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    O menino de três corações que se tornou o Rei Pelé

    Texto por Carlos Ramos
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    Se o futebol fosse um conto de fadas, todo mundo sabe quem seria o rei. Pelé, eleito o Atleta do Século por consagradas revistas da Europa, Maior Futebolista do Século pela Unicef e Melhor Jogador do Século pela Fifa, foi o terror das defesas e, ao mesmo tempo, o delírio dos fãs que amam o esporte. Tanto que parou guerras, foi aplaudido por rivais e acabou se tornando a grande majestade do esporte mais popular do mundo. 

    Não há quem nunca tenha ouvido falar em Pelé, e muito já foi dito sobre a história do Rei do Futebol. Mas nunca é demais lembrar como a lenda surgiu, se desenvolveu e se consagrou, elevando o futebol a patamares não antes alcançados. 

    O menino de três corações

    Pelé, nascido Edson Arantes do Nascimento, sempre brincou que era forte, pois é "um menino de três corações". E foi na cidade mineira que Edson nasceu. Lá, viveu até 1945, quando, por força da carreira do pai, Dondinho, jogador de futebol, se mudou para Bauru. 

    Foi na cidade paulista que o menino Dico virou Pelé. Edson era fã de Bllé, goleiro do time do pai. Na rua, jogava com os amigos e era goleiro. Mas ninguém entendia Bilé, que virou Pelé na boca da criançada, para depois virar história no mundo inteiro. 

    Pelé foi descoberto em Bauru por Waldemar de Brito, ex-atacante que defendeu a seleção brasileira na Copa do Mundo de 1934. Waldemar levou o menino para treinar no Bauru. Pelé virou sensação na cidade, atraindo interesse de outras equipes. 

    O Santos apareceu na jogada, conseguindo, junto a Jânio Quadros, então governador de São Paulo, a transferência do emprego público de Waldemar de Brito para a cidade. Waldemar conseguiu convencer dona Celeste, mãe de Pelé, e foi com Dondinho levar o menino para a Vila Belmiro. 

    O ídolo da Vila ganhou o mundo

    O menino de três corações brilhou cedo no Peixe, conseguindo ser destaque já aos 15 anos. Aos 16 anos, já estava convocado para a seleção brasileira. Em 1958, Pelé foi convocado para defender o país na Copa do Mundo, disputada na Suécia.

    Fora do time nos dois primeiros jogos, o atacante foi alçado a equipe titular contra a União Soviética e, a partir de então, se tornou o grande nome do primeiro título mundial do país, marcando seis gols em quatro jogos. Pelé não tremeu contra os grandes nomes. 

    O jovem atacante marcou em todos os jogos do mata-mata. Nas semifinais, fez três gols contra a França, de Just Fontaine, e na decisão, diante da Suécia, marcou duas vezes. Aos 16 anos, Pelé foi o grande nome daquela Copa. 

    Naquele mesmo ano, o jogador chegaria a incrível marca de 58 gols em 38 jogos no Campeonato Paulista, um recorde, com média de 1,53 gol por jogo. Pelé seguiria brilhando pelo Santos, e sendo campeão pela seleção brasileira. Em 1962, foi mais uma vez convocado para uma Copa. Atuou duas partidas e marcou um gol na campanha que acabou com o segundo título mundial, no Chile, mas perdeu a reta final do torneio por lesão.

    Até a Copa de 1966, Pelé conseguiu grandes atuações com a seleção brasileira e com o Santos. Derrubou a Argentina com três gols e a França, na casa dos franceses, também com três tentos. Marcou também contra a Alemanha e três vezes diante da União Soviética. 

    No Peixe, manteve média superior a um gol por jogo até 1966, que foi outro ano complicado para o Rei. A aposta da seleção brasileira para a Copa na Inglaterra foi manter a base bicampeã, mas o time, envelhecido, ainda perdeu Pelé. Ao sofrer entrada dura na primeira partida, o camisa 10 ficou de fora do segundo jogo e atuou machucado contra Portugal. Sem estar 100%, Pelé viu Eusébio brilhar e classificar os lusos. 

    Pelé chegou a expulsar um árbitro

    O prestígio de Pelé era tamanho que até os árbitros tinham dificuldade para expulsar o craque de campo. Prova disso foi um amistoso do Santos realizado contra a seleção colombiana em 1968. A estrela principal do encontro era, claro, Pelé. 

