Não foi noite de milagre em Montevidéo. O Peñarol bem que tentou, venceu, por 3 a 1, e lutou até o último segundo. Mas o Botafogo, com uma vitória irrefutável no Rio, com direito a poupar jogadores, se garantiu na decisão da Libertadores mesmo com a derrota na capital dos uruguaios.
A decisão da Libertadores da América será, mais uma vez, brasileira. O Glorioso terá pela frente o Atlético Mineiro, que eliminou o River Plate na terça-feira. A decisão será na Argentina, dia 30 de novembro.
Esperança uruguaia
Mesmo sem o "alçapão", o Peñarol começou o jogo pressionando. Atrás do caminhão de gols que precisava. Após jogada de Báez pela direita, Léo Fernández ficou com sobra de bola na entrada da área e bateu forte, mas sem acertar o alvo. Báez teve chance clara aos cinco, ao receber falta de Léo Fernández livre na direita da área. Pegou de primeira, bateu forte, mas sem acertar o alvo.
Os uruguaios dependiam, e muito, da categoria de Léo Fernández, a referência criativa da equipe. O meia conseguia fazer a diferença principalmente quando recuava para buscar jogo. Os brasileiros sofriam, também, com as bolas invertidas, e acabaram acuados nos primeiros minutos.
Só aos 20, o Botafogo conseguiu sair ao ataque, e quase chegou ao gol. Após conseguir falta pelo meio, Alex Telles cobrou no capricho, com força e ângulo. A bola passou muito perto da trave. Savarino, em seguida, também arriscou de fora, mas mandou para fora.
Já aos 30 minutos, quando a pressão parecia arrefecer, o Carbonero chegou ao gol. Báez recebeu na canhota, trouxe por dentro e soltou uma pancada do meio da rua. A bola foi no ângulo de John, que não conseguiu chegar na bola, apesar de ter tocado nela. 1 a 0. Faltavam quatro...
Era quase palpável o frisson no estádio. O segundo gol quase saiu logo na sequência: Rodrigo Pérez recebeu escanteio na área e mandou cabeçada no cantinho. A bola pegou na trave e, na sequência, Danilo, ao tentar afastar, chutou em cima de Marlon Freitas. A bola quase entrou.
Perto do intervalo, novo milagre evitou o segundo gol uruguaio. John tentou segurar cruzamento na área e caiu após dividida. Pérez concluiu na sobra, e Bastos evitou o gol em cima da linha. Em seguida, o árbitro marcou falta sobre o goleiro botafoguense, o que não invalida o susto.
Noite de milagre?
O goleiro Aguerre, no caminho do vestiário, acabou mudando a história do jogo. Deu um pisão em John, como se estivesse provocando o goleiro botafoguense, que estava pendurado. Foi expulso de campo e deixou sua equipe com um a menos para o segundo tempo.
O Botafogo voltou com um jogador a mais e com Thiago Almada. Logo no começo do segundo tempo, ainda viu o árbitro marcar um pênalti a seu favor, mas o VAR alegou que a mão na área não foi intencional. Aos poucos, um jogo que parecia nas mãos do Glorioso foi voltando a se tornar caótico.
Primeiro foi Báez, muito ativo no jogo, a acender de novo o Centenário. O atacante recebeu pela canhota, cortou para a perna direita e soltou uma pancada. A bola explodiu a rede de John e, também, a torcida, que voltou a jogar junto.
Para ficar pior, pouco depois, Mateo Ponte, de forma tão infantil quanto Aguerre, acabou expulso com dois amarelos seguidos e permitiu que a pressão uruguaia ficasse maior. O Peñarol voltou a se adiantar, e o Bota errava tudo. Além do mais, parecia nervoso. Parecia ser ele a perder no agregado.
Mas os espaços eram claros. Não precisava de muito para sair na cara do gol, já que o rival estava todo adiantado. Marlon Freitas, em contra-ataque, saiu sozinho e ficou de frente para o goleiro De Amores, que saiu bem para fazer a defesa e manter acesa a esperança uruguaia.
Em outro contragolpe, não teve jeito. Alexander Barboza fez grande lançamento para para Thiago Almada, que deu um drible desmoralizante no zagueiro para deixá-lo no chão. O argentino abriu com Marlon Freitas e apareceu na área para receber de volta, com o gol aberto, para descontar. Mas não adiantou muito: Facundo Batista, no ataque seguinte, voltou a dar dois gols de vantagem para os donos da casa.
Só que o tempo já não era um amigo. O jogo já estava perto dos acréscimos. O Peñarol tinha que marcar um gol por minuto. Nunca deixou de tentar, é verdade. Acreditou, sempre, no milagre. Mas um milagre só não bastava no Centenário: eram necessários três milagres e meio para tirar a vaga do Botafogo na final. Pela primeira vez na história, o Glorioso está na decisão da Libertadores. O segundo tempo de melhor time da América no Rio foi suficiente para colocar a Estrela Solitária na decisão. Será um embate de titãs contra o Atlético Mineiro.