Uma temporada que se iniciava com grandes ambições. Assim era a perspectiva do Cruzeiro, bicampeão da Copa do Brasil, para 2019. Mas, em novembro, a única boa memória para o torcedor da Raposa no ano é o título estadual. Depois das eliminações na Libertadores e na Copa do Brasil, o time celeste só tem um objetivo até o final do ano: evitar o rebaixamento no Brasileiro.
O empate com o Avaí, rebaixado com o 0 a 0, foi (mais) uma oportunidade desperdiçada para se descolar um pouco da zona da degola. Em 16ª na classificação, com 36 pontos, o Cruzeiro leva um ponto de vantagem para o Fluminense, primeiro time na zona de rebaixamento.
Nem mesmo a troca de comando mudou o panorama no Cruzeiro depois das demissões de Mano Menezes e Rogério Ceni. Desde que Abel Braga assumiu o clube, já se passaram 12 jogos. Foram três vitórias, oito empates e uma derrota com dez gols marcados e seis sofridos.
As marcas negativas começam justamente no alto número de empates. Com 15 em 33 rodadas disputadas, o Cruzeiro de 2019 já supera o seu maior registro até então em pontos corridos; os 11 empates na edição do ano passado.
Indiscutivelmente, o grande problema do Cruzeiro tem sido o ataque. Com 26 tentos, esta é a pior marca cruzeirense em 33 jogos desde 2003, início da disputa por pontos corridos. No último ano, foram 30 gols nos mesmos 33 confrontos. Ao lado da Chapecoense, o time mineiro tem o terceiro ataque menos efetivo do certame e não marca há três jogos; empates por 0 a 0 contra Avaí, Atlético Mineiro e Athletico Paranaense.
Já a defesa tem sido um dos poucos pontos "positivos" da Raposa. São 36 gols sofridos até aqui, sendo a 11ª melhor defesa do campeonato. Um número pouco especial, mas acima do esperado para um time que luta contra o rebaixamento. Invicto há 11 jogos, foram somente cinco gols sofridos nesse período.
Outra marca negativa na edição 2019 do Brasileirão é o escasso número de vitórias, apenas sete até o fim da 33ª rodada. A antiga pior marca era de 2011, com nove triunfos nesta mesma altura da competição.
E é possível traçar um paralelo justamente com aquele ano. Em 2011, o Cruzeiro chegou a ser apelidado de 'Barcelona das Américas' pela campanha expressiva e o bom futebol apresentado na fase de grupos da Libertadores. Mas a surpreendente eliminação para o Once Caldas, da Colômbia, nas oitavas de final, foi o ponto de virada.
Depois disso, o clube entrou em declínio e lutou contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro até a última rodada. Num jogo histórico, o Cruzeiro venceu o rival Atlético Mineiro na última rodada, por 6 a 1, e garantiu a manutenção na série A.
Já em 2019, tudo ia bem até o fim da fase de grupos da Libertadores. A derrota por 2 a 1 diante do Emelec, no Mineirão, deu início a uma terrível sequência. Com apenas uma vitória em 19 jogos, Mano Menezes foi demitido do cargo. A única vitória nesse jejum aconteceu contra o rival Atlético, pelas quartas de final da Copa do Brasil.
Depois dele, Rogério Ceni assumiu o clube com a promessa de avançar à final da Copa do Brasil. A eliminação para o Internacional e o atrito com os medalhões do elenco levaram à queda de mais um treinador.
Agora, Abel Braga e seus comandados têm cinco partidas pela frente. Os duelos serão contra o Santos, Vasco e Grêmio fora de casa, além de CSA, no Mineirão, e Palmeiras, também em casa, no encerramento do campeonato. Uma parada duríssima para quem quer evitar a pecha de pior Cruzeiro da história dos pontos corridos e, de quebra, permanecer na elite.