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    1991: Telê acaba com o sofrimento tricolor

    Texto por Carlos Ramos
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    O Campeonato Brasileiro de 1991 marcou o fim dos traumas tricolores. Marcou, também, o primeiro grande ato de um time que conquistaria o mundo. Vice-campeão nos dois anos anteriores, o São Paulo sabia que tinha que fazer tudo perfeito para ser campeão. E conseguiu, com o perfeccionismo de Telê Santana, dominar o Brasil.  

    Aquele Brasileirão foi simples na estrutura, com 19 jogos entre 20 times na fase classificatória, semifinais e finais. Um surpreendente Bragantino tentou fazer frente, com a vice-liderança da primeira fase. 

    Mas o São Paulo não quis dar muita chance. Sólido, perfeccionista como Telê, avançou em primeiro, e se manteve soberano. Quebrou, enfim, a maldição dos vice-campeonatos anteriores. 

    O perfeccionista São Paulo 

    Convidado por oGol, um dos pilares daquele time, o zagueiro Ricardo Rocha lembra que, depois do vice-campeonato de 1990, a decisão da diretoria são-paulina de manter Telê no comando fez toda a diferença. 

    "O Telê era um cara perfeccionista, que adorava fazer trabalhos técnicos com os meninos da base. Ele gostava de melhorar sempre. E as duas coisas casaram: Telê para São Paulo, o São Paulo para o Telê. Se você recordar, a gente perde em 1990 com ele, contra o Corinthians. Se é outro time, poderia ter mandado Telê embora. E o São Paulo teve a paciência de manter o Telê. No Brasil, você sabe, perde um título, qualquer coisa, é mandado embora. O São Paulo, naquela época, era um time de uma política boa, séria, e mantiveram o Telê. O grande sucesso foi ter mantido o Telê", garantiu.

    Ricardo Rocha lembra que aquele São Paulo do início da década marcou o início de um dos times mais vitoriosos da história do futebol brasileiro. 

    qO São Paulo, naquela época, era um time de uma política boa, séria, e mantiveram o Telê. O grande sucesso foi ter mantido o Telê

     "O São Paulo sempre teve grandes grupos vitoriosos, se pegar ao longo dos anos. Mas esse grupo dá o salto de qualidade. Depois que a gente ganha aquele brasileiro, o São Paulo começa a fazer jogos na Europa, ganhar de Real Madrid, de Barcelona. Você começa a ver o São Paulo. E ganha tudo: Libertadores, Mundial. Foi um grupo formado a partir de 89 que foi se fortalecendo, com a mescla da base e contratações", analisou. 

    Um dos pontos fortes daquele time foi a defesa. O Tricolor terminou aquele Brasileirão com a melhor defesa, com apenas 15 gols sofridos ao longo de 23 partidas. O time teve uma sequência de 13 jogos sem perder na competição. 

    "Se você pegar a defesa de São Paulo, eu falo até hoje isso: no título mundial de 1994, Zetti, Cafu, eu e Leonardo fomos. De cinco de trás, quatro estavam na seleção. Para você ver a força que era a defesa", salientou.

    O zagueiro destacou ainda a proteção dada pelos volantes. "A defesa era muito forte mesmo, e os volantes eram bons e sabiam jogar. A gente tinha um esquema que era o Ronaldão de volante e o Bernardo, protegendo o Raí", destacou. 

    A ida de Ronaldão para o meio surgiu de uma lesão no joelho de Flávio Campos. Em conversa com oGol, o meia lembrou que perdeu a posição e não teve chance de recuperá-la, já que o time se acertou. 

    "Eu terminei o Campeonato Brasileiro como reserva. O Telê improvisou o Ronaldão em uma lesão minha, de joelho, e ele ficou, porque o tinha ganhou tudo e estava certo. O time estava ganhando e não tinha como. Ele tinha que continuar e continuou, e o time foi campeão assim", recordou. 

    O Tricolor eliminou o Atlético Mineiro na semifinal, com um 0 a 0 no Morumbi. Na decisão, dois jogos sem sofrer gols contra a surpresa Bragantino. Ricardo Rocha ressaltou o adversário. 

    "O Bragantino era um belo time, e treinado por um grande treinador, que seria campeão em 1994 com a gente (Carlos Alberto Parreira). E tinha também o Mauro Silva. O Bragantino era um grande time", analisou Ricardo. 

    No primeiro jogo da decisão, vitória tricolor por 1 a 0, gol de Mário Tilico. Na partida, porém, Telê perdeu Elivélton, machucado. E Ricardo Rocha recorda a decisão do treinador.

    "O Telê teve de fazer uma mudança tática: o Zé Teodoro foi jogar a final na lateral direita, e o Cafu foi jogar na ponta esquerda. Pouca gente sabe disso. O Cafu jogava de várias posições. O lateral do Bragantino, Gil Baiano, era bom no apoio. Então o Telê coloca o Zé Teodoro na lateral direita e o Cafu na ponta esquerda". 

    Com a mudança de Telê, o São Paulo segurou o 0 a 0 contra o Bragantino e, depois de dois vice-campeonatos seguidos, conseguiu, enfim, soltar o grito de campeão. 

    Números da edição

    Média de gols: 2,22 gol/jogo

    Melhor ataque: Atlético Mineiro - 30 gols

    Melhor defesa: São Paulo e Portuguesa - 15 gols sofridos

    Artilheiro: Paulinho McLaren - 15 gols

    Jogador com mais jogos: Zetti (São Paulo), Nei e Alberto Félix (Bragantino) - 23 jogos

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