O Estádio De La Beaujoire esperava tudo, menos uma derrota. Resultado que nunca aconteceu contra a seleção feminina do Brasil. Seleção esta que, na fase de grupos, venceu apenas a Nigéria, e avançou entre as melhores terceiras colocadas. Só que o futebol é apaixonante por esquecer a lógica às vezes. Não houve a Marselhesa em Nantes. Houve uma vitória inédita brasileira, que vingou gerações.
Com gol de Gabi Portilho, e com direito a pênalti defendido por Lorena, uma gigante, a seleção brasileira feminina venceu, pela primeira vez na história, a seleção francesa. Justamente em uma Olimpíada em solo francês. Quando as brasileiras eram mais zebras que nunca...
Nas últimas vezes que se enfrentaram, o favoritismo não era tão grande. Na Copa de 2019, o jogo foi bem equilibrada, mas o Brasil sucumbiu no jogo aéreo francês e acabou caindo nas oitavas de final com gol de Amandine Henry na prorrogação.
O duelo do Mundial de 2019 foi o único mata-mata entre as seleções femininas. Foram outros dois jogos de Copa: 2003, 1 a 1, e ano passado, mais um 2 a 1 para as francesas. Ambos (duelos) ainda na fase de grupos.
Ao longo da história, foram 12 duelos, com sete vitórias francesas e cinco empates. No 13º jogo, a primeira vitória brasileira. 13, o número que dá sorte para a seleção brasileira...
Vitória para vingar gerações
Se no futebol feminino, Brasil e França só começaram a se enfrentar neste século, a partir de 2003, a história do confronto no masculino completará um século nesta década. O primeiro jogo foi já em 1930, com vitória brasileira por 3 a 2, em amistoso disputado nas Laranjeiras. Arthur Friedenreich, o primeiro ídolo da história do futebol brasileiro, e Heitor Domingues deram a vitória ao Brasil.
Por falar em 13, em 1958, pela única vez, a seleção brasileira havia vencido a França em um mata-mata (até o sábado). O Brasil, com Zagallo, Vavá, Pelé e Garrincha, fez 5 a 2 nos franceses na semifinal daquela Copa, com um show do Rei, que fez três gols.
Depois disso, vitórias em amistosos, mas eliminações e derrotas sofridas em competições oficiais. Em 1986, a lembrança do pênalti perdido por Zico não sai da cabeça (até de quem não havia nem nascido naquele dia). O Brasil caiu nas quartas. Em 1998, as cabeçadas de Zinedine Zidane retardaram em quatro anos o penta, e vitória francesa na final do Stade de France.
A eliminação nas semis da Copa das Confederações de 2001 talvez nem seja lembrada, mas a imagem de Roberto Carlos ajeitando as meias no gol de Henry em 2006 nos acorda em pesadelo de vez em quando.
Foram muitos traumas e eliminações desde 1958. Neste sábado, enfim, um gostinho de vitória. E na casa delas, o que torna o resultado mais especial ainda. Obrigado, Lorena. Gabi Portilho. Vocês vingaram algumas gerações de decepções.