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    Gordon Banks: o goleiro das defesas impossíveis

    Texto por Carlos Ramos
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    No futebol milionário do século XXI, os goleiros passaram a custar milhões. No início, não era assim. E demorou a ser, por sinal. O que acharia se disséssemos que um dos melhores goleiros da história custou sete mil libras, o que hoje seriam cerca de R$ 35 mil? Pois foi isso o que o Leicester pagou para ficar com Gordon Banks no fim da década de 1950. 

    Na época, o jovem goleiro era ainda uma aposta. Afinal, havia feito apenas 26 jogos como profissional pelo modesto Chesterfield. A aposta acabou sendo das mais certeiras. 

    Início difícil

    Banks estava anos-luz distante das cifras milionárias do futebol moderno. Ao perder o irmão ainda jovem, teve de arrumar um emprego para ajudar a sustentar a família. Deixou a escola mas, mesmo assim, arrumava tempo para jogar futebol. 

    Foi chamado entre os espectadores para um jogo amador enquanto o goleiro que deveria jogar não apareceu para o encontro. A performance o fez subir para a liga local, mas a experiência foi um desastre: logo na estreia pelo Rawmarsh Welfare, o menino, então com 15 anos, sofreu 12 gols. Ainda assim, o  Rawmarsh Welfare só é lembrado pela passagem de Banks por lá. 

    A frustração pelo placar não derrotou o menino, que seguiu no amadorismo. Foi, então, chamado pelo Chesterfield, e lá conseguiu chamar a atenção do Leicester para atuar em outro patamar. 

    Antes disso, seguiu perseguido pelas derrotas. Banks teve a oportunidade de defender o Chesterfield na Central League de 1954/55, um campeonato de aspirantes. A equipe só conseguiu três vitórias, terminou em último e sofreu 122 gols! 

    As honras foram aparecendo aos poucos. Em 1956, Gordon conseguiu levar o time sub-18 do Chesterfield para a final da Copa da Inglaterra da categoria. Na decisão, acabou derrotado pelo Manchester United, de Bobby Charlton.

    O goleiro só disputou uma temporada como profissional do Chesterfield. As 23 partidas na terceira divisão e as três na Copa foram o suficiente para chamar a atenção de  Matt Gillies, que o levou para Leicester. 

    Sucesso em Leicester 

    Banks subiu da terceira para a primeira divisão. Ganhou um considerável aumento salarial e não demorou muito a se firmar no time: na primeira temporada, foram 32 jogos na Liga Inglesa e quatro na Copa da Inglaterra. 

    O escocês Dave MacLaren era o titular na época, mas acabou se lesionando. Banks assumiu e, quando o escocês voltou, não convenceu. O jovem inglês, então, assumiu a meta para não mais sair. 

    Apesar de ter sofrido seis gols do Everton no Goodison Park, Banks foi exemplo de perseverança nos treinos. Ficava além do tempo para tentar melhorar suas falhas, como por exemplo a saída do gol, citada naquele tempo como um dos principais defeitos. 

    No final da temporada, os Foxes sofreram 49 gols e terminaram no meio da tabela. Banks, e o time, conseguiram melhorar na temporada seguinte, com o sexto lugar e o vice-campeonato da Copa, perdida para o Tottenham. O goleiro levou apenas dois gols em nove jogos na competição. 

    Em 1963, Banks voltou a reencontrar Bobby Charlton em uma final, dessa vez no profissional. Em Wembley, o goleiro acabou novamente derrotado pelo Manchester United, que ganhou a Copa da Inglaterra

    A busca de Banks por títulos acabou na temporada seguinte. Em Filbert Street, o Leicester bateu o Stoke City e conquistou a Copa da Liga Inglesa. O goleiro, e o time, voltariam a ser finalistas da competição no ano seguinte, mas o Chelsea acabou campeão. 

    O goleiro da Copa 

    As finais com o Leicester levavam Banks para a seleção inglesa. Desde 1963 ele era convocado. Em 1966, após o Leicester ter conseguido uma boa sétima colocação na Liga, com Banks tendo sofrido apenas 42 gols em 32 jogos, o goleiro foi chamado a defender o país na Copa do Mundo. E seria em casa. 

