu. Do outro, a Portuguesa de grandes nomes como Badeco, Basílio e Enéas. Nos bancos de reservas, Pepe era o comandante do Santos e Otto Glória o técnico da Portuguesa.

    O palco foi o estádio do Morumbi, que recebeu mais de 100 mil pessoas no jogo único da grande decisão. Apesar dos ótimos plantéis, o duelo terminou empatado por 0 a 0 no tempo normal, com direito a bola na trave de Pelé e gol de Cabinho anulado. O placar seguiu inalterado depois dos dois tempos de prorrogação.

    Tudo seria decidido nos pênaltis. Mas não foi bem assim. A Lusa teve o melhor começo, com a defesa de Zecão em chute de Zé Carlos. Mas o Peixe abriu 2 a 0 no marcador com gols de Carlos Alberto e Edu. Pelo lado do time do Canindé, Calegari parou em Cejas e Wilsinho acertou o poste. Eis que o árbitro Armando Marques apitou o fim da disputa... De forma completamente equivocada. 

    Os jogadores do Santos passaram a comemorar o título, enquanto a equipe da Portuguesa deixava rapidamente o gramado do Morumbi.

    Confusão no vestiário da Lusa termina com festa do título

    "Senti que tinha algo errado, mas pensei que o errado devia ser eu. O Armando Marques apitava todas as decisões naquela época, ninguém imaginava que ele cometeria um erro desses", declarou Pepe em entrevista ao jornal Estado de São Paulo.

    De acordo com os relatos da época, Armando Marques foi aos vestiários em vão para tentar com que os jogadores do time da Lusa voltassem ao campo. Dicá, grande ídolo da Ponte Preta, fazia parte do elenco da Portuguesa em 1973 e contou como sucedeu a rápida ida dos jogadores para longe do gramado.

    "Nós tínhamos dois dirigentes de futebol, e um deles era muito inocente em termos de vivência do esporte. Logicamente que o Otto Gloria, um homem vivido, 16 anos de Europa, pediu que na confusão todos descessem para o vestiário, e para nos apressarmos rumo ao ônibus. Aí vem esse diretor pedindo para nós não irmos embora, que estava errado, e tínhamos que voltar para o campo e bater os pênaltis. Este cara quase apanhou do "seu" Otto, que olhou para o dirigente e gritou... deixa de ser "burro", você não vê que se nós voltarmos para o campo, eles serão campeões?", revelou Dicá em entrevista ao Globo Esporte.

    A equipe da Portuguesa foi diretamente ao estádio do Canindé, onde os atletas, enfim, puderam tomar banho e comemorar o título com os torcedores.

    "Tiraram minha chuteira e camisa. Fiquei só de atadura e calção. Fomos tomar banho no Canindé", contou Basílio em entrevista ao Estadão.

    Com o impasse entre a possibilidade da Portuguesa pedir a impugnação da partida e a falta de datas para a realização de outro duelo, os dois clubes foram declarados campeões e o título foi dividido.

    Este seria o terceiro e último estadual conquistado pela Lusa, e o último título paulista vencido por Pelé. Tudo graças a um, nas palavras de Armando Marques, "simples erro de matemática". 

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    jogos históricos
    U Sábado, 25 Agosto 1973 - 20:00
    Cícero Pompeu de Toledo (Morumbi)
    Armando Marques
    0-0
    Estádio
    Cícero Pompeu de Toledo (Morumbi)
    Lotação67428
    Medidas108,25x72,70
    Ano de Inauguração1960