Dadá Maravilha é, indiscutivelmente, um dos personagens mais folclóricos da história do futebol brasileiro. E, mais do que isso, era também um artilheiro nato. Por mais que não fosse o jogador mais técnico, ele dominava como poucos a arte de fazer gols. No dia 7 de abril de 1976, Dadá entregou uma chuva de gols dar inveja aos maiores craques, de Pelé à Messi: dez de uma só vez, em um 14 a 0 do Sport no Campeonato Pernambucano.
A partida era contra o Santo Amaro, atualmente conhecido como Manchete - o clube mudou de nome depois de ser comprado por um empresário na década de 1990. Naquele 7 de abril, uma quarta-feira, Dadá já tinha uma estratégia traçada para favorecer o Sport: marcar o adversário sob pressão. Por que? Segundo o próprio atacante conta, os jogadores do Santo Amaro trabalhavam durante o dia e comiam apenas um sanduíche antes do jogo.
“Marcamos sob pressão, deu cãibra neles, aí eu fiz dez gols porque os caras ficaram com fome e cansados, tadinhos”, disse bem-humorado Dadá, em entrevista ao programa Roda Viva de 1987.
Verdade seja dita, o fôlego do Santo Amaro acabou mesmo no segundo tempo da partida. Antes do intervalo, o Sport vencia por 3 a 0, com um gol do ex-centroavante Miltão e dois de Dadá.
Na segunda etapa, porém, a porteira abriu. Logo aos 4 minutos, o ‘Peito de Aço’ – um dos vários apelidos que Dadá ganhou ao longo da carreira – alcançou o hat-trick. Em um intervalo de sete minutos, aconteceram mais incríveis quatro gols, sendo um deles de pênalti. Mesmo com 8 a 0 no placar, nem Dadá, nem o Sport pararam, o atacante se consagrou fazendo mais três, Miltão fez seu segundo e o português Peres anotou um tento.
Os dez gols de Dadá em um único jogo não são propriamente um recorde exclusivo no Brasil, uma vez que há registros históricos de pelo menos dois feitos iguais. Em 1943, também em um jogo entre clubes pernambucanos, o Náutico fez 21 a 3 no Flamengo de Pernambuco e Tará foi responsável pela metade dos gols. Quatro anos antes, em 1939, Mascote teria feito dez pelo Sampaio Corrêa contra o Santos Dumont. O Rei Pelé bem que tentou alcançar a marca, mas parou nos oito gols contra o Botafogo de Ribeirão Preto no Campeonato Paulista de 1964.
Conhecido pelas frases de efeito e polêmicas, Dadá contou, na época da goleada, que o azar do Santo Amaro era que ele precisava perder uns quilos para o jogo contra o Náutico, o próximo adversário do Sport naquele Estadual. Dadá Maravilha não brincava em serviço. O Clássico dos Clássicos, como é conhecido o confronto, terminou em 2 a 1 para o Leão da Ilha. Quem marcou os dois gols? Acho que você já sabe…
14-0 | ||
Miltão 12' 78' Dadá Maravilha 25' 27' 49' 56' 58' 60' 63' (pen.) 69' 76' 89' Fernando Peres 54' Lino 80' |