    O estádio El Campín, em Bogotá, estava lotado. Todos queriam ver Pelé. Mas, após uma confusão em campo, o árbitro Guillermo Velásquez resolveu expulsar Pelé. Azar o dele (do árbitro). A revolta foi tamanha que não houve jeito de o jogo seguir sem Pelé. 

    Guillermo acabou sendo substituído, pela federação local, pelo bandeirinha. Pelé voltou a campo, e o time brasileiro acabou vencendo a partida por 4 a 2. Foi o dia em que, mesmo sem querer, Pelé acabou expulsando um árbitro de campo.  

    O dia que Pelé parou uma guerra

    Em outro episódio do tipo, em 1969, o Santos fazia uma excursão na África. Quando chegou na Nigéria para realizar um amistoso contra a seleção do Meio Oeste, o Rei do Futebol fez o impensável: parou uma guerra. O ambiente hostil pelo confronto entre nigerianos e separatistas do Leste parou para ver Pelé. 

    Tanto que foi decretado feriado no dia do jogo do Peixe contra o combinado local. Tudo parou. Foi decretado um cessar-fogo para que o time brasileiro chegasse e saísse do estádio em segurança. O Santos acabou vencendo por 2 a 1. 

    Infelizmente, depois que o time alvinegro deixou o país, a guerra seguiu. No total, duas milhões de pessoas acabaram perdendo a vida no conflito que durou até o início da década de 1970. 

    O Rei volta em 1970

    Apesar de manter o prestígio, o Rei já não tinha números astronômicos nos anos que antecederam a Copa de 1970. Seguia sendo fora da média, mas não era o Pelé com média superior a um gol por jogo. Ainda assim, aparecia nos momentos certos para fazer a diferença. 

    Pelé chegou na Copa do Mundo de 1970 após seca de quatro jogos sem marcar pela seleção. Eram amistosos. Quando a bola rolou para valer, o craque apareceu. Logo na estreia na Copa, marcou na goleada sobre a Tchecoslováquia. 

    A seleção brasileira tinha um time dos sonhos, e mantinha atuações excepcionais. Passou por Inglaterra, Romênia e pelo Peru, de Cubillas, até pegar o Uruguai na semifinal. Na Copa de 1970, Pelé foi mais garçom que artilheiro, e deu o passe para Rivellino garantir a classificação na final com vitória por 3 a 1 sobre os uruguaios. 

    Na decisão, um verdadeiro baile sobre a Itália. Uma das melhores atuações da história da seleção brasileira, com goleada sobre os italianos por 4 a 1. Pelé fez um dos gols e deu a histórica assistência para Carlos Alberto Torres consumar o título. 

    Fim de carreira nos EUA

    Maior artilheiro da história da seleção brasileira, com 77 gols em 91 jogos, Pelé só não ganhou a Copa América com a seleção (participou uma vez, marcou oito gols em seis jogos). Com o Santos, foi campeão da Taça Brasil cinco vezes, uma do Roberto Gomes Pedrosa, 11 do Paulista, quatro do Rio-São Paulo, duas da Libertadores e duas do Mundial. É o nome maior do clube. 

    Pelé se despediu do futebol nos Estados Unidos. Após longa carreira no Santos, optou por tentar desenvolver o esporte na Terra do Tio Sam. Foi um sucesso de marketing fora de campo, mas também alcançou bons feitos com a bola nos pés. Fez 37 gols em 64 jogos pelo Cosmos, sendo campeão da North American Soccer League.

    Mesmo com as chuteiras penduradas, Pelé seguiu sendo a referência para as novas gerações. O homem que fez do Brasil viver no imaginário de todo o mundo, apesar de todos seus problemas, como um lugar místico em que a magia brotava dos pés de seus habitantes como um direito de nascença: o país do futebol.

    O tempo nunca retirou de Pelé a sua majestade. Mas cobrou seu preço a Edson Arantes do Nascimento. A batalha inglória contra o câncer se arrastou por longa temporada até encontrar seu desfecho no dia 29 de dezembro de 2022. E fez mais uma vez o mundo para para lhe prestar reverência, a última, a um Rei que transcendeu as fronteiras do Brasil, e até do futebol.

    Nunca haverá outro como Pelé, o jogador mais completo da história: marcou gols antológicos de cabeça, com a perna esquerda, direita, dava passes geniais e foi até goleiro (atuou quatro partidas pelo Santos na meta em tempos que não existia substituições). Edson existem muitos, mas Pelé, só um. E é o Rei, e é eterno. 

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    O dia do funeral do Rei Pelé

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