De Schmeichel a Neuer, Buffon presenciou a queda e o nascimento de gigantes do gol

Gianluigi Buffon anunciou sua saída da Juventus nesta quinta-feira. Ainda parece em dúvida, aos 40 anos, se deve ou não abandonar a carreira profissional. A tendência é a aposentadoria. A certeza é que estamos presenciando os momentos finais de uma das maiores personalidades da história do futebol. Em mais de duas décadas em atividade, Buffon viu gigantes do gol crescerem e caírem, manteve-se no topo, inspirando gerações, uma lenda entre as lendas.

No início da década de 90, ainda lembro da euforia ao ver as grandes defesas de Michel Preud'Homme. O goleiro, que disputou as Copas do Mundo de 90 e 94, encantava o mundo. Embora a idolatria da maior parte dos jovens da época estivesse voltada a jogadores de ataque, como Zico, Maradona, Romário... Outros, como este que vos escreve, preferiam imitar os lances plásticos do belga. Na época, na imaginação da garotada, era difícil pensar que alguém poderia superá-lo.

O prodígio do Parma

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Na Inglaterra, cinco anos mais novo que Preud'Homme, Peter Schmeichel vivia seu auge no Manchester United. Na América do Sul, Chilavert surpreendia não pelas defesas, mas pelos gols. Quando a dupla se aposentou, no início da década passada, o ainda jovem Buffon já estava na Juventus, protagonizando a transferência mais cara da história do futebol para um goleiro.

Na Alemanha, Olivier Kahn era o dono do gol do Bayern de Munique. Consagrou-se em 2002 como melhor jogador da Copa do Mundo pela seleção, apesar do vice-campeonato. No Brasil, Marcos e Rogério Ceni eram os grandes goleiros da época, Dida caminhava para o seu auge no Milan e surgiam como promessas Helton e Júlio César. Sempre entre os melhores do mundo, Buffon aposentou a todos.

O duelo com Casillas e Neuer pelo posto de melhor do mundo

A maior rivalidade pelo posto de melhor do mundo, no entanto, foi com Iker Casillas. Quatro anos mais novo, o goleiro espanhol dominaria o cenário internacional, aproveitando-se da crise e rebaixamento da Juventus após escândalo de corrupção. Casillas seria eleito o melhor goleiro do mundo entre 2008 e 2012 pelo IFFHS, título que o italiano, campeão mundial pela Itália em 2006, havia conquistado nos dois anos anteriores.

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Chegou a vez de Manuel Neuer. Para muitos, o goleiro revolucionou a posição com sua evolução do jogo com os pés - algo que Chilavert e Ceni fizeram muito bem no passado. Neuer foi campeão mundial em 2014 e referência no gol depois de Casillas. Mesmo assim, foi superado por Buffon como melhor goleiro do mundo em 2017. Oito anos mais novo, o alemão luta contra problemas físicos e dá sinais de que não repetirá seus melhores anos.

De Gea, Courtois, Oblak... Toda uma nova geração de talentosos goleiros desponta agora na Europa, com a honra de terem jogador no mesmo tempo que uma lenda do futebol, com poucos anos a mais de vida do que Buffon tem de carreira profissional. Enquanto isso, eu relembro o garoto que acompanhava com reverência Preud'Homme em 90, e penso comigo: alguém será capaz de repetir Buffon? Difícil imaginar...