Primeiro foi o fim da hegemonia. Depois a saída antecipada de Cristiano Ronaldo. Agora, um início sem vitórias na Serie A. No caminho, uma briga impopular pela criação da Superliga. O início de temporada da Juventus preocupa e indica um time ainda em busca de encontrar seu rumo.
De 2012 a 2020, a Juventus dominou a Itália e construiu sua hegemonia, a mais longa da história do país. Faltou no período a conquista da Liga dos Campeões, e para isso o time apostou alto no cinco vezes melhor do mundo Cristiano Ronaldo. Mas a Velha Senhora não apenas não conseguiu dar o salto de qualidade que pretendia como acabou por se perder no caminho.
Neste fim de semana, a Juventus perdeu para o Napoli e completou três rodadas sem vencer no Italiano. Ainda é cedo e, claro, ninguém imagina que a luta do time de Turim, hoje na 18ª posição, seja na parte de baixo da tabela. Mas o torcedor se acostumou com mais na última década.
Em 2011/12, a Juventus iniciou a sua hegemonia com uma campanha invicta. Em 2013/14 foram apenas duas derrotas - mesmo número que na atual temporada. Nos nove anos de títulos o máximo de derrotas na temporada foi de cinco, embora em 2015/16 a Juve tenha tido início exatamente igual ao atual.
A ambição pela Liga dos Campeões pode ser apontada como a principal influência para o descarrilhar do trem juventino. A aposta em Cristiano Ronaldo ainda rendeu frutos e gols, mas a tentativa de trazer um novo estilo ao time com trocas de comando acabou por não trazer o resultado esperado.
O primeiro a chegar depois da saída de Allegri em 2019 foi Maurizio Sarri, conhecido por privilegiar um futebol mais ofensivo. O clube entendia que precisava fazer mais para vencer na Europa, principalmente no ataque. O casamento do Sarriball com a Velha Senhora não foi dos mais felizes e o divórcio veio ao fim da temporada, embora ainda com o título italiano para guardar como recordação dos momentos juntos.
A Juventus manteve o pensamento para a temporada 2020/21, mas tratou de apostar em um nome com menos experiência no banco. Andrea Pirlo, um gênio com a bola nos pés, teria a visão do jogo que o clube pretendia. Um time de maior posse de bola e qualidade técnica para vencer não apenas na força defensiva. Uma tentativa, talvez, de repetir o sucesso do Barcelona com Pep Guardiola, ex-jogadores com pensamentos semelhantes no futebol.
A passagem de Pirlo foi um fracasso e a Juventus acabou por ver a Internazionale de Antonio Conte, justamente o homem que deu início a hegemonia alvinegra, encerrar a sequência de nove títulos.
Sem conseguir dar um salto na Europa, a Juventus tentou comprar um espaço cativo entre os melhores do continente com a Superliga, outro projeto falhado. Allegri foi recontratado para tentar recolocar a Juve nos trilhos, mas Cristiano Ronaldo, insatisfeito, acabou por se despedir do projeto. Talvez tenha pressentido que os próximos tempos não seriam fáceis em Turim. Irá a Velha Senhora se reencontrar ainda em 2021/22?