Juanfran: a mudança de cultura e filosofia, adaptação difícil e projeção para 2020 vitorioso

O lateral direito espanhol Juanfran voltou a ser titular do São Paulo no clássico contra o Santos. Nesta quarta-feira, o jogador foi destaque no jornal espanhol espanhol Marca em longa entrevista falando muito sobre seu ponto de vista do futebol brasileiro. 

O jogador deixou claro que não veio ao Brasil para "passear". "Vim para ganhar e para dar o meu melhor". Juanfran revelou, porém, que nunca havia imaginado um dia atuar no Brasil, mesmo tendo atuado ao lado de muitos brasileiros. 

"Tive companheiros no Atleti como Diego Costa, Filipe Luís, Diego Ribas, Miranda, estive com Ronaldo e Roberto Carlos no Real Madrid... Estive com muitos jogadores brasileiros e falei de futebol brasileiro com eles, mas nunca me imaginei jogando aqui, e agora estou muito orgulhoso por estar no São Paulo, o melhor clube do Brasil para mim", disse o espanhol. 

Quando Juanfran disse a seus antigos companheiros que vinha ao Brasil, muitos não acreditaram. "Normalmente os jogadores do Brasil vão para a Europa e para a Espanha. Ninguém acreditava, mas agora quando me perguntam como é, os digo o quão feliz sou aqui". 

Perguntado sobre as principais diferenças entre o futebol brasileiro e o europeu, Juanfran elogiou a competitividade por aqui, com muitos times na luta pelo título. Na Europa, porém, Juanfran vê um maior desenvolvimento tático, apesar de reconhecer a evolução dos técnicos brasileiros e de elogiar muito Fernando Diniz. 

"O Jorge Jesus (técnico do Flamengo) é um treinador inteligente, que veio da Europa e trouxe de lá coisas boas. Logo, está colhendo coisas boas. Mas nosso treinador, Fernando Diniz, é brasileiro e também pega algumas coisas de equipes da Europa: a forma de jogar, de atacar, de defender...", analisou.

Juanfran espera trabalhar por muito tempo com Fernando Diniz. Entre as diferenças para o futebol europeu, Juanfran citou também as muitas mudanças no comando técnico dos times no Brasil (só no tempo em que está no São Paulo, Juanfran trabalhou com Cuca, Vagner Mancini e Diniz). 

"Cada vez há menos tranquilidade no futebol, menos paciência. Todo mundo quer ganhar, todo mundo é muito mais competitivo, todos os clubes tentam buscar as melhores soluções. Aqui (no Brasil), se muda muito de treinador porque tem uma filosofia onde todos querem ganhar e, quando não se ganha, o lado passional fala mais alto. É algo cultural aqui no Brasil", comentou. 

2020 vai ser o ano de Juanfran?

Juanfran contou também como está sendo a adaptação em São Paulo e revelou conversas com Godín, zagueiro que deixou o Atlético para jogar na Inter. Espanhol e uruguaio se dão forças para romper as barreiras fora da "bolha" que era o Atlético de Madrid. 

"Outro dia falava com o Godín, ele também está custando a se adaptar na Itália. Não é que não estamos preparados para jogar ou para dar o nosso melhor, falamos sobre isso. É que vivemos uma bolha no Atleti, com o mesmo treinador, a mesma forma de jogar, as mesmas pessoas, a mesma torcida, ganhando títulos, todas as semanas jogando, competindo da mesma forma. Estávamos em uma bolha. Saímos dali e, por muito bom que seja, temos de passar por uma adaptação. Ele está superando em Milão e eu vou superar em São Paulo, porque nós dois queremos ganhar em nossos clubes". 

Apesar de reconhecer as dificuldades dos primeiros meses no Morumbi, Juanfran aposta que 2020 será o ano dele (e do São Paulo). O lateral já avisou, inclusive, a seu ex-companheiro de Atleti, Filipe Luís, hoje jogador do Flamengo. 

"Outro dia falei com Filipe e o disse que este ano ia ser o ano dele, mas o ano que vem vai ser o meu. Essa mentalidade que temos que ter. Vivemos isso no Atlético todos esses anos e não vai mudar. Vim para ganhar aqui", completou.