Já é uma nova tendência do futebol brasileiro: há clube sem técnico, há interesse em treinadores estrangeiros (e cada vez mais em portugueses). O nome da vez no mercado é de Abel Ferreira, cotado na lista do Palmeiras. Mas quem é Abel?
Ex-jogador, Abel foi lateral direito e defendeu, com certo destaque, as camisas do Braga e do Sporting, em Portugal. Um ano após a aposentadoria, aos 33 anos, assumiu o comando do Sporting sub-19, curiosamente substituindo Sá Pinto, hoje técnico do Vasco. A carreira como treinador de uma equipe principal teve início no Braga.
"Em 2016/17, foi promovido ao time principal (depois de passar pela equipe B), realizando apenas cinco jogos em substituição de treinadores demitidos, mas agarrou a oportunidade e fixou-se como treinador da equipe minhota durante dois anos. No seu trajeto pelos bracarenses, lançou vários jovens e realizou boas temporadas, chegando a apresentar, em alguns momentos, o melhor futebol na Liga Portuguesa", declarou Vasco Sousa, português especialista em estatística no Playmaker, parceiro de oGol.
No Braga, clube que comandou também nas temporadas 2017/18 e 2018/19, Abel ficou marcado pelo bom desempenho ofensivo que conseguiu extrair, alcançando o melhor ataque da história da equipe em ligas portuguesas, com 74 gols em 34 partidas. Usualmente o treinador varia o esquema tático entre o 4-4-2 e o 4-3-3.
"Apesar dos bons registros do Braga, Abel Ferreira sofreu várias críticas pelo rendimento de seu time frente às principais equipes do futebol português – nunca conseguiu vencer Porto ou Benfica, por exemplo", explicou Sousa.
Hoje treinador do PAOK, da Grécia, Abel tem até aqui uma primeira experiência difícil fora de seu país natal. Ainda em construção, visto que tem atualmente apenas seu segundo trabalho na carreira, Abel enfrenta as dificuldades financeiras que assolam o PAOK.
"A equipe grega tem sido bastante competitiva, mas falhou os principais objetivos – esta temporada, chegou a eliminar o Benfica (de Jorge Jesus) nas pré-eliminatórias da Champions, mas foi eliminado pelo Krasnodar no play-off. Ainda assim, tem mostrado uma excelente organização defensiva, muito forte taticamente, a ler bem o time adversário", afirmou Sousa.
Apesar das virtudes táticas que tem apresentado durante a curta carreira, Abel contrasta completamente com os últimos treinadores do Palmeiras. A experiência de Mano Menezes, Felipão e Vanderlei Luxemburgo não foi o suficiente para mantê-los no cargo, em meio a um contexto de alta exigência e expectativa por parte da diretoria e da torcida. Mesmo assim, tal escolha não seria completamente incoerente, haja visto, ao menos, outros nomes especulados (e descartados), como os de Heinze, Miguel Angel Ramírez e Beccacece, todos com trajetórias recentes na carreira de treinadores de equipe principal.
"Certamente terá dificuldades no Palmeiras, um clube maior do que os que já orientou, onde sentirá uma maior pressão. Tem, ainda assim, mostrado evolução a nível tático que pode ser importante num possível sucesso no clube brasileiro", finalizou Sousa.