A camisa branca da Mannschaft com o número 7, o cabelo comprido com o icônico mullet ao estilo MacGyver, o rosto sem barba, o porte franzino, a velocidade e o domínio refinado da bola — essas são as marcas registradas de Pierre Littbarski, campeão do mundo em 90 e grande estrela do Colônia, clube que defendeu por 14 temporadas praticamente consecutivas, com uma breve pausa de pouco mais de um ano em Paris.
Pierre Michael Littbarski nasceu em Berlim Ocidental, na então Alemanha Ocidental (RFA), em 16 de abril de 1960. Conhecido como “Litti”, ele se tornou um dos grandes símbolos do futebol alemão nos anos 80. Littbarski era conhecido por seu futebol refinado, sua habilidade no drible, sua baixa estatura e estilo diferente do daqueles tempos na seleção alemã, além do famoso senso de humor. Todos esses elementos ajudaram a construir sua fama, fazendo dele um dos jogadores alemães mais queridos de sua geração.
"Acho que tenho um pouco daquilo que os brasileiros possuem. Sempre joguei muito mais com o coração do que propriamente com a razão", resumiu o próprio atleta sobre o seu estilo.
Pelos campos de terra, ruas e pátios da Europa nos anos 80 muitos garotos sonhavam em imitar o craque da seleção alemã. Sua carreira está profundamente ligada ao Colônia. O time era um dos mais fortes do futebol alemão no final dos anos 70 e início dos anos 80. Campeão na temporada 1977/78, o clube contava com nomes de peso na Bundesliga, como o goleiro Harald Schumacher, o artilheiro Dieter Müller e a máquina dinamarquesa chamada Preben Elkjær-Larsen.
Littbarski se juntou a esse grande time e, ao longo dos anos, jogou ao lado de atletas de alto nível como Klaus Allofs, Bernd Schuster, Klaus Fischer, Uwe Bein, Bodo Ilgner, Thomas Häßler, Paul Steiner, entre outros.
Apesar da qualidade dos jogadores que vestiram as cores branca e vermelha, o Colônia conquistou poucos títulos na década de 80. Os anos de Littbarski no clube renderam apenas uma Copa da Alemanha (1982/83) e uma final de Copa da UEFA (1985/86).
Seus maiores feitos aconteceram com a seleção alemã (Nationalelf), pela qual disputou três Copas do Mundo (1982, 1986 e 1990), conquistando o título tão sonhado na terceira tentativa, após ficar com o vice em 1982 e 1986.
Littbarski fez sua estreia na seleção principal em 14 de outubro de 1981, contra a Áustria, em uma partida válida pelas Eliminatórias para a Copa da Espanha em 1982. O técnico Jupp Derwall convocou o jovem do Colônia e o escalou ao lado de Fischer e Karl-Heinz Rummenigge em um ataque de respeito. Em Viena, Littbarski marcou dois dos três gols da Alemanha Ocidental, começando com o pé direito sua trajetória na Mannschaft.
Antes de chegar à seleção principal, ele já brilhava na equipe sub-21, com 18 gols em 21 jogos, conquistando a reputação de artilheiro — algo que Derwall comprovou nas partidas seguintes.
Na Copa do Mundo da Espanha, Littbarski marcou dois gols: um contra a Espanha na segunda fase e outro na semifinal contra a França, em Sevilha, em um empate épico por 3 a 3. Ele também converteu uma das cobranças de pênalti que classificaram os alemães para a final em Madri.
Na final, jogou os 90 minutos, mas, assim como o resto do time, não teve uma boa atuação. A Itália venceu por 3 a 1, e Littbarski só apareceu ao receber um cartão amarelo dois minutos antes do apito final.
A Eurocopa de 1984 foi decepcionante, com a Alemanha sendo eliminada na primeira fase, ficando atrás de Espanha e Portugal. Mas na Copa do Mundo de 1986, no México, os alemães voltaram a brilhar e chegaram novamente à final. Littbarski, no entanto, teve menos destaque e assistiu às semifinais e à final do banco de reservas. O desfecho foi o mesmo de 1982: derrota por 3 a 2, desta vez para a Argentina de Maradona.
Em 1988, a Euro foi disputada na Alemanha Ocidental, o que fez os alemães sonharem com o título continental — já conquistado em 1972 e novamente em 1980. No entanto, Gullit, Van Basten, Rijkaard e companhia eliminaram os anfitriões na semifinal e conquistaram o título com vitória por 2 a 0 em Munique.
A consagração da Alemanha e de Littbarski viria dois anos depois, na Copa do Mundo da Itália. A Mannschaft chegou à sua terceira final consecutiva. Littbarski marcou apenas um gol durante o torneio, no empate em 1 a 1 contra a Colômbia na fase de grupos. A final foi equilibrada: a Alemanha pressionava e a Argentina se defendia. A defesa sul-americana só foi superada quando Rudi Völler sofreu um pênalti a sete minutos do fim. Andreas Brehme converteu e deu à Alemanha Ocidental seu terceiro título mundial.