    Banks foi, do início ao fim, o goleiro titular daquela Copa que o colocaria no topo do mundo. Na estreia, um pragmático time uruguaio praticamente não deu trabalho, mas os ingleses não conseguiram evitar um 0 a 0. 

    Em seguida, os ingleses bateram o México e a França, e Banks terminou a fase de grupos sem sofrer qualquer gol. Nas quartas, Banks mais uma vez passou sem sofrer gols, na vitória magra sobre a Argentina

    A semifinal se provou mais difícil. Afinal, do outro lado estaria Portugal, de Eusébio. Foi o Pantera Negra que conseguiu acabar com a invencibilidade de Banks debaixo das traves, mas isso depois de Charlton já ter feito dois gols. 

    Banks voltara a sofrer um gol depois de 721 minutos (havia conseguido passar limpo também nos duelos contra Polônia, Finlândia e Iugoslávia antes da Copa). Ainda assim, a Inglaterra foi para a final. 

    A decisão, contra a Alemanha, foi um jogaço. Dois gols para cada lado no tempo normal, com o jogo decidido só na prorrogação. 

    Diante de quase 100 mil ingleses em Wembley, Geoff Hurst, o nome do jogo, marcou um dos gols mais contestados da história: a bola pegou no travessão, tocou no chão e saiu. Difícil dizer se entrou ou não. Até hoje há discussão. Para Banks, que estava longe, a bola entrou. Para o árbitro também. Os alemães desanimaram, Hurst ainda voltou a marcar e a Inglaterra celebrou em casa seu primeiro, e único, título mundial. 

    Mudança de clube e a defesa do século 

    Banks voltou da Copa ainda como titular do Leicester, mas via a ascensão do jovem Peter ShiltonMatt Gillies resolveu colocar Banks na lista de transferências. 

    Na época, pedir 50 mil libras por um goleiro era muito. Nem o lendário  Bill Shankly conseguiu convencer o Liverpool a fazer tal investimento. 

    Gordon Banks acabou no Stoke City, com Tony Waddington. Lá, seguiu titular e conseguiu ajudar a colocar o time entre os dez primeiros da Liga Inglesa em 1969/70. 

    1970 era ano de Copa do Mundo, e Banks seguia titular na Inglaterra. O English Team, porém, fez péssima campanha no México e caiu ainda na primeira fase. 

    Apesar disso, Banks se destacou. Contra o Brasil, acabou vendo sua equipe derrotada, mas fez, naquele jogo, a defesa mais difícil da carreira: Pelé conseguira cabeçada indefensável, mas não para Banks, que fez a chamada "Defesa do Século". 

    Banks ficou marcado por ela, e por ser o goleiro das defesas impossíveis. Seguiu as fazendo no Stoke City, onde voltou a conquistar a Copa da Liga em 1972, contra o Chelsea

    No mesmo 1972, Banks fez sua última partida na Inglaterra. Foi em Anfield, na derrota para o Liverpool. No dia seguinte, acabou sofrendo um acidente de carro que danificou a visão. 

    Banks resolveu parar de jogar. Anos mais tarde, ainda voltou para defender o Fort Lauderdale Strikers, dos Estados Unidos. Em outubro de 1977, ainda defendeu o St Patrick no dérbi de Dublin contra o Shamrock Rovers. 

    "Ele ainda não havia sido testado verdadeiramente até cinco minutos antes do fim, quando o Shamrock Rovers partiu desesperadamente para empatar. Então, um chute de 18 metros parecia certamente ter o canto superior direito como destino. Gordon deu um grande salto e o desviou. Foi o necessário para a multidão o dar uma grande ovação", escreveu o famoso escritor irlandês Con Houlihan. 

    No dia 12 de fevereiro de 2019, o mundo se despediu de Gordon Banks. Aos 81 anos de idade, o lendário goleiro faleceu após mais de três anos lutando contra um câncer renal.
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