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    Dodô: O artilheiro dos gols bonitos

    Texto por Paulo Mangerotti
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    Não foram os títulos nem os prêmios individuais que eternizaram Dodô na história. Ainda que os louros tenham seu valor, às vezes mais vale ser reconhecido por algo único e inestimável. Dodô foi artilheiro, mas não anotava seus tentos, como se diz na linguagem do futebol. Dodô assinava quadros.

    O artilheiro dos gols bonitos não é uma definição qualquer, mas não há dúvidas sobre quem seja o dono dela. Dodô marcou mais de 300 gols na carreira, um dos grandes goleadores do Brasil entre a década de 1990 e os anos 2000, com sucesso por gigantes do futebol nacional e fez, até mesmo os rivais, comemoram incrédulos as suas façanhas.

    O ano mágico e a decepção

    O início de carreira de Ricardo Lucas Figueiredo Montes Raso, o Dodô, foi na categoria de base do Nacional, modesto clube historicamente ofuscado pelos gigantes da capital paulista. Do Ferrinho, o atacante se transferiu para o Fluminense, onde teve uma primeira (e breve) passagem, com um único jogo, e também passou pelo Paraná, clubes que antecederam o grande ano de sua carreira.

    No São Paulo, em 1997, Dodô deixou de ser uma promessa e se tornou uma realidade no futebol brasileiro. O jogador já havia passado antes pelo Tricolor, em 1995, mas não se firmou. Dois anos depois da primeira temporada, em que fez três gols em 19 jogos, o atacante já estava mais maduro e, aos 23 anos, entrou na história do clube como jogador com mais gols oficiais em um ano, ao lado de Serginho Chulapa.

    Dodô
    São Paulo
    1996/1997
    63 Jogos  5233 Minutos
    50   0   0   02x

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    Dodô marcou imbatíveis 50 gols naquele ano de 1997, curiosamente alcançados exatos 20 anos após Chulapa, que o fez em 1977. A marca foi distribuída em um ano de calendário recheado pelo São Paulo, que acabou como vice-campeão da Supercopa Libertadores, com Dodô como artilheiro do clube, e também de Copa do Brasil, Campeonato Paulista, Campeonato Brasileiro e Torneio Rio-São Paulo.

    Foi em 1997 que Dodô já começava a mostrar parte de seu repertório, que transitava desde a plasticidade de um chute de fora da área, para arrancadas, gols de bicicleta, voleios, gols de falta ou na simplicidade de driblar o goleiro. Naquela época, mesmo sem ser um dos nomes mais conhecidos do futebol nacional, ele se fez notar não apenas pelos números expressivos, mas pela forma como empilhava gols repetidos à exaustão nos programas televisivos por sua rara beleza.

    Em ano que antecedeu a Copa do Mundo da França, o atacante ganhou algumas convocações para a seleção brasileira, participou de cinco jogos entre agosto e novembro, sendo titular de quatro deles e com dois gols marcados. A expectativa era grande para estar na Copa de 1998, mas aquelas acabaram por ser as únicas partidas do jogador com a amarelinha, que acabou preterido no mundial por Ronaldo, Bebeto, Edmundo e Denílson, seu companheiro de São Paulo, que foram os escolhidos por Zagallo.

    Após a não-convocação para a Copa do Mundo, Dodô ainda seguiu no São Paulo por mais um ano e meio, sempre com bons números, mas longe daqueles imbatíveis 50 gols. Um dos poucos títulos que o atacante levantou na carreira foi justamente em 1998, no Campeonato Paulista, que ironicamente foi a última competição antes dos escolhidos rumarem à França.

    Estrela solitária

    Dodô é daqueles jogadores que, ao longo da carreira, acabaram por se tornar andarilhos da bola. Ao todo, foram 16 clubes defendidos, a maior parte deles de grande prestígio, mas também algumas passagens mais obscuras na reta final da carreira - prejudicada quando já veterano por um episódio de doping, que o afastou dos gramados por dois anos, quando já tinha 34 anos.

    A saída do São Paulo foi para o Santos, onde ficou entre 1999 e 2001, e então se mudou para o Botafogo, sem dúvidas o clube, além do São Paulo, onde deixou sua marca. Foram quase quatro anos de Botafogo, entre idas e vindas, umas mais e outras menos gloriosas.

    No primeiro ano de Botafogo, Dodô ajudou um clube em crise a fugir do rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Na temporada seguinte, em 2002, vinha acumulando números daqueles de dar inveja, com 26 gols em 27 jogos, mas deixou o clube antes do fim da temporada para disputar o Brasileiro pelo Palmeiras. Ironicamente, caiu para a segunda divisão junto do Verdão, numa disputa em que o próprio Botafogo também foi rebaixado.

    Depois de jogar no futebol asiático, primeiro na Coreia do Sul e depois no Japão, Dodô retornou ao Brasil para jogar no Goiás e, enfim, em 2006 vestiu novamente a camisa do Botafogo. Foi campeão carioca, saiu novamente, desta vez para os Emirados Árabes, e voltou em 2007, como de costume como um artilheiro nato - 34 gols naquele ano.

    A primeira fase da carreira de Dodô, não seria exagero dizer, acabou em 2008. No Fluminense, o artilheiro dos gols bonitos anotou, quiçá, uma de suas maiores pinturas, num icônico gol de primeira, da meia-lua, contra o Arsenal de Sarandí pela Copa Libertadores. Ali, Dodô ainda mostrava sua melhor versão, e não houve quem, Tricolor ou não, que não tenha pulado do sofá ou na arquibancada do Maracanã para aplaudi-lo de pé.

    Após a suspensão por doping, Dodô ainda jogou pelo Vasco, e depois por Portuguesa, Guaratinguetá, Grêmio Osasco e se aposentou em 2013, no Rio de Janeiro, pelo Barra da Tijuca. Dodô, por fim, definitivamente não foi um jogador que se possa qualificar com palavras ou feitos, que podem parecer pequenos para sua dimensão. Sobre Dodô, é preciso assistir, ver, rever e admirar a arte do artista que não via o gol como mero objeto. As traves foram a moldura, o fundo da rede sua tela, a bola o pincel e os pés os responsáveis por imprimir sua assinatura nos quadros.

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    Fotografias(13)

    Dodô (BRA)

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