O Atlético Mineiro conquistou seu bicampeonato brasileiro, fez sua versão da "tríplice coroa" com o Mineiro e a Copa do Brasil, e deixou a impressão de que este pode ser apenas o início de uma nova era vitoriosa. Mas 2022 começa com uma inesperada nuvem de incerteza pelos lados da Cidade do Galo: sem técnico, com perdas e em meio a negociações por reforços, o time alvinegro tenta reencontrar o rumo neste início de temporada.
O cenário está longe de indicar uma catástrofe em Belo Horizonte, mas é o suficiente para causar apreensão. Em grande parte pela perda do técnico Cuca, um ídolo no Galo por tudo o que conquistou em suas duas passagens pelo Galo. Vamos então aos desafios atleticanos neste início de 2022.
A máxima no futebol diz que "não se deve mexer em time que está ganhando". Nem sempre é verdade, porém no caso do Atlético as mudanças vieram não por opção. A preferência da diretoria, claro, era seguir com Cuca e com o trabalho que deu resultados em 2021. Afinal, o técnico foi bancado no cargo mesmo depois de forte movimento entre torcedores contra o seu retorno, em grande parte motivado por polêmicas extra-campo, com a volta à tona de uma condenação antiga por violência sexual contra uma menina de 13 anos na Suíça, em 1987.
Além de perder o técnico, a diretoria atleticana pareceu perder também um pouco do rumo. O desafio de substituir um treinador no Brasil tem sido complexo, com os poucos nomes de renome no país ou empregados, ou com resistência pelo desgaste natural do posto. A solução foi olhar para fora do mercado brasileiro e Jorge Jesus foi a primeira opção. Mas o técnico pediu tempo para pensar, e não um dia ou dois, e o Galo se viu novamente motivado a agir por falta de opção.
A segunda aposta foi também portuguesa. Carlos Carvalhal, do Braga, parecia estar certo em determinado momento. O Atlético chegou até a entrar em um princípio de acordo com o clube luso para pagar 2 milhões de euros pela rescisão. Mas Carvalhal, que inicialmente parecia disposto a aceitar o desafio, preferiu seguir em Portugal por motivos pessoais, para cumprir contrato com a equipe do norte português.
O argentino Eduardo Berizzo também foi procurado. Com passagens por Celta, Sevilla e Athletic Bilbao, o treinador está livre desde que foi demitido da seleção paraguaia em 2021. Mas, ao que tudo indica, preferiu permanecer assim.
A falta de um técnico traz desafios logísticos para o Atlético. A pré-temporada do clube está marcada para começar no dia 17, em apenas uma semana, e sob o risco dos trabalhos começarem sob comando interino.
A pré-temporada pode ser crucial para as pretensões do clube. Mas a diretoria defende que o mais importante é acertar na escolha do próximo técnico. Enquanto isso, decisões importantes são tomadas sem o aval do próximo comandante.
Entre as principais decisões, claro, estão as escolhas do clube no mercado. O Atlético entra em uma fase crucial de negociações e pode acabar por fazer escolhas que não agradem o próximo treinador.
O mercado segue em andamento para o Galo, com ou sem técnico, e o fato do time ter uma base forte para 2022 minimiza o problema. Mas o elenco para a temporada já vai sofrendo mudanças importantes, com a saída de atletas titulares ou considerados úteis no elenco. Um trio se destaca: Junior Alonso, Diego Costa e Nathan.
Vendido para o Krasnodar, Junior Alonso será provavelmente o desfalque mais sentido. Titular absoluto e com 51 jogos em 2021, o paraguaio foi um dos destaques defensivos do time de Cuca. O substituto está a caminho, com um acerto encaminhado com Diego Godín. O uruguaio é um nome até de maior peso que Alonso, mas completa 36 anos em fevereiro, está longe do auge e convive com problemas físicos. Além disso, tem características muito próximas da de Réver.
Diego Costa chegou na reta final em 2021 e, embora tenha ganhado o posto de titular com boas atuações, não foi fundamental para os títulos. O mais jovem Fábio Gomes é o substituto natural, e o time ganhou ainda a opção mais móvel de Ademir, que estava no América.
No meio-campo, Nathan era quase um 12º jogador e seguiu para o Fluminense. O clube ainda deve ver sair Tchê Tchê no meio do ano, o que faz com que a diretoria procure opções para compor o elenco. Ederson, do Fortaleza, chegou a ser sondado, mas vai seguir por lá. Edenílson, do Internacional, é outro alvo, sem acerto até o momento entre as partes. Otávio, do Bordeaux, deve chegar no meio do ano ao fim do seu contrato com o clube francês.