54 anos, 260 dias, 22 horas, 28 minutos e 21 segundos, esta foi a última marcação do relógio do Hamburgo, que existia com o propósito de exaltar a longa e, até então, inabalável estadia do clube na elite alemã. 1101 dias (ou três anos e cinco dias) passaram-se desde aquele fatídico 12 de maio de 2018 e o torcedor do Hamburgo já começa a olhar para o calendário de forma diferente. A realidade, pelo quarto ano consecutivo, será a segunda divisão alemã, e sabe-se-lá quando deixará de sê-la.
A chance de acesso do Hamburgo para a Bundesliga acabou no domingo (16), quando o clube contava ainda com uma hipótese remota de figurar no play-off. O Hamburgo, porém, acabou derrotado fora de casa, por 3 a 2, para o VfL Osnabrück. Além disso, o SpVgg Greuther Fürth, que precisava de tropeçar, venceu de virada e agora tem, pelo menos, o play-off garantido, ainda com a possibilidade de título viva para a última rodada, prevista para o próximo final de semana.
O drama dos Rothosen - caças vermelhas, em tradução literal - consegue ser ainda maior por todo contexto envolvido. Não é como se o Hamburgo tivesse perdido o apetite pela luta e, simplesmente, se apequenou. A disputa pelo acesso, desde 2018/19 tem sido acirrada, só que a maldição recente parece ser morrer na praia.
Em 2018/19, primeiro ano do Hamburgo na segunda divisão, o clube liderou um terço do campeonato (12 rodadas), ficou em segundo lugar até a 30ª rodada, mas uma sequência de oito jogos sem vitória fez com que a posição final fosse a de quarto, a um ponto do play-off de acesso.
Na temporada seguinte, 2019/20, o Hamburgo passou apenas três rodadas fora do G-3 da segunda divisão: a primeira, e as duas últimas do campeonato. Depois de um excelente início de disputa, o clube perdeu o gás e venceu só três de seus últimos 13 jogos. O resultado final foi, novamente, a quarta posição, exatamente como na temporada anterior, a um ponto do play-off de acesso.
Agora, na atual temporada, a história é incrivelmente parecida. O Hamburgo liderou a 2. Bundesliga por 16 rodadas, mas, de repente, tudo saiu dos trilhos. Depois de duas derrotas consecutivas, o clube perdeu a liderança e acabou atropelado pela equilibrada disputa pelo acesso nesta temporada.
O Hamburgo até voltou a figurar no G-3 depois daquele momento, foi vice-líder por duas rodadas. Na realidade, porém, o sonho do acesso já era bem mais difícil do que nos anos anteriores, e só acabou por ser encerrado no domingo.
Em setembro deste ano, quando usualmente é dado o pontapé inicial da segunda divisão, o Hamburgo chegará aos três anos e quatro meses na segundona. E com certeza não há ansiedade dos torcedores para esta data - se tivessem o poder para adiantar o relógio, já pulariam logo para maio de 2022, para assim terem a certeza de que não vivem o mesmo pesadelo novamente.