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      1989: Um Morumbi em silêncio para o bi vascaíno

      Texto por Carlos Ramos
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      Depois de anos de confusões e campeonatos inchados, o Brasileirão de 1989 foi exceção. Mesmo com relação as edições posteriores: teve apenas 195 jogos, uma edição muito mais curta que, por exemplo, a de 1978, que teve 792, e ainda mais longe do contestado João Havelange que viria em 2000. Perto de outra década, o futebol brasileiro buscava uma nova identidade. E nesse ano, seria dominado pelo Vasco da Gama. 

      Na primeira fase daquela edição, os 22 times foram divididos em dois grupos com 11 participantes. As equipes jogaram entre si, e a surpresa ficou por conta da pífia campanha do Bahia. Campeão no ano anterior, o Tricolor ficou na lanterna do grupo B, dominado por Palmeiras e Vasco. 

      As 16 melhores equipes seguiram adiante para a disputa do título, enquanto as cinco últimas lutaram no chamado Torneio da Morte. O Bahia conseguiu evitar o rebaixamento, e caíram Athletico Paranaense, Guarani e Sport. 

      A conquista cruz-maltina

      Luiz Carlos Winck tinha acabado de chegar no Vasco naquele Campeonato Brasileiro. O lateral havia perdido vaga na seleção de Sebastião Lazaroni que iria para a Copa de 1990, por lesão, mas em troca teve a chance de defender outro gigante do futebol brasileiro. 

      Em conversa com a reportagem de oGol, o lateral recorda que aquele Vasco, dirigido primeiro por Sérgio Cosme e depois por Nelsinho Rosa, tinha um grande elenco. 

      "A gente tinha uma expectativa boa (para o campeonato), porque tinha Acássio, eu, Mazinho, Quiñonez, que era da seleção equatoriana, Marco Aurélio, Zé do Carmo, Bismarck, Sorato, Bebeto, William, tinha Tato. Era uma equipe muito forte, com condições de ser campeã", recordou. 

      Em um campeonato de tiro curto, com poucas partidas com relação aos anos anteriores, o Vasco avançou da primeira fase e, na somatória dos pontos com a segunda, conseguiu vaga na decisão.

      "A reta final foi complicada, porque a gente precisava ganhar os jogos e aguardar resultados dos adversários. Cumprimos nossa obrigação e acabamos avançando", lembrou Winck.

      Ao longo da campanha, um jogo ficou marcado na memória de Winck. Em Porto Alegre, contra o Internacional, antiga equipe do lateral, o Cruz-Maltino fez sua obrigação, venceu por 2 a 0 e se garantiu na decisão.  

      "Foi o jogo que mais me marcou, porque era o primeiro jogo enfrentando o meu ex-clube. Quando fui cumprimentar o pessoal do banco do Inter, a torcida ficou de pé e me aplaudiu. Foi emocionante, uma coisa que me marcou bastante em termos de orgulho, carinho, porque era recíproco. Era um jogador identificado com o Internacional. Mas fiquei marcado também no Vasco", garantiu. 

      Na decisão, o Cruz-Maltino encarou o São Paulo, que tinha um grande time. Ricardo Rocha, também em conversa com oGol, lembrou que o Tricolor jogou muito naquela final do Morumbi

      "A gente fez uma grande final, o São Paulo jogou muito bem. Se você pegar a entrevista do Acássio, ele falou que foi a melhor partida da vida dele. Ele pegou muito naquele jogo. O São Paulo jogou bem, mas no futebol, você tem que aproveitar as chances. E o Vasco aproveitou bem, e foi campeão", ressaltou o ex-zagueiro tricolor. 

       A chance aproveitada pelo Cruz-Maltino foi criada por Winck. O lateral fez o cruzamento da direita para Sorato marcar o único gol daquela partida. 

      "Nós trabalhamos a bola do lado direito. O Boiadeiro fez o passe, e eu vim em velocidade. Estava no bico da intermediária para dentro, não tinha como levar para o fundo, porque daria tempo da zaga adversária se posicionar. Então precisava pegar em movimento, e peguei, porque treinava bastante cruzamento. Eu era muito bom, porque treinava muito. Peguei a bola com curva, com a parte interna do pé. Peguei com precisão, ela fez curva, foi saindo dos defensores do São Paulo e o Sorato entrou por trás", narrou Winck. 

      "A gente conversava muito com Sorato, Bebeto... Se eu chegasse ao fundo, a bola seria no segundo pau ou para trás. E se eu ficasse no bico da área, a bola seria no espaço. Então a gente trabalhava muito isso, e tivemos a felicidade que aconteceu tudo certo nesse jogo", completou. 

      O gol significou o segundo título brasileiro da história do Vasco, e calou o Morumbi. Anos mais tarde, o São Paulo celebraria. Mas isso é história para os próximos capítulos... 

      Números da edição

      Média de gols: 2,01 gol/jogo 

      Melhor ataque: Vasco e Náutico -  27 gols 

      Melhor defesa: Athletico Paranaense, Atlético Mineiro, Corinthians, Flamengo, Palmeiras e Portuguesa - 13 gols sofridos

      Artilheiro: Túlio Maravilha (Goiás) - 13  gols

      Jogador com mais jogos: Acássio (Vasco) -  19 jogos

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