O esforço foi grande. Dani Alves chegou ao São Paulo em 2019 como um dos maiores reforços da história do futebol brasileiro. A decepção também foi grande. A passagem foi encerrada de forma pouco amistosa na noite desta quinta-feira, e sem deixar saudades no torcedor tricolor.
Quando assinou com o São Paulo, Dani Alves garantiu ter recusado retornos a Juventus e Barcelona. Nenhum dos dois clube ofereceu planos a longo prazo ao veterano, e os motivos era fáceis de entender. A passagem pelo Paris Saint-Germain já não tinha sido marcante (relembre a nossa análise aqui). Mas o Tricolor Paulista estava certo de que a contratação elevaria o patamar de um gigante em busca de reencontrar o seu rumo.
"O que eu queria e era decisivo para mim era a estabilidade para eu poder lutar pelo Mundial de 2022. A grande maioria dos clubes não me propôs isso, porque eles não acreditam em mim. Eles acham que eu tenho data de validade, e minha data de validade eu já falei desde que comecei a jogar futebol: eu sou livre, decido quando começo e quando acabo", explicou o atleta à época.
A estabilidade não durou muito. Dani Alves logo se deparou com a realidade brasileira. Com salários fora dos padrões nacionais e com uma pandemia inesperada no caminho, o jogador se viu sem receber o que lhe era devido por contrato. Insatisfeito, preferiu expor publicamente os problemas.
A relação azedou de vez quando Dani Alves decidiu deixar o São Paulo, na luta contra o rebaixamento no Brasileiro, para defender a seleção nas Olimpíadas. Criticado, o veterano conquistou o ouro (agora sem o valor do ineditismo), e disparou em resposta ao dizer que o Tricolor tinha "falhado muito" com ele. Um indício claro que o ponto de ruptura havia chegado.
Na última semana, depois de representar novamente a seleção brasileira, Dani Alves decidiu não se reapresentar ao São Paulo, ao menos não sem receber o que lhe era devido. O clube não teve outra opção que não fechar as portas para o retorno e negociar a rescisão.
Com a Copa do Mundo próxima, Dani Alves preferiu ficar sem clube. A falta de opções de Tite na lateral direita deixam o atleta ainda com boas chances de convocação, mas para isso é preciso estar em atividade em bom nível. E a forma como deixou o Tricolor não foi um bom cartão de visitas.
Com seu currículo invejável, Dani Alves começou no São Paulo com ares de intocável. E avisou logo que preferia ser escalado no meio-campo, onde poderia influenciar mais o jogo com o seu talento. Jogar na lateral seria um "desperdício" justificou. Mas o desempenho no setor não foi deslumbrante.
Em 2019, Dani Alves teve tempo de disputar 20 partidas com a camisa do São Paulo. O impacto não foi significativo, e os números também não, com dois gols marcados e três assistências apenas.
Em 2020, Dani Alves entrou em campo em 53 oportunidades. Teve bons momentos, mas não encantou. O time, inclusive, teve média de vitórias ligeiramente melhor no Brasileiro quando o veterano não esteve em campo, com 50% contra 47%, números que mostram que a equipe se portou praticamente com a mesma eficácia com ou sem ele.
O grande momento de Dani Alves no São Paulo acabou por ser em 2021, sob o comando de Hernán Crespo. O veterano adicionou mais um título a sua coleção, com o Paulista, encerrando longa seca do Tricolor Paulista. O valor simbólico garantiu uma comemoração efusiva que não esconde o fato de ser um troféu de menor expressão em sua prateleira.
Com altos salários e sem justificar nos últimos trabalhos o investimento, Dani Alves procura novo clube. Poucos no mercado podem pagar seus vencimentos, e todos certamente vão pesar na balança os prós e contras. Uma coisa é certa: a expectativa em sua chegada não será a mesma de dois anos atrás no São Paulo.