Siga oGol no facebook
    bet365
    Brasileirão
    Brasileirão

    2000: o Frankenstein, a zebra e o título vascaíno

    Texto por Carlos Ramos
    l0
    E0

    Para começar, uma confissão: não é fácil explicar o Campeonato Brasileiro de 2000. Se você está acompanhando, ano a ano, o especial de oGol, sabe que a história da competição tem edições estapafúrdias, campeonatos quase cabalísticos. Mas nenhum supera 2000, o esdrúxulo Brasileirão chamado de Copa João Havelange. 

    Vamos lá então trocar adjetivos por fatos. A Copa João Havelange foi o Brasileirão com mais jogos da história da competição: 1066. Foram quase três mil gols (2970). 

    A história desse Brasileirão começou ainda no ano anterior: na edição de 1999, o São Paulo perdeu pontos naquela edição por uma escalação irregular de Sandro Hiroshi. Um dos beneficiados com o caso, o Botafogo conseguiu, pelos pontos conquistados no STJD, evitar o rebaixamento. Rebaixado por conta disso, o Gama não aceitou a decisão e entrou com uma ação contra a CBF, que acabou impedida de organizar o Brasileirão de 2000. 

    A entidade, então, passou a responsabilidade ao Clube dos 13. O Gama ganhou, também, o direito de jogar o campeonato, o que fez com que outras equipes também entrassem na Justiça para participar. O Clube dos 13, então, unificou as três divisões nacionais em um único campeonato. Nasceu o Frankenstein, apelidado de Copa João Havelange. Ou a João Havelange, apelidada de Frankenstein.

    A zebra do Frankenstein 

    Engana-se, porém, quem acha que as confusões com relação aquele Campeonato Brasileiro terminam com a definição dos participantes (foram 116) e da fórmula de disputa (as equipes foram divididas em quatro módulos). 

    qDeus colocou a mão e nos colocou no cenário do futebol por causa daquela bagunça. O que era para ser uma maldição foi uma bênção para nós

    No Módulo Amarelo estava o São Caetano. Adhemar, ídolo do Azulão e um dos destaques daquele Campeonato Brasileiro, lembrou em entrevista para oGol que toda aquela bagunça acabou sendo uma bênção para a equipe do ABC. 

    "A João Havelange foi algo de Deus. Toda aquela virada de mesa, aquela bagunça do futebol brasileiro foi o que proporcionou a gente poder estar ali junto. Apesar de ter sido, entre  aspas, uma reviravolta no tapetão, Deus colocou a mão e nos colocou no cenário do futebol por causa daquela bagunça. O que era para ser uma maldição foi uma bênção para nós", recordou o atacante.

    O São Caetano foi a grande zebra daquela edição. O J Malucelli, então Malutrom, foi a outra surpresa que chegou entre os gigantes, mas acabou amassado pelo Cruzeiro. O São Caetano fez diferente. 

    Nas oitavas de final, a equipe paulista encarou o Fluminense, que aproveitou a "virada de mesa" para retornar para a elite. Magno Alves estava em grande fase pelo Tricolor, mas quem brilhou foi Adhemar. 

    No Maracanã, Adhemar fez valer o apelido "Canhão do Azulão", soltou uma pancada e garantiu a vitória, e a classificação, do São Caetano. O jogador lembra que a partida foi uma das mais marcantes da carreira. 

    "Até ali, nós éramos uma zebra, que estava chegando no mata-mata, contra um time grande, o Fluminense. E de repente você acerta um 'chutinho' daquele lá no estádio que é e a gente consegue eliminar um clube grande... Então, além da pintura do gol, a importância que teve para a gente... Foi um momento histórico, para mim e para o São Caetano", relembrou. 

    Mais polêmicas na final

    O São Caetano a seguir eliminou o Palmeiras, e depois derrubou o Grêmio com um 6 a 3 no agregado, com destaque para Adhemar. O modesto Azulão chegou para fazer a final com o Vasco. 

    Depois de empate no Palestra Itália, a decisão começou a ser disputada em São Januário. Aos 23 minutos de jogo, Helton se preparava para cobrar o tiro de meta quando o alambrado perto das cabines de rádio e televisão cedeu. Torcedores se pisotearam e caíram na direção do gramado. 

    @Getty / VANDERLEI ALMEIDA

    "A gente sabe que houve muitos problemas pré-jogo. Torcida do Vasco balançando o ônibus, mostrando armas, vestiário fechado, a gente não pôde entrar em campo para aquecer. E aí aconteceu a fatalidade da queda do alambrado, muita gente lesionada, Eurico Miranda tocando o pessoal, o Garotinho, Governador da época, teve que intervir e cancelou a partida", recordou Adhemar. 

    O jogo acabou cancelado. Foi disputado, semanas depois, no Maracanã. Adhemar contestou a decisão de remarcação da partida para o Mário Filho. 

    "O Vasco continuou a treinar, a gente entrou de férias e, de repente, marcaram uma partida no Maracanã. Aquela partida foi alguma coisa... Já que era um campeonato que estava meio revirado, foi mais uma das lambanças que eles fizeram. Poderiam ter decretado o São Caetano campeão", defendeu. 

    No Maracanã, aquele Vasco, de Juninho Pernambucano, Juninho Paulista, Euller, Romário, Pedrinho, venceu por 3 a 1. Conquistou o Brasileirão pela quarta vez, derrubando, de forma contestável ou não, a zebra. 

    Números da edição

    Média de gols: 2,79 gols/jogo

    Melhor ataque: São Caetano - 77 gols

    Artilheiro: Magno Alves, Romário e Dill - 20 gols

    Jogador com mais partidas: Juninho Paulista (Vasco) - 32 jogos

    Comentários

    Quer comentar? Basta registrar-se!
    motivo:
    EAinda não foram registrados comentários…
    Links Relacionados
    Jogador
    Equipe
    Competição