A Batalha dos Aflitos começou muito antes de a bola rolar. Começou no momento em que a delegação gremista desembarcou em Recife. O Grêmio lutava com o Náutico por um lugar na Série A do Brasileiro. Era o último jogo do quadrangular final daquela Série B, e só uma vitória interessava ao Timbu.
Quando os gaúchos desembarcaram em Recife, começou a batalha. Carro de som e fogos na frente do hotel tentaram atrapalhar a noite dos tricolores. No dia do jogo, o ônibus não conseguiu levar os jogadores para dentro do estádio. Os atletas desceram no meio da torcida pernambucana, e ouviram tudo o que se pode imaginar.
O vestiário havia sido pintado pouco antes. O cheiro de tinta, contaram alguns jogadores, era insuportável, sufocante. Um clima de guerra, terror, para deixar tudo adverso aos visitantes para quando a bola rolasse. "É guerra", já diziam os jogadores nos vestiários.
Até para entrar no campo foi difícil. A porta do vestiário estava trancada com cadeado. Policiais impediram os atletas de aquecerem no campo. Só perto do início do encontro o Grêmio conseguir ir para o gramado. E junto com o Náutico. Naquele clima. Imagina para jogar futebol...
Guerra também em campo
O clima de guerra foi para o campo. O jogo não foi nada bonito, muito pelo contrário. Muitas pancadas, divididas, discussões, e pouco futebol. Além de muito brigado, o duelo foi ganhando também contornos dramáticos.
Aos 31, Paulo Matos brigou pela bola com Domingos na área. O zagueiro acabou derrubando o atacante. Era o primeiro pênalti do dia para o Náutico, o primeiro desperdiçado. Na cobrança, Bruno Carvalho mandou a bola no poste de Galatto.
A coisa ficou ainda mais quente no segundo tempo. O chileno Escalona foi o primeiro gremista expulso. Aos 34, o árbitro, após não ter marcado um pênalti cometido por Galatto, marcou penalidade indevidamente em lance em que a bola pegou no braço de Nunes, mas o volante tinha o braço junto ao corpo.
Começou, então, uma enorme confusão. Uma verdadeira batalha. Três jogadores acabaram expulsos. Atletas brigavam com o árbitro e a polícia. Foram mais de 25 minutos de jogo parado. O presidente gremista, Paulo Odone, chegou a mandar os jogadores saírem de campo.
No fim, os atletas seguiram em campo. Ademar foi para a bola, e Galatto virou herói. Ainda deu tempo para, depois de Batata ser expulso do outro lado, Anderson marcar o gol da vitória e do título tricolor. Final épico de uma batalha inesquecível.
0-1 | ||
Anderson 90' |