Pouco conhecido no Brasil, o treinador Alexandre Gama construiu uma carreira de sucesso no futebol asiático. Com longa passagem em clubes da Tailândia e a seleção local, o técnico de 54 anos segue agora para um novo desafio na Coréia do Sul. Em entrevisa a oGol, ele ainda revelou o desejo de voltar a terras brasileiras para mostrar que tem qualidade e pode desempenhar um bom trabalho.
Alexandre Gama iniciou a sua carreira como treinador comandando o sub-17 do Fluminense ainda em 2002. Esteve no comando do time principal como interino por alguns jogos e também chegou a equipe sub-20, até surgir o convite para comandar o Al Wahda, dos Emirados Árabes Unidos. Uma boa campanha na segunda divisão e duas temporadas por lá abriram um enorme caminho no mercado estrangeiro.
"No começo foi dar para minhas filhas a oportunidade de morar fora, aprender outra língua, outras culturas. A parte financeira também era muito boa, mas a primeira motivação foi familiar. As coisas foram acontecendo e com mais estabilidade nos trabalho", contou o treinador a oGol.
Ele ainda voltou ao Brasil em 2008 para comandar Volta Redonda e depois Macaé, mas seguiu no ano seguinte para uma aventura que durou cinco temporadas na Coréia do Sul. Retornou ao futebol carioca em 2013 quando esteve à frente do Madureira. Em 2014, após breve passagem pelo Duque de Caxias, saiu de vez e deu o grande salto da sua carreira quando chegou na Tailândia.
"Meus primeiros dois anos e meio no Buriram United foram de muitos títulos, oito no total. Em 2015 fizemos o time que é considerado por lá o melhor de todos os tempos, o invencível, porque no ano todo não perdemos nenhum jogo e ganhamos seis títulos nacionais e internacionais", disse.
Na sua grande estadia pelo país asiático, Alexandre Gama conquistou duas vezes a Liga Tailândia, uma vez a Taça da Liga Tailândia e três vezes a Supertaça da Tailândia. Os bons trabalhos, porém, não ficaram restritos ao Buriram. No Chiangrai, o treinador ajudou a mudar o clube de patamar, o que lhe rendeu um convite para a seleção nacional.
"Surgiu o convite para treinar a seleção da Tailândia, o time olímpico em que fiquei um ano, mas não me adaptei por causa do ritmo, com poucos jogos, sou um cara que gosto muito do dia a dia dos jogadores", lembrou.
O bom trabalho no país seguiu com um retorno ao Buriram após deixar o Muangthong United, equipe que salvou do rebaixamento. "O time tava muito mal na liga, na 13ª posição, o que é uma posição difícil de entender pelo tamanho do clube. Em um turno ficamos no segundo lugar, classificamos para a Champions League e agora no meu segundo ano decidimos interromper meu contrato por causa de uma mudança de datas da liga".
Após construir a maior parte da sua carreira no futebol asiático, Alexandre Gama revelou a oGol a vontade de assumir um time brasileiro em um futuro próximo. O objetivo do treinador é estar em uma equipe capaz de dar suporte para ele mostrar que pode repetir os bons trabalhos no futebol daqui.
"Sempre penso e acho que um dia pode acontecer. Agora que foi muito rápido, fiquei dez dias sem contrato e apareceu outro time da Ásia. Mas é uma coisa que está na minha cabeça e deve acontecer. Espero que seja em um clube que me dê condição de mostrar o trabalho que fiz lá fora", afirmou.
Alexandre Gama também apontou a falta de estabilidade como principal problema para ser treinador no Brasil. De acordo com ele, o futebol asiático oferece maiores oportunidades de conduzir um trabalho com calma devido a natureza dos clubes, a maioria deles empresas, com donos.
"A grande diferença é que tem começo, meio e fim. Você é contratado pelo seu trabalho e o clube sabe como você joga, qual sua filosofia. Muito difícil acontecer do treinador ser mandando embora por causa de duas, três, cinco derrotas. Claro que tem pressão e queremos ganhar, mas os clubes são de donos e sabem o que querem quando buscam um treinador. O Brasil está começando a ter times virando empresa e acredito que vai mudar um pouco isso. A estabilidade e tranquilidade do treinador para desenvolver o trabalho é a diferença entre o Brasil e o exteiror", falou o técnico.
O treinador também falou sobre o futuro no Daegu FC, em um trabalho que será iniciado em fevereiro com a pré-temporada para o restante do ano na Coréia do Sul. "Vou viajar agora em janeiro para começar a pré-temporada. O Daegu FC é um time forte, que cresceu muito nos últimos anos e está brigando na parte de cima. Fico feliz de ter essa oportunidade em um clube que pensa grande. O objetivo é ganhar títulos na Coréia do Sul assim como fiz na Tailândia", pontuou.