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    Arjen Robben: A previsibilidade mortal

    Texto por Paulo Mangerotti
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    Dizem que só há duas coisas certas na vida: a morte e que o Robben vai cortar para a esquerda. Enquanto muitos craques ficam marcados na história por gols, imprevisibilidade, criatividade e dribles desconcertantes, o atacante holandês provou ser possível aliar tudo isso em uma única jogada. Pode parecer simplista demais, até mesmo injusto, resumir Robben desta forma. Não é. Você já ouviu os Ramones reclamarem por dizerem que só tocam três acordes? Robben criou seu próprio Punk e levou a Baviera à loucura.

    Nascido na pequena Bedum, na província de Groningen, em 23 de janeiro de 1984, Robben iniciou precocemente no futebol. Aos 16 anos, estreou pelo FC Groningen, e duas semanas depois de começar como profissional, saindo do banco de reservas, tornou-se titular.

    Desde cedo, Robben era um fenômeno. Franzino e rápido como uma bala, o atacante canhoto encontrou abrigo ao longo da carreira na ponta direita. Ali, naquela faixa específica do campo, nenhum marcador era páreo para Robben, mesmo nos tempos de Groningen, onde passou duas temporadas lutando contra o rebaixamento.

    O primeiro salto na carreira do atacante foi dentro do próprio futebol holandês. O PSV apostou na jovem promessa e o contratou pouco depois de completar a maoridade. Logo naquela primeira temporada em Eindhoven, Robben foi campeão holandês e eleito o craque do clube, num reconhecimento dividido com Mateja Kezman. O atacante sérvio foi o primeiro grande parceiro de ataque de Robben, uma dupla que ficou conhecida popularmente como "Batman e Robin".

    O sucesso de Robben nos primeiros anos como profissional foi tanto que, em 2003, menos de três anos após a estreia pelo Groningen, começou a vestir a camisa da seleção holandesa. Uma história de amor, decepções e confiança viria a ser construída pela Laranja Mecânica, que nunca deixou de apostar no craque, mesmo quando parecia se estagnar numa eterna promessa.

    De Robin a Homem de Vidro

    O PSV não conseguiu segurar Robben por muito tempo. Cobiçado no mercado da bola, o atacante foi uma das várias apostas de Roman Abramovich no início do império do Chelsea. O bilionário russo desembolsou 18 milhões de euros para contar com Robben em seu ambicioso projeto, mas não foi só. A ideia de Abramovich, na época, era ter para si sua própria dupla de superheróis para alavancar o clube, e assim levou também o Batman, ou melhor, Kezman.

    Diferente do que estava acostumado, Robben não decolou de cara. O atacante enfrentou lesões na primeira temporada, além de uma abruta mudança no estilo de jogo do futebol inglês. No físico, Robben sofreu com a dura marcação dos defensores e também com a concorrência de um time que vinha sendo construído junto de sua chegada. Além de Robben e Kezman, o Chelsea contratou para aquela temporada Didier Drogba e provou toda sua impaciência ao dispensar Hernán Crespo e Verón, duas estrelas argentinas.

    Apesar da participação tímida na primeira temporada, Robben fez parte da campanha do título da Premier League de 2004/05, sob comando de José Mourinho. Aquela conquista, histórica, foi a primeira dos Blues desde 1955. Foi ali que se iniciou a Era vitoriosa do Chelsea, e Robben fez parte dos primórdios, voltando a ser vencedor em 2005/06, desta vez como titular.

    No Chelsea, porém, Robben nunca chegou a ser uma unanimidade. As lesões acumuladas acabaram por render ao atacante o ingrato apelido de Man of Glass, ou, em bom português, Homem de Vidro. Sem brilhar, mas ainda visto como uma joia em potencial, foi negociado com o Real Madrid.

    Em Madrid, a história foi quase uma repetição do que se havia vivido em Londres. Pelos Merengues, Robben até triunfou, só que não foi uma peça fundamental. Fez parte da "geração holandesa" de Madrid, que contava também com os compatriotas Royston Drenthe, Wesley Sneijder, Huntelaar, Rafael van der Vaart e Ruud van Nistelroy. Apenas o último teve o sucesso que se esperava no clube.

    Entre lesões e a ideia de um "novo" Real Madrid, Robben acabou por ser negociado por milhões a menos que os Merengues pagaram aos Blues. O Real apostava numa nova Era Galáctica com Kaká e Cristiano Ronaldo. O holandês não recebeu convite para a festa.

    A redenção na Baviera e na seleção

    A transferência de Robben para o Bayern se deu na temporada 2009/10. O atacante tinha seus 25 anos e toda uma carreira pela frente. Se os bávaros teriam mais paciência que Chelsea ou Real Madrid para a decolagem de Robben é difícil dizer. Na Alemanha, o atacante não deu espaço para o azar e se tornou protagonista desde o dia um, 29 de agosto de 2009 (estreia), até o dia 3.556, 25 de maio de 2019, a despedida.

    No primeiro jogo pelo Bayern, Robben recebeu a camisa 10 e saiu do banco de reservas para marcar duas vezes, numa vitória diante do Wolfsbug. Aquela estreia foi o presságio da temporada que viria a ser a mais goleadora de sua carreira: 23 gols, o mesmo número que havia feito somando os quatro anos anteriores, na Espanha e Inglaterra. Naquele momento, Robben atingiu a melhor forma da carreira e chegou na Copa do Mundo de 2010 como um dos protagonistas da Holanda.

    Na Copa do Mundo, Robben, ao lado de Sneijder, Van Persie e companhia, por pouco, não alcançou um feito inalcançado por Cruyff, Van Basten, Rijkaard e todo panteão de jogadores holandeses. Por pouco. Por um pé de Iker Casillas, Robben não se tornou o herói de um título inédito para a Laranja Mecânica, num título que ficou para a Espanha após uma agoniante prorrogação.

    Assim como o corte infalível pela esquerda, as lesões também foram certeza na carreira de Robben. Poucas foram as temporadas completas do atacante pelo Bayern, mas sempre foi pelos bávaros o craque que se esperava.

    No clube, levantou nada menos que oito títulos da Bundesliga, disputou 309 jogos e marcou 144 gols. Uma história irreparável, onde construiu ao lado de Frank Ribery uma das duplas de pontas mais imponentes no mundo. Nos tempos de Robben e Ribery, passaram pelo Bayern diferentes centroavantes, de Mario Gomez, Klose à Lewandowski. Independente do camisa 9, a dupla criou o próprio sistema de ataque, no qual seja quem fosse o jogador centralizado, a bola chegaria invariavelmente da esquerda, ou da direita.

    Entre tantos troféus levantados na carreira, 28 ao todo, o mais marcante para Robben talvez seja o que ele deixou de ser "o Robin" para ser o próprio Batman. Robin, herói da DC Comics, não passa de um mero coadjuvante com roupas de gosto duvidoso. Robben jamais foi coadjuvante. E se alguém tem dúvidas, mostre o DVD da decisão da Liga dos Campeões de 2012/13. A histórica final alemã, entre Bayern e Dortmund, teve um protagonista, e Robben certificou de colocar sua assinatura, com um gol e uma assistência para levar o troféu até a Baviera.

    Lendário, Robben é ídolo como poucos são do Bayern. Previsível, como tantos foram, Robben talvez seja um dos únicos a alcançar a perfeição no seu modo de fazer, e por isso levou seus seguidores a tantas conquistas.

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    Arjen Robben (NED)
    Arjen Robben (NED)

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