Há coisas que só acontecem no Campeonato Paulista. A bizarra situação de Portuguesa e São Bernardo ao fim da fase de grupos é uma destas, expondo as falhas do regulamento do estadual. A Lusa comemorou a classificação para as eliminatórias com a quarta pior campanha do campeonato, enquanto a equipe do ABC se despede com desempenho melhor que três dos classificados.
Avançar para as quartas sem ter uma das oito melhores campanhas não é novidade no Paulista neste modelo. Na disputa de 2024, no entanto, a disparidade foi tão grande que causou espanto. Bom para a Portuguesa, triste para o São Bernardo.
A Lusa, ainda em fase de reconstrução depois de uma década difícil, lutou contra o rebaixamento até a última semana da peleja. Ao todo, o clube somou 10 pontos no Paulista, com apenas três vitórias em 12 jogos - foram oito derrotas e um empate. Uma campanha ruim, premiada ao fim com uma classificação inesperada.
Alocada no grupo A, a Portuguesa se beneficiou da fragilidade dos outros clubes da própria chave. Ituano, com seis pontos, e Santo André, com oito, acabaram rebaixados. Com isso, a Lusa terminou em segundo lugar, abaixo do Santos. Na classificação geral, seria a quarta pior campanha, empatada em pontos com o Guarani, que venceu um jogo a menos e perde no desempate.
O São Bernardo viveu a situação oposta. Quinta melhor campanha na classificação geral, com 21 pontos, o time do ABC se viu prejudicado pelo regulamento em um grupo que teve dois rivais com um ponto a mais: São Paulo e Novorizontino.
Além da Portuguesa, Inter de Limeira (17 pontos), Ponte Preta (17) e Red Bull Bragantino (21) se classificaram com campanha pior que o São Bernardo (o Braga teve pior saldo apesar do empate na pontuação). Não será fácil para o time do ABC digerir a queda...
Rebaixamento do Ituano 10 anos após auge
Já que falamos em queda, o outro grande tema do Paulista ao fim da fase de grupos foi o Ituano. Desde 2002 o time estava na elite estadual e era o atual recordista entre os participantes do interior.
Neste século, o Ituano conquistou dois títulos paulistas e se intrometeu entre os gigantes. Em 2002, o troféu veio com aquele "asterisco": a taça não contava com os grandes do estado, que entraram apenas para o "Supercampeonato Paulista", vencido pelo São Paulo. O auge, no entanto, veio sem direito a questionamento, em 2014.
Na conquista histórica de 10 anos atrás, o Ituano teve de passar pelo Palmeiras, nas semifinais, e bater o Santos na grande decisão, definida nos pênaltis.
Uma das forças mais temidas do interior desde então, o Ituano foi presença na fase eliminatória nos últimos cinco anos e semifinalista em 2023 e 2021. Sua queda foi uma das grandes surpresas do Paulista.