As seleções perfiladas. O hino brasileiro tocado e completado à capela pela torcida no estádio. A canarinha em campo. O show. É Copa do Mundo. É muita Copa do Mundo e com direito a todos elementos que envolvem uma Copa com Brasil em campo. Teve show, teve joga bonito. O futebol arte. O Brasil não tomou conhecimento da seleção do Panamá e venceu por 4 a 0.
A estreia vitoriosa foi marcada pela grande atuação da meia Ary Borges, autora do primeiro hat-trick deste mundial. Com o triunfo, o Brasil assume a liderança do Grupo F, completado por Jamaica e França, que empataram sem gols na estreia.
Pressão total
Intensidade e pressão. Desespero e impotência. A fome de gol da seleção brasileira na estreia da Copa do Mundo acuou o Panamá, que foi um espectador do lugar mais privilegiado do estádio: dentro de campo.
O Brasil foi com tudo para cima do Panamá desde o apito inicial. A bola mal começou a rolar e a seleção já havia dado o primeiro "chute" a gol, que na verdade foi uma cabeçada de Zaneratto após cobrança de escanteio. De fora da área, a seleção ainda foi perigosa e parecia começar a testar a goleira Bailey, em chutes de média distância de Antônia e novamente Zaneratto.
Dada a superioridade do Brasil, pode-se até dizer que o primeiro gol demorou a sair. A pressão total deu resultado aos 18 minutos, em lance que Debinha teve muita liberdade pela ponta esquerda, avançou como quis, cruzou na segunda trave e Ary Borges apareceu livre, sem qualquer marcação, como elemento surpresa e completou de cabeça, 1 a 0.
As panamenhas, até então postadas defensivamente em busca dos contra-ataques, que não encaixaram uma vez sequer no primeiro tempo, tentaram avançar as linhas em busca do empate. Era o que o Brasil precisava. Com amplo domínio da posse de bola, a seleção conseguir criar ainda mais e quase marcou o segundo com Luana: a volante arriscou um belo chute colocado, da meia lua, mas a goleira Bailey impediu com uma grande defesa de mão trocada.
O segundo gol brasileiro veio novamente com Ary Borges. A ex-jogadora do Palmeiras, que atualmente joga nos Estados Unidos, se mostrou uma grande oportunista. Em novo lance que nasceu na esquerda, desta vez com Tamires. A lateral cruzou, Debinha cabeceou, parou em defesa de Bailey, mas a sobra ficou com Ary, que só teve o trabalho de empurrar para o fundo da rede, 2 a 0.
Futebol arte

Quem levantou no estádio para ir ao banheiro no intervalo e não voltou a tempo, perdeu a oportunidade de entender, ao vivo, como é feito uma obra de arte. O futebol arte. Um golaço na melhor definição do dicionário da bola.
O relógio mal marcava os dois minutos do segundo tempo quando Tamires lançou Debinha pela esquerda. A atacante tabelou com Adriana, que devolveu de letra. Debinha cruzou para Ary, que tinha a chance do hat-trick, mas decidiu guardar para mais tarde. Com frieza e inteligência ímpar, Ary só deixou de calcanhar para Bia Zaneratto, que fuzilou no ângulo e marcou o gol mais bonito desta Copa do Mundo, 3 a 0.
Quase um mero espectador do show brasileiro, o Panamá só chegou ao primeiro chute a gol aos 12 minutos do segundo tempo. A lateral esquerda Baltrip-Reyes avançou sozinha pela esquerda, invadiu a área brasileira e não tinha com quem jogar. A decisão foi por um chute colocado, que foi defendido sem grande dificuldade por Lelê.
Lembra do hat-trick guardado por Ary Borges? Ele não foi esquecido pela meia. Em um lance muito parecido com os dois gols anteriores que marcou, Ary aproveitou cruzamento que veio da esquerda e completou de cabeça, por baixo das pernas da goleira Bailey: 4 a 0 para o Brasil e o primeiro hat-trick da Copa para Ary, agora artilheira da competição.
No show brasileiro, ainda houve um gesto de carinho de Pia Sundhage. A treinadora sueca substituiu Ary para ser aplaudida pelo público e colocou em campo a majestade. A rainha Marta entrou em campo em sua sexta Copa do Mundo, numa estreia que não poderia ser mais empolgante para a busca pelo título inédito.
