Um clube sem rumo. O Paraná, de ascensão e queda meteórica na esfera do futebol nacional, definha agora até mesmo a nível regional. O time da Vila Capanema, que chegou a disputar Libertadores nos anos 2000 e foi figura frequente no Brasileirão do início do século, luta cada vez mais por sua existência.
O "fundo do poço" do Paraná parecia ser a queda para a Série D. Na temporada passada, o Paraná foi rebaixado como resultado de anos de uma crise financeira e política, inciada há mais de uma década, e que envolveu perda de patrimônio e prestígio. O novo capítulo, ainda mais surpreendente, surge no campeonato estadual.
O Paraná encontra-se, hoje, na luta contra o rebaixamento do Campeonato Paranaense. Em seis jogos disputados, o clube tem apenas uma vitória, diante do Azuriz, e acumula cinco derrotas - quatro delas em sequência, a última na quarta-feira (9), diante do Cascavel.
O resultado da péssima campanha é a 10ª posição no estadual, na frente apenas de Rio Branco e União Beltrão. Por hora, o Paraná está fora da zona de rebaixamento apenas devido aos critérios de desempate - o saldo negativo de seis gols é melhor do que o do Rio Branco.
A estratégia adotada pelo clube após o rebaixamento para a última divisão do futebol nacional foi uma necessária reformulação completa do elenco, seja por motivos financeiros ou esportivos. Mais de 20 jogadores que estiveram no Paraná em 2021, não vestem mais a camisa do clube neste ano. Para repor tantas saídas, ou melhor, construir um time praticamente do zero, o clube foi ao mercado e contratou igualmente duas dezenas de atletas.
A queda repentina do Paraná assusta. Para quem não se lembra, o clube foi fundado em 1989, como resultado da fusão entre Colorado e Pinheiros, dois clubes que nas décadas de 1970 e 80 apareceram algumas vezes na elite do futebol brasileiro. Jovem, o Paraná se tornou rapidamente uma potência do futebol de seu estado, com títulos Paranaenses seguidos e surgimento nos campeonatos nacionais. De forma ininterrupta, o Paraná esteve na primeira divisão do Brasil entre 1993 e 2007.
Lá em 2007, ano que disputou sua primeira e única Libertadores, o clube acabou rebaixado para a Série B. Foi nesse momento, em que alcançou o cume de sua breve história, que o Paraná ironicamente caiu num poço sem fundo. Entre 2008 e 2017 o clube morou na segunda divisão, e inclusive chegou a cair também no estadual. Em 2018 voltou para a Série A, mas foi apenas uma última aparição, indigna da primeira passagem pela elite. Nos últimos anos, o Paraná se especializou em rebaixamentos: 2018 foi da A para a B, em 2020 da B para a C, em 2021 da C para a D.
Diferente de quando suspirou no passado, o Paraná depende hoje diretamente do desempenho no estadual, ou pelo menos da Série D que terá pela frente. O clube apenas está garantido na quarta divisão pois foi rebaixado no ano passado. Se sequer se mantiver na primeira divisão do estadual e não conseguir ao final da temporada o acesso para a Série C, o clube, por fim, vai conhecer o fundo do buraco que parecia não ter fim: ficará sem divisão.
