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      Glórias, sofrimento e canonização... São Marcos do Palmeiras

      Texto por Rodrigo de Brum
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      Com uma carreira inteiramente dedicada ao Palmeiras, Marcos Roberto Silveira Reis, o Marcos, foi um daqueles jogadores respeitados até mesmo pelos rivais. Irreverente, o goleiro ficou marcado pela sinceridade, grandes defesas e também por conquistas importantes.

      A principal delas, obviamente, foi com a camisa da seleção brasileira. Importante durante toda a trajetória do penta, em 2002, Marcão foi sinônimo de segurança. Pelo clube de coração, o troféu da Copa Libertadores de 1999, o primeiro da história do Verdão, ficou marcado na mente dos torcedores. Mas a passagem de duas décadas pelo clube, é claro, também teve seus pontos baixos.

      Do interior para o mundo

      Marcos nasceu em quatro de agosto de 1973 na cidade de Oriente. O pequeno município do estado de São Paulo, com cerca de 5 mil pessoas, fica a 450 quilômetros de distância da capital  e foi, na calmaria, onde o goleiro deu seus primeiros passos no futebol.

      O clube em que iniciou sua trajetória foi o Clube Atlético Bariri e, em 1992, segundo relato do próprio Palmeiras, Marcos foi trocado por pares de chuteiras e luvas. Contratado para a equipe Sub-20, Marcos estreou na equipe principal naquele mesmo ano, em amistoso contra a Esportiva de Guaratinguetá.

      Levariam quatro anos para, enfim, o jovem goleiro fazer sua estreia para valer. No dia 30 de março de 1996, Marcos já era o reserva imediato do alviverde e substituiu o titular, Velloso, nos minutos finais contra o XV de Jaú, pelo Campeonato Paulista. Ele defendeu um pênalti nesse duelo e ganhou sua primeira sequência por conta de uma lesão do titular.

      Depois de esperar quatro anos pela estreia, Marcos teria de aguardar mais três temporadas até se firmar como titular. Novamente, uma lesão do titular absoluto Velloso abriu as portas para Marcos. Dessa vez, o garoto de Oriente passou a chave na porta e agarrou a oportunidade.

      A titularidade veio durante a disputa da Copa Libertadores e Marcos, com defesas incríveis, foi eleito o melhor jogador da competição. Era a primeira vez que um goleiro atingia esse feito. Na decisão, contra o América de Cali, o troféu veio após a disputa das penalidades máximas.

      Com a conquista sul-americana, o Palmeiras foi à decisão do Mundial de Clubes, onde o rival seria o Manchester United de Ryan Giggs, David Beckham, Paul Scholes e Alex Ferguson no comando. O duelo acabou decidido justamente em uma falha do camisa 12. Giggs foi à linha de fundo e mandou para área. Marcos tentou afastar de soco, apenas triscou na bola, e Roy Keane mandou para o fundo das redes.

      A redenção

      Na edição seguinte da Liberta, no entanto, Marcos tinha uma carta na manga. E uma defesa contra o maior rival, com o craque da equipe na batida, acabaria por dar o status de ídolo ao goleiro.

      Pelas semifinais da disputa, Palmeiras e Corinthians fizeram um clássico repleto de emoção e decidido somente nas penalidades máximas. Com o placar em 5 a 4 para o Palmeiras, o meia Marcelinho Carioca foi para a bola. Era manter o Timão vivo, ou ser eliminado. O Pé de Anjo foi para a bola, mas São Marcos voou no canto direito e deu a classificação ao Palmeiras. O bicampeonato não viria, já que o Boca Juniors levou a melhor, mas a defesa no pênalti de Marcelinho ficou para a história.

      “Eliminar o Corinthians, pegando um chute dele (Marcelinho) realmente ficou marcado. E claro que me adiantei. Se o goleiro não fizer isso, ele bate com a cabeça na trave”, disse Marcos em entrevista.

      Um ano agridoce

      Depois de pouco mais de três anos no Palmeiras, o comandante Luiz Felipe Scolari rumou ao Cruzeiro e, na sequência, assumiu o comando da seleção brasileira, em substituição a Vanderlei Luxemburgo. Marcos, que havia sido convocado pela primeira vez em 1996, com Zagallo, só seria lembrado novamente em 1999, por Luxa.

      Após hiato de dois anos, o goleiro foi convocado por Felipão, em 2001, e ganhou o estatuto de goleiro de confiança do "antigo chefe". A caminhada pelas Eliminatórias foi tortuosa, mas o Brasil fechou a disputa no terceiro posto e garantiu vaga na Copa do Mundo.

      No Mundial da Coreia e do Japão, Marcos se apresentou para todo o país. As madrugadas e manhãs foram de grandes defesas do goleiro, que foi fundamental em duelo contra a Bélgica, nas oitavas de final, e também na final, contra a Alemanha. A defesa marcante seria em cobrança de falta batida por Neuville. Marcos se esticou todo e desviou o suficiente para a bola bater na trave. Com dois gols de Ronaldo mais adiante no jogo, o Brasil faturou o pentacampeonato do mundo.

      A sequência daquele ano, no entanto, não seria nada feliz para Marcos e os torcedores do Palmeiras. Já sem grandes investimentos, o time alviverde sucumbiu no Campeonato Brasileiro e acabou rebaixado. Em um jogo eletrizante, no Barradão, o Palmeiras foi derrotado por 4 a 3 para o Vitória e caiu para a Série B. Marcos teve lesões naquela temporada e o arqueiro do Palmeiras na partida foi Sérgio.

      Naquela época, Marcos ainda foi procurado pelo Arsenal, da Inglaterra. Os Gunners fizeram proposta ao goleiro que, mesmo com seu time do coração na Série B, optou por rejeitar a abordagem e seguir no Palmeiras. Ele ainda foi acusado de não atuar contra o Vitória por já estar vendido ao clube inglês.

      Turbulência e despedida

      Na temporada seguinte, o Verdão conseguiu o principal objetivo para 2003. Depois de realizar a melhor campanha da primeira e também da segunda fase, o Palmeiras garantiu seu retorno à elite do futebol brasileiro com cinco vitórias e um empate no quadrangular final. 

      Nem só de glórias foi aquele ano. Em um momento que ficou marcado, o Palmeiras sofreu uma incrível goleada diante do Vitória, pela Copa do Brasil. O time paulista já era goleado, mas o último tento do jogo foi inacreditável. O goleiro Marcos tentou afastar a bola com um chutão, mas o ato de desabafo resultou em uma furada. O Vitória venceu por 7 a 2.

      "Estou com vergonha do nosso time. Ninguém aqui merecia colocar a camisa do Palmeiras. Ninguém, nem eu", disparou Marcos após o vexame.

      Os anos sequintes não foram nada fáceis para o Palmeiras, que viu os rivais São Paulo e Corinthians dominarem o cenário do futebol nacional. Para Marcos, que sofreu com lesões e uma fratura contra o Juventus, onde precisou colocar uma placa de titânio no braço, a situação foi ainda pior. Entre 2004 e 2007, o goleiro disputou apenas 88 jogos.

      Ainda assim, a lealdade e comprometimento de Marcos com o Verdão foram recompensados com um último troféu. No Paulistão de 2008, o time alviverde eliminou o rival São Paulo nas semifinais e despachou a Ponte Preta na decisão com direito a 5 a 0, no jogo da volta, no Palestra Itália.

      Dois anos depois, o goleiro Marcos começou a ensaiar a aposentadoria. Em uma entrevista, o jogador foi sincero e reconheceu que era chegado o momento de dar oportunidade aos mais jovens.

      "Para não manchar a imagem que construí acho uma boa parar. Pela minha situação física, o Palmeiras precisa de sangue novo, de um jogador mais paciente. Vai ser bom para todo mundo que estiver em campo e para mim, que poderei dormir tranquilamente", disse Marcos.

      A última partida oficial de Marcos aconteceria no ano de 2011. Pelo Brasileirão, o Palmeiras ficou no empate com o Avaí e o "Santo" se despediu do clube com mais de 500 partidas disputadas ao longo de quase duas décadas.

      "Quando saí de casa, meu sonho era ter sucesso, claro, mas o mais importante era conquistar o torcedor do meu time de criança, que é o Palmeiras. Saio de campo realizado e com sensação de dever cumprido. Para mim, foi uma honra vestir a camisa da seleção brasileira e, principalmente, da Sociedade Esportiva Palmeiras. Peço que vocês nunca se esqueçam de mim, porque eu nunca vou me esquecer de vocês", declarou Marcos à torcida do Palmeiras, no ano de 2012, em jogo festivo entre o Palmeiras de 1999 e a seleção brasileira de 2002.

      Entre momentos felizes e desgostos, São Marcos deixou os gramados como uma santidade. O sujeito boa praça e sincero falou ainda mais com as luvas e embaixo das traves.

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      Marcos (BRA)
      Marcos (BRA)

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