Com o maior jogador de todos os tempos, o Santos dominou São Paulo, o Brasil, a América do Sul e o mundo. Conhecido como o Santos de Pelé, o time santista do final dos anos 1950 até o fim da década de 1960 foi um dos maiores esquadrões da história do futebol.
Tudo começou em 1958. Depois de ter perdido o título do Paulista de 1957 para o São Paulo, o Santos, que via surgir um menino chamado Pelé, faturou o Paulista de 58 de forma arrasadora.
A campanha santista foi absolutamente espetacular: o time venceu 29 jogos, empatou seis e perdeu três. Mais incrível ainda foi a quantidade de gols marcados: 143 ao longo da campanha. O ataque era formado por Dorval, Jair Rosa Pinto, Pagão, Pelé e Pepe.
Teve goleada por 10 a 0 no Nacional, 9 a 1 no Comercial, 8 a 1 no Guarani e no Ypiranga, 7 a 1 no Juventus. A última e derradeira foi um 7 a 1 sobre o Guarani, com quatro gols de Pelé. O Rei, inclusive, terminou o campeonato com 58 gols, um recorde nunca batido.
Domínio supera fronteiras
O domínio daquele time santista superava fronteiras. Em 1959, o Peixe conquistou o Rio-São Paulo e chegou na final da Taça Brasil, perdendo para o Bahia no jogo desempate.
Outro capítulo importante foi escrito em 1960. O time, campeão paulista naquele ano com 100 gols na campanha e goleadas históricas sobre Corinthians e Palmeiras, faturou o Teresa Herrera, tradicional torneio disputado em solo espanhol, levando a melhor sobre o Botafogo, de Mané Garrincha.
A vingança
Campeão do Paulista de 1960, e com o caneco também no ano seguinte (mais uma vez com mais de 100 gols), o Peixe entrou na Taça Brasil de 1961 já na semifinal. Pobre do América do Rio.
A equipe da Campos Salles fizera grande campanha, eliminando equipes como Cruzeiro e Palmeiras. Mas, contra o Santos de Pelé...
A decisão do finalista ainda precisou de um terceiro jogo porque os cariocas, apesar de terem perdido por 6 a 2 fora de casa, venceram a volta por 1 a 0. Mas no terceiro jogo o Alvinegro Praiano enfiou 6 a 1, com show da dupla formada por Pelé e Coutinho.
Ambos voltaram a brilhar na grande decisão, que foi uma revanche contra o Bahia. Depois de empate em Salvador, o Peixe enfiou 5 a 1 em casa, com três de Pelé e dois de Coutinho. A dupla carregou o Santos ao primeiro título nacional do clube.
Soberania na América e no mundo
O Santos virou uma verdadeira máquina que rompia cada vez mais barreiras. Em 1962, conquistou tudo que disputou: o Paulista, a Taça Brasil e, pela primeira vez, a Copa Libertadores.
No ano do bicampeonato da seleção brasileira, o Santos foi o primeiro brasileiro campeão continental. Líder em um grupo com Cerro Porteño, do Paraguai, e Municipal, da Bolívia, o Santos derrubou na semifinal a Universidad Católica.
Na decisão, teve pela frente o Peñarol, do artilheiro equatoriano Alberto Spencer. Uma vitória para cada lado e decisão no terceiro jogo. Em Buenos Aires, no jogo desempate, Pelé marcou duas vezes e o Peixe venceu por 3 a 0 para se sagrar campeão.
1963 foi ainda mais incrível para o Santos: venceu o Rio-São Paulo, conquistou mais uma Taça Brasil com um agregado de 8 a 0 em cima do Bahia na final e faturou outra Libertadores, dessa vez com a façanha de superar o Boca Juniors, em plena Bombonera.
A seleção que era o Peixe naquele momento superou as barreiras continentais. Em Lisboa, goleou o Benfica, de Eusébio, por 5 a 2, com três de Pelé, um de Pepe e outro de Coutinho, para conquistar o Mundial.
Na temporada seguinte o Peixe voltou a conquistar o mundo ao bater o Milan, de Altafini Mazzola, no Maracanã, e sem contar com Pelé.
Insuperável
O Santos, de Pelé, foi um dos maiores times da história do futebol porque era mais que um time com Pelé: era uma seleção que tinha a sorte de ter o Rei, mas também um Rei que tinha a sorte de ter uma seleção.
1964 foi o ano de outro título paulista, outro do Rio-São Paulo e mais um da Taça Brasil, dessa vez superando o Flamengo na final com um hat-trick de Pelé.
Só em 1966, pela primeira vez desde 1961, alguém conseguiu superar o Peixe na final da Taça Brasil (foi o Cruzeiro, de Tostão e Dirceu Lopes).
Em 1968, ano em que levou mais uma vez o Paulista, o Santos voltou a ser campeão nacional faturando a Roberto Gomes Pedrosa.
O último ano da Era Pelé foi 1969. Campeão paulista, o time conseguiu um feito ainda mais incrível em solo africano: o Santos parou a Guerra do Congo Belga. Um cessar-fogo foi decretado para que todos pudessem ver Pelé e companhia em campo. O fato voltaria a ser repetido na Nigéria.
Ainda em 1969, o Santos conquistou a Recopa Mundial sobre a Inter de Milão, em San Siro. Foi uma das últimas glórias daquela geração. 1970 foi o primeiro ano sem títulos em quase uma década. Pelé ainda seguiria por alguns anos na Vila Belmiro, mas já sem os títulos de outros tempos.