Poucos clássicos no futebol mundial conseguem despertar tanta paixão e rivalidade como Peñarol e Nacional. Quando as duas maiores equipes de Montevidéu se enfrentam, seja por um amistoso ou por alguma rodada do campeonato uruguaio, criam um ambiente único e extraordinário na capital do Uruguai.
Esse duelo pode ser considerado um dos maiores do mundo, tamanha a hegemonia de ambas as equipes dentro do país, já que em 116 edições do torneio nacional, a dupla faturou 97 - com 50 títulos para o Peñarol e 47 para o Nacional - além de somarem, segundo pesquisas, 84% dos torcedores uruguaios.
A rivalidade, inclusive, transcende as fronteiras uruguaias. A dupla conta com o recorde de maior número de participações na Libertadores, maior competição do continente. Ao todo, ambas as equipes estiveram presentes em 47 das 60 edições.
O “Clásico del fútbol uruguayo” ou “El Superclásico”, como é conhecido, foi disputado pela primeira vez no dia 19 de julho de 1900, com vitória de 2 a 0 para Central Uruguay Railway Cricket Club (CURCC), que em 1913 passou a se chamar Peñarol, com isso, o dérbi uruguaio pode ser considerado o mais antigo da história do futebol sul-americano.
Em sua história, o Peñarol foi um clube fundado por imigrantes e dominava boa parte das modalidades esportivas no país. Foi daí que surgiu o Nacional, fundado por um grupo de esportistas que buscavam um clube com uma identidade genuinamente uruguaia, sem a influência de estrangeiros.
Ao longo de toda a história sempre houve equilíbrio entre as equipes. Em relação ao títulos conquistados, há uma vantagem mínima de três taças no Campeonato Uruguaio em favor do Peñarol; o Aurinegro também lidera quando o assunto é Libertadores: são cinco títulos contra três do Nacional. Já no Torneio Intercontinental, hoje conhecido como famigerado Mundial de Clubes, há igualdade de três canecos para cada lado.
Dentre as goleadas no confronto, a maior foi do Nacional, que venceu por um acachapante 10 a 0 em 1941. O maior triunfo do Peñarol aconteceu 12 anos depois, após vitória pelo placar de 5 a 0. Por falar em gols, a artilharia do dérbi fica por conta do argentino Atílio Garcia, maior goleador da história do Tricolor, que marcou 34 gols no clássico.
A maior série invicta pertence ao Nacional. Os Albos ficaram 16 jogos consecutivos sem perder para os arquirrivais, entre os anos de 1971 e 1974. Ao longo desses 120 anos de história, o Superclássico já passou por grandes situações, muitas delas inusitadas.
O famoso "clássico da fuga'' é um dos mais lembrados pela torcida aurinegra. E nem poderia ser diferente. Em uma tarde de muita chuva, o Peñarol trucidou o Nacional ainda no primeiro tempo: dois gols, um banho de bola e duas expulsões do adversário. Resultado: o Nacional não voltou a campo para a segunda etapa da partida, fato que é uma prova de covardia dos tricolores para os torcedores do Peñarol.
É inevitável, em um duelo como esse, não se testemunhar algumas cenas lamentáveis, já que alguns jogadores e torcedores se entorpecem com a tamanha euforia que uma rivalidade dessas acaba criando. Mas clássico é exatamente isso, uma mistura de paixões e sentimentos movidos por uma partida de futebol, e sabemos que não é algo simples, pois tudo isso vai além de um jogo.