Waguininho teve a oportunidade de ver de bem perto o surgimento de uma estrela. Mais velho, o atacante via o menino Neymar dar seus primeiros passos no futsal do Grêmio Recreativo dos Metalúrgicos de Santos e na Portuguesa Santista. Waguininho também dava seus primeiros passos, apesar de mais velho. A carreira de ambos caminhou para lados opostos.
Waguininho lembra, em conversa com a reportagem de oGol, que Neymar já era diferenciado quando ainda criança. Vendo o franzino menino jogar, Waguininho teve poucas dúvidas de que se tratava de um futuro craque.
"Naquele tempo, eu já acompanhava ele e ele já era diferenciado. Ele já era craque e, logo em seguida, estourou. Hoje, tem tudo para ser o melhor do mundo. Com aquela idade que ele tinha, as coisas que ele fazia já dava para perceber que, logo, logo, ele ia estourar. Era diferenciado desde criança", conta.
Apesar de ter jogado também no Santos, mas no futsal, e de ter encontrado Neymar outras vezes através do futebol, Waguininho viveu um mundo diferente. Com dificuldades para se firmar, chegou a abandonar o esporte aos 18 anos."Em 2008, fui para a Portuguesa de Londrina. Fiquei lá uns três meses. Tive um problema de garganta, tive de voltar para Cubatão para fazer uma cirurgia. Ali, resolvi largar o futebol. Falei: 'Ah, não dá mais'. Estava com 18 anos, não tinha ganho um real no futebol. 'Não dá mais, tem que arrumar um trabalho. Ajudar a minha mãe e o meu pai em casa'. Fiquei um ano e pouco parado. Comecei a trabalhar na Petrobras de Cubatão como eletricista. Por um ano e cinco meses, trabalhei de carteira assinada, mas não aguentei, vi que aquilo não era para mim. Meu pai falava para os amigos dele, família. Que não queria me ver onde ele estava. Acordando cedo, batendo cartão... Aí em 2010 voltei ao São Vicente e assinei meu primeiro contrato profissional", lembra.
Aos poucos, Waguininho foi conseguindo realizar o sonho de ser um jogador de futebol profissional. No caminho, sempre esbarrava com Neymar, que nunca o esqueceu.
"Depois que ele foi para o Santos, eu comecei a jogar no São Vicente, campo. Em 2010, a gente fazia amistoso contra o Santos, no CT do Santos mesmo. Em um desses amistosos, ele estava vendo. Era amistoso contra o time reserva. E ele veio falar comigo, lembrou, conversamos bastante... Super humilde, até me deu chuteira, roupa de treino do Santos", recorda.
"No tempo de São Vicente, era difícil comprar chuteira. E sempre que tinha esses jogos, a gente pedia para alguns jogadores, mas sempre era difícil ganhar. E quando o Neymar me deu a chuteira da Nike, que era muito difícil comprar, eu fiquei muito feliz mesmo. Vi o quão bom ele era".
Vice-artilheiro da quarta divisão paulista no São Vicente, Waguininho se destacou e teve a chance de alçar voos mais altos. Recebeu a oportunidade de jogar o Paulista no Mogi Mirim, e não desapontou.
"Fiz um bom Paulista lá, seis gols. O Mogi me comprou, fiz contrato de três anos. Mas joguei no Oeste em 2014 e 2015. Fiz bom campeonato na A2 e na Série B", conta.
Nos tempos de Mogi, enfrentou Neymar outras vezes. Chegou a disputar vaga na final do Campeonato Paulista, e guarda com carinho até hoje os encontos com o craque do PSG.
"A gente se encontrou de novo em 2013. Eu estava no Mogi Mirim e nos encontramos na Vila Belmiro. Eu estava no banco de reservas. Depois que tocou o hino, ele foi até o banco, me abraçou, perguntou como estava minha família, conversamos. Acabando o jogo, ele me deu a camisa. Logo depois, encontramos de novo na semifinal do Paulistão. Eles venceram nos pênaltis. Quando acabou o jogo, conversamos, ele me deu outra camisa. Ele é super humilde, merecedor de tudo o que está acontecendo na vida dele. Tanto ele quanto a família dele merecem. E ele ainda vai conquistar muito mais. Acredito e torço por isso".
Hoje, Waguininho joga bem longe de Neymar. Após destaque no Oeste, assinou com o Bucheon, da Coreia do Sul. Já são 17 gols em 55 jogos pelo clube asiático. O atacante espera ainda ficar um tempo por lá, mas não deixa de sonhar com um retorno ao Brasil. E o Santos seria o destino ideal...
"Gostei muito daqui. Não só eu, mas como minha família também. Esposa e dois filhos. Espero ficar aqui por um bom tempo. Mas ainda sonho jogar em time grande no Brasil. O Santos é grande, e fica do lado de casa. Seria ótimo receber uma proposta do Santos (Risos)", brinca.