A chegada de Gigi Donnarumma, melhor jogador da Eurocopa, sem custos, pode ter sido um grande negócio para o Paris Saint-Germain. Mas trouxe também efeitos colaterais. Em um elenco recheado de goleiros renomados, a contratação caiu como uma bomba, com relatos de insatisfação inclusive do atual titular, Keylor Navas.
A contratação de Donnarumma, de 22 anos, foi uma de oportunidade para o PSG. Mas, na realidade, o gol não era exatamente uma posição problemática para Mauricio Pochettino. Keylor Navas, de 34 anos, foi titular do Real Madrid e carrega no currículo três Ligas dos Campeões. Poucos goleiros têm uma história de sucesso tão grande na principal competição europeia quanto o costa-riquenho, e é justamente este o título que o clube parisiense mais almeja.
Para o PSG, Donnarumma é o futuro, um goleiro jovem e promissor. Navas poderia entender isso, se não fosse cada vez mais claro que o italiano pode também ser o presente, e ele o passado. As informações na França indicam insatisfação do antigo dono do posto, e até pedidos para ser negociado. Mas Navas não é o único afetado pela contratação. Há ainda sete nomes, e muitos deles de peso ou promissores, à espera de entender o seu espaço no clube.
Sergio Rico, bicampeão da Liga Europa com o Sevilla, é um deles. O currículo de títulos vem com uma idade ainda em que deveria viver seu auge, com 27 anos. E Rico já estava publicamente insatisfeito com a reserva pelo pouco espaço na equipe: o segundo goleiro parisiense fez 13 partidas ano passado. Rico não pretende ficar mais tempo encostado no PSG e fala-se de um interesse do Granada, da Espanha.
Outro nome com história, Alphonse Aréola já foi inclusive dono do posto de Navas, e por longa temporada. Chegou inclusive a seleção francesa e defendeu o Real Madrid. Sem espaço, foi emprestado depois ao Fulham, mas foi obrigado a se reapresentar no PSG, com mais dois anos de contrato. Aréola sequer cogita entrar nesta briga para voltar a ser o número um. O mais provável é que siga novamente para a Premier League, com o Aston Villa entre os possíveis destinos.
O trio pode demonstrar insegurança quanto ao futuro apesar de toda sua história no futebol. Para o restante dos goleiros, então, a expectativa por alguns minutos em campo é quase uma miragem. Basta vermos a temporada de Alexandre Letellier, de 30 anos, contratado com alguma surpresa no ano passado para ser o terceiro goleiro, e ainda sem ter feito sua estreia.
O polonês Marcin Bulka, de 21 anos, foi contratado ainda na base como uma promessa para o setor, vindo do Chelsea. Realizou dois jogos pelo clube e voltou de empréstimo, mas terá de sair novamente para sonhar com alguns minutos. Garissone Innocent, cria da base, também passou o último ano emprestado e vive situação semelhante.
O italiano Denis Franchi é outro que chegou para a base e foi integrado depois ao time profissional. Com 19 anos, terá de ter paciência para ganhar oportunidades. Isso sem contar Lucas Lavallée, de 18 anos, contratado recentemente e que a princípio vai defender o time de juniores e não consta no site oficial do PSG como membro do primeiro time, embora seja outro com longo contrato com o clube.
Donnarumma certamente não tem culpa do efeito dominó provocado por sua chegada. Pochettino e o PSG vão ter agora de agir para minimizar os dados e enxugar o elenco de goleiros.