Emoção, recordes e duas campeãs continentais

A Inglaterra encerrou sua seca de títulos. O Brasil manteve sua hegemonia no futebol sul-americano. Tudo isso regado a recordes e em estádios lotados, em mais um final de semana histórico para o futebol feminino.

Na América do Sul não houve surpresas. O Brasil conquistou seu oitavo título continental em nove edições ao vencer a Colômbia por 1 a 0, com gol de Debinha. Ainda assim houve muitos motivos especiais para comemorar.

O primeiro deles e mais importante foi a final com estádio praticamente lotado no modesto estádio Alfonso López, com capacidade para 25 mil torcedores. Um feito que tem sido comum nos principais espetáculos do futebol feminino, que provam cada vez mais que podem ser um sucesso de público.

Para o Brasil fica marcada também a campanha, com 100% de aproveitamento, número que não chega a surpreender visto o favoritismo na Copa América, mas que chama a atenção pela ausência de gols sofridos. Foram 20 gols marcados sem sofrer um qualquer em resposta.

A campanha brasileira ficou marcada também por um feito inédito que pode parecer surpreendente para muitos. Pia Sundhage foi a primeira técnica a se sagrar campeã na Copa América. 

O Brasil enfrentará em 2023 a campeã da Europa em uma "finalíssima", e a adversária também foi definida nesta fim de semana.

Inglaterra campeã após 66

No país em que o futebol moderno tomou forma, os cantos de "It's Coming Home" enfim fizeram sentido. Depois de décadas de frustradas esperanças de títulos na Inglaterra, coube as "Leoas" fazer a festa dos torcedores. E quem acha que o futebol feminino seria incapaz de trazer a mesma euforia da versão masculina certamente não presenciou a atmosfera da final entre Inglaterra e Alemanha.

O recorde mais importante do fim de semana foi certamente o de público na final da Eurocopa. Se a final sul-americana foi em palco modesto, a europeia foi no tradicional Wembley, e para mais de 87 mil presentes. Foi o maior público de uma final de Euro, atropelando os 79 mil de 1964 no Santiago Bernabéu, para a final entre Espanha e União Soviética no masculino. O recorde de público em um jogo de Euro feminina tinha sido já nesta campanha, com 68 mil em Old Trafford, em partida entre as donas da casa e a Áustria.

A Inglaterra terminou a campanha com 100% de aproveitamento, como o Brasil, mas certamente com mais dificuldade. Duas das partidas foram definidas na prorrogação, contra Espanha e na final com a Alemanha. A goleada de 4 a 0 sobre a Suécia foi tratada como um marco para a equipe, campeã pela primeira vez na história do torneio. Os 22 gols marcados foram também um recorde.

Assim como na seleção brasileira, a Inglaterra conta com uma técnica estrangeira fazendo história. Sarina Wiegman, da Holanda, sagrou-se bicampeã da Euro. A primeira a vencer duas vezes por seleções diferentes (em 2017 foi campeã com a Holanda). Foram 12 jogos nas duas campanhas, com 12 vitórias.

Entre recordes e títulos, o futebol feminino mostra que é cada vez mais um fenômeno de massa. Que não pare por ai.