Sob o comando de Carlos Bianchi, e com a chamada "geração Riquelme", o Boca Juniors da virada do século foi um dos maiores times da história do futebol sul-americano, um verdadeiro esquadrão.
A equipe vivia a transição do período em que contou com nomes como Caniggia e Maradona para dar espaço a Riquelme, Pato Abbondanzieri, Rodolfo Arruabarrena, os irmãos Schelotto e Martín Palermo.
Presidido por Maurício Macri, que anos depois se tornaria o presidente da Argentina, o Boca contratou Bianchi em 1997. Na primeira temporada sob o novo comando, o time ficou apenas em sexto no Campeonato Argentino. Mas a revolução Bianchi começou.
O ano da virada
O Boca vira, durante a década de 1990, o River Plate ganhar espaço na Argentina e na América do Sul, assim como fizera o Vélez com o próprio Bianchi.
O treinador, então, armou a equipe em um 4-3-1-2. O Boca tinha equilíbrio na defesa, criatividade no meio e os gols de Martín Palermo no setor ofensivo.
1998 foi o ano da virada. Foi o ano de Palerrmo. Goleador nato, Palermo ficou marcado por gols decisivos, inclusive nos dois clássicos contra o River Plate. Os Xeneize foram campeões do Apertura e do Clausura. Que venha a América....
Donos da América
Na temporada seguinte, o Boca expandiu seu domínio para o continente. Mas não sem passar pelo maior rival, o River Plate. O Superclássico das Américas colocou fogo naquela Libertadores de 2000.
Derrotado em Nuñez, por 2 a 1, o Boca de Bianchi mostrou ao River de Ramón Díaz quem seria o dono da América. Na Bombonera, venceu por 3 a 0, com gols de Delgado, Riquelme e Palermo, o artilheiro dos clássicos.
Depois de derrubar ainda o América do México, o Boca decidiu a Libertadores com o Palmeiras, de Felipão. O Palmeiras de Marcos, Roque Júnior, César Sampaio, Alex...
O 2 a 2 do jogo da Bombonera deu ânimo aos brasileiros, que escolheram o Morumbi como palco do jogo decisivo. Com uma partida impecável do colombiano Óscar Córdoba, o Boca segurou o 0 a 0 e levantou o título da Taça Libertadores na disputa por pênaltis.
O Boca soberano
Bianchi, Riquelme, Palermo e companhia conseguiram recolocar o Boca em evidência na Argentina, na América e no mundo. Ainda em 2000, o time foi a Tóquio e superou o poderoso Real Madrid, com dois gols de Palermo, para conquistar o Intercontinental.
Ano após ano, as conquistas do Boca mostraram que o time estava para ficar no topo do futebol sul-americano. Em 2001, o clube voltou a conquistar a Libertadores, dessa vez com vitória em cima do Cruz Azul, do México, e eliminando na semifinal o Palmeiras.
Um detalhe curioso é a força do time nos pênaltis. Tanto contra os brasileiros quanto diante dos mexicanos, os argentinos só avançaram rumo ao título nas penalidades.
Mais uma vítima brasileira
Bianchi chegou a deixar a Bombonera em 2002, substituído por Óscar Tabárez. Mas o uruguaio não teve sucesso e Bianchi foi chamado de volta logo em seguida.
Em 2003, o Boca fez mais uma vítima brasileira na Libertadores. Aliás, não só uma: apesar do valente Paysandu ter vencido na Bombonera, com gol de Iarley, os Xeneize venceram no Mangueirão, por 4 a 2, para derrubar o Papão nas oitavas de final.
Nesta campanha, o Boca estava sem Riquelme e Palermo, mas com Carlitos Tevez. O novo craque do futebol argentino brilhou e o Boca decidiu o título contra o Santos.
O Peixe, de Diego e Robinho, acabou atropelado, com um agregado de 5 a 1 que acabou consumado com a derradeira vitória argentina no Morumbi.
Os últimos títulos
Ainda em 2003, o Boca, que fora campeão argentino, encerrou a era Bianchi com uma tríplice coroa pela conquista do Intercontinental diante do Milan. E novamente nos pênaltis, após 1 a 1 no tempo normal. Carrasco na Libertadores, Iarley foi para a Bombonera e foi titular na campanha.
A chamada Era Bianchi acabou em 2004. Ainda assim, o time foi vice-campeão argentino, da Libertadores e faturou a Copa Sul-Americana, título que voltaria a conquistar no ano seguinte com o retorno de Palermo, mas dando adeus a Tevez.
A Era Bianchi no Boca deixou legados. Tanto que o clube voltaria a conquistar a Libertadores em 2007, no retorno de Riquelme, e em cima de outro brasileiro, o Grêmio. Deixou ídolos, como os citados. E deixou, claro, muitas taças na Bombonera.