O St. Pauli nunca foi campeão alemão. Nem da Copa. Nem tem glórias internacionais. E passa mais tempo na segunda do que na primeira divisão alemã. Mas, ainda assim, é um dos times mais adorados do país, sendo reconhecido internacionalmente. Por que?
O clube fica na cidade de Hamburgo, e mesmo localmente sucumbe historicamente para o rival que leva o nome da cidade. Apesar disso, o St Pauli ganhou fama por ser diferente, por ser o contraponto de um mundo que, muitas vezes, caminha em direções preocupantes.
O Saint Pauli, para começo de conversa, tem sede na zona portuária da cidade de Hamburgo, em uma região que é marginalizada pela sociedade. Quando se mudou para a região, a equipe foi abraçada por aqueles que, na verdade, não tinham muito o que abraçar, fora o rock.
O St Pauli virou a voz de uma comunidade rechaçada pela sociedade. Se virou contra o fascismo, racismo, a homofobia e o machismo, rejeitando, oficialmente, todas as formas de segregação social.
Nas arquibancadas, a torcida carrega bandeiras do movimento LGBT, além de faixas com o rosto do guerrilheiro argentino Che Guevara, confirmando que é o contraponto a movimentos elitistas e assumindo postura esquerdista.
O St Pauli chegou a realizar um amistoso contra Cuba para estreitar laços e assumir sua posição política, mostrando que o clube vai muito além de títulos (que por sinal são escassos na galeria). Apesar de não somar grandes vitórias, o clube é considerado o time alemão com mais torcedoras do país, somando, ainda, mais de dez milhões de fãs no total.
Corny Littman, que presidiu o clube entre 2002 e 2010, foi o primeiro presidente assumidamente gay de um clube alemão. Durante anos, ele foi a personificação dos ideais defendidos pela equipe e por sua torcida.
Os princípios abraçados pelo clube e sua relação com a comunidade local tornam o St Pauli uma das histórias mais diferenciadas do futebol. O clube segue como o grande contraponto ao futebol dos milhões.