A Roma foi amassada de forma inesperada pelo modesto Bodo/Glimt, da Noruega, na Conference League. A goleada por 6 a 1 sobre o time de reservas escalado por José Mourinho muito serviu para críticas ao treinador e a escassez de opções no elenco dos romanos. À parte da grande decepção com os favoritos, a partida serviu também para dar holofotes a uma promessa em ascensão do futebol norueguês: Erik Botheim
Autor de dois gols e três assistências no massacre aplicado pelo Bodo/Gilmt, Botheim pode ser uma figura não-conhecida fora do país escandinavo. A verdade, porém, é que o desempenho na Conference League apenas manteve o alto patamar do ótimo 2021 do atacante.
Nesta temporada, Botheim é autor de 19 gols em 33 jogos, o que lhe deixa como principal artilheiro do Bodo/Glimt. O clube, por sinal, é líder do campeonato norueguês e do grupo C da Conference League, onde novamente Botheim é destaque, desta vez por ser líder em assistências do torneio da Uefa, com quatro passes para gol.
Nascido em 10 de janeiro de 2000, Botheim é cria do Rosenborg, clube mais popular e principal papa-títulos da Noruega. Desde muito jovem, o atacante já se destacava no futebol do país, onde passou pelos mais diversos estágios nas seleções de base.
Na Euro, Botheim disputava uma vaga no ataque com o então pouco conhecido Erling Haaland, à época no Molde. Juntos, Botheim e Haaland não conseguiram se destacar: foram três jogos para cada, dois juntos e um em que acabaram por se substituir, nenhum gol para ambos. Naquela Euro Sub-17, a Noruega acabou eliminada como lanterna de um grupo dividido com Holanda, Inglaterra e Ucrânia.
O tempo é relativo, diria Albert Einstein. Sem trazer complicações acadêmicas para a simplicidade futebolística, o que se passou após aquela Eurocopa para Botheim e Haaland parece ser um bom resumo para quem fugiu das aulas de física.
Segundo a Wikipédia, "dilatação temporal explica porque dois relógios síncronos e em perfeito funcionamento podem fornecer diferentes leituras de tempo após sofrerem diferentes acelerações". Haaland acelerou, Botheim não.
Tratado hoje como um fenômeno, sinônimo de gols e futuro candidato a melhor jogador do mundo, Haaland não sentiu nem de longe a decepção naquela Eurocopa. O atacante passou por uma nova temporada no Molde, onde impressionou pela grande quantidade de gols (16), apesar da pouca idade (18). Transferiu-se para o Red Bull Salzburg, e acabou por conquistar a atenção do mundo quando em 2019 fez nada menos que nove gols em uma única partida da Copa do Mundo Sub-20. Haaland estourou, chegou ao Borussia Dortmund, e dispensa mais apresentações.
No mesmo período em que Haaland conquistou reconhecimento global, Botheim não conseguiu engatar a próxima marcha. O atacante seguiu no Rosenborg até 2020, onde nunca chegou a se firmar como titular. Na seleção de base, seguiu como figura frequente, dividindo espaço com Haaland novamente numa Eurocopa Sub-19 de 2018, mas demorou a desabrochar.
Em 2021, Botheim deixou o Rosenborg em definitivo. A nova casa, o Bodo/Glimt, é modesto até para os padrões noruegueses. O clube foi uma equipe de segunda divisão até 2017, mas surpreendeu no ano passado e alcançou o título nacional. Na nova casa, o atacante agora tem tranquilidade para trabalhar sem a pressão por acelerar como o cometa Haaland e, quem sabe, alcançar dentro dessa relatividade o sucesso e reconhecimento em centros maiores.