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    A Celeste Olímpica: 1920-1930

    Texto por ogol.com.br
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    Foi, provavelmente, o primeiro grande esquadrão da história do futebol de seleções. A Celeste Olímpica, apelido que ganhou a seleção uruguaia pelo desempenho na década de 1920, dominou o futebol na época, sendo a primeira seleção campeã mundial. 

    O futebol engatinhava naquela época, ainda mais na América Latina. Mas o "couro" já havia sido trazido pelos imigrantes da Europa e no Rio da Prata, o futebol ganhou novas formas. 

    A cultura do jogo foi modificada para sempre. Se na Europa a Inglaterra, então potência no esporte, pioneira e respeitada, impunha um jogo físico, rigoroso, objetivo, o futebol uruguaio era o oposto, era uma verdadeira anarquia revolucionária. 

    No livro "A Pirâmide Invertida", o autor Jonathan Wilson cita o antropólogo Eduardo Archetti para lembrar que a libertação dos ideias ingleses na América do Sul teve influência de espanhóis e italianos. O futebol uruguaio era um futebol "em favor da habilidade e sensualidade". 

    O próprio escritor uruguaio Eduardo Galeano escreveu que "assim como o tango, o futebol floresceu nas favelas". Das favelas trouxe a ginga, a técnica, a ousadia, a verdadeira anarquia futebolística. 

    "Como os dançarinos desenhavam filigranas sobre partes diminutas do piso de azulejo, do mesmo modo os jogadores de futebol criavam sua própria linguagem naquele pequeno espaço onde escolhiam ficar com a bola, em vez de chutá-la, como se seus pés fossem mãos trançando o couro. Aos pés dos primeiros crioulos virtuosos, nasceu el toque: a bola era dedilhada como se fosse um violão, um manancial de música", explicou Galeano. 

    No Brasil nesta época, o futebol ainda era predominantemente das elites. Apesar do título brasileiro da Copa América de 1919, disputada nas Laranjeiras e vencida diante dos uruguaios, o Brasil ainda não era uma potência no esporte. 

    O "tango" de uruguaios e argentinos falava mais alto. Mas na década de 1920, os uruguaios não deram chance aos rivais do outro lado do Rio da Prata e dominaram o continente. E não só. 

    A Celeste Olímpica 

    As grandes façanhas dessa inesquecível seleção uruguaia começaram ainda em 1920. Com direito a um incrível 6 a 0 em cima do Brasil, campeão um ano antes, os uruguaios, dos artilheiros José Pérez e Ángel Romano, faturaram a Copa América de 1920, disputada no Chile. 

    Foi o primeiro de uma sequência incrível de títulos dos uruguaios. Em 1923, o atacante Pedro Petrone brilhou e o Uruguai, com vitórias sobre Argentina e Brasil, faturou mais uma Copa América. 

    Ganhou, ainda, o direito e ir para Paris disputar as Olimpíadas. O Uruguai, então, deixou de ser o dono da América para ser o dono do mundo, e se tornou, para sempre, a Celeste Olímpica. 

    A campanha na França abriu os olhos da Europa para o futebol jogado na América do Sul. A estreia foi avassaladora: 7 a 0 em cima da Iugoslávia, e Petrone e Romano seguiam voando. 

    Com o futebol uruguaio e também com o futebol húngaro e sua escola danubiana, a Europa via que o futebol poderia, sim, deixar de lado a força física para virar, de fato, uma arte. 

    Só que os húngaros caíram logo, e o Uruguai seguiu adiante. Inclusive com um histórico 5 a 1 diante da França, dona da casa. A torcida local se rendeu ao futebol dos sul-americanos. 

    O golpe derradeiro foi em cima da Suíça: 3 a 0. Romano voltou a marcar, assim como Petrone, que foi o artilheiro das Olimpíadas, com sete gols. A Celeste era Olímpica, e dourada. 

    O tango dominou o mundo 

    A forma como o Uruguai conquistou o mundo foi impressionante. Até porque, na época, os Jogos Olímpicos serviam quase como uma Copa do Mundo. 

    A América já era pequena para os uruguaios, que voltaram a conquistar a Copa América em 1926 e, dois anos mais tarde, defendiam o título olímpico em Amsterdã. 

    Os sul-americanos já não eram nenhuma surpresa, mas nem por isso conseguiam ser batidos. A Holanda foi a primeira vítima uruguaia, e logo disse adeus ao sonho do ouro em casa. 

    Ao longo da campanha, a Alemanha foi massacrada, enquanto a Itália fez jogo duro. Só que a forte defesa italiana não foi páreo para o ataque uruguaio, que fez três gols e venceu por 3 a 2. .

    Amsterdã viu, então, uma final sul-americana, já que a Argentina também deu show ao longo das Olimpíadas. A rivalidade do Rio da Prata fez Amsterdã pegar fogo no dia 10 de junho de 1928. Só que o empate, em 1 a 1, não resolveu nada. 

    O ouro olímpico só foi decidido no jogo-desempate, realizado no dia 13 de junho. Foi outro jogaço. A Argentina, do goleador Domingo Tarasconi, tinha um timaço, mas, com gols de Roberto Figueroa e Héctor Escarone, o Uruguai venceu, por 2 a 1, para se tornar bicampeão olímpico. 

    Campeão pioneiro 

    Campeão olímpico, o Uruguai ganhou a grande honra de organizar a primeira Copa do Mundo da Fifa da história do futebol, em 1930, ano do centenário da independência uruguaia. 

    Boa parte das seleções europeias se recusaram a cruzar o Atlântico para disputar o torneio, o que não tira os méritos de quem esteve em campo. 

    O grande palco foi o Estádio Centenário de Montevidéu, onde foram jogadas muitas das partidas daquela Copa. Na época, era quase consenso que o título ficaria entre Uruguai e Argentina, mas os donos da casa e bicampeões olímpicos eram os favoritos. 

    Uruguaios e argentinos dominaram seus grupos e massacraram nas semifinais: as duas seleções venceram por 6 a 1 Iugoslávia e Estados Unidos, respectivamente. 

    A final tão aguardada aconteceu no dia 30 de julho, diante de mais de 70 pessoas apinhadas no Centenário. Foi, como o esperado, um grande jogo de futebol. 

    Carlos Peucelle e Guillermo Stabile ignoraram um gol cedo de Dorado e mandaram os argentinos ao intervalo em vantagem. Mas o segundo tempo foi um verdadeiro massacre. 

    Pedro Cea, Victoriano Santos Iriarte e Héctor Castro, para delírio do Centenário, conseguiram a reviravolta e a Celeste Olímpia se consagrou como a primeira campeã mundial da história. Foi o ápice, e o fim, para uma das maiores seleções da história do futebol. 